ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Produtos Naturais
Autores
Lacerda, H. (UFMA) ; Filho, V. (UFMA) ; Everton, P. (UFMA) ; Oliveira, R. (UFMA) ; Sousa, D. (UFMA) ; Coelho, M. (UFMA) ; Silva, F. (UFMA) ; Borges, J. (UFMA) ; Pereira, V. (UFMA) ; Cardoso, C. (UFMA)
Resumo
Aniba duckei Kostermans é uma espécie nativa da região amazônica, conhecida como pau-rosa. Seu óleo essencial foi extraído, de seus galhos finos, por hidrodestilação. Determinou-se propriedades físicas e químicas. A técnica de cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG/EM) foi empregada para a identificação e quantificação de seus componentes, além de confirmar a presença majoritária do linalol. A concentração deste foi de 89,34% no óleo. Fez-se a aplicação do óleo e do seu padrão, l-linalol, como agente fungicida dos fungos do gênero Fusarium. O maior efeito antifúngico do óleo foi contra o F. oxysporum f. sp. Tracheiphilum, com 74,21% de inibição do crescimento micelial e o maior efeito do padrão foi contra o F. oxysporum f. sp. Passiflorae, com 81,95% de inibição.
Palavras chaves
óleo essencial; atividade fungitóxica; pau-rosa
Introdução
O uso de plantas com o intuito de promover a saúde acompanha a história da humanidade sendo resultado do acúmulo de conhecimentos empíricos ao longo do século (SIMÕES et al., 1998; VICKERS; ZOLLMAN, 1999). A utilização de subprodutos de plantas medicinais tem sido utilizada recentemente no controle de fungos fitopatogênicos devido as suas propriedades fungicidas e como alternativa de substituição por produtos sintéticos. (MATOS, 1997). Vários estudos têm comprovado o efeito de compostos isolados, extraídos de óleos essenciais de plantas, que atuam como fungicidas naturais, inibindo a atividade fúngica, dentre os quais, um número significativo destes constituintes se mostrou eficaz (ABDELGALEIL et al., 2008; CHANG et al., 2008; KORDALI et al., 2008). A utilização de óleos essenciais e extratos de plantas com propriedades antifúngicas constituem-se numa alternativa ecológica promissora, podendo, ainda, ser associadas às demais práticas de manejo de doenças, contribuindo para atender à crescente demanda nacional e internacional por produtos orgânicos (CARVALHO et al., 2003).
Material e métodos
As amostras foram coletadas de três árvores cultivadas na Reserva Florestal Ducke. O óleo foi extraído, por hidrodestilação, em um sistema extrator de Clevenger, acoplado a um balão volumétrico de 6000 mL, numa manta aquecedora. Pesou-se 300g de galhos finos da amostra e adicionou-se 3000 mL de água destilada, mantendo-se a temperatura da manta aquecedora em 100 °C. Após, o óleo foi seco por meio da percolação em Na2SO4 anidro. Essas operações foram realizadas em triplicatas e as amostras foram armazenadas em frascos de vidro sob refrigeração. Densidade: utilizou-se um picnômetro de 1 mL, previamente seco, tarado e aferido, onde adicionou-se e pesou-se o óleo (25ºC); Solubilidade em etanol a 90% v/v: utilizou-se uma solução de etanol/água a 90% (v/v) mantendo-se constante o volume de óleo e adicionando-se proporcionalmente volumes diferentes e crescentes da solução alcoólica até se atingir a completa solubilização; Índice de refração: utilizou-se pipetas de Pasteur para adicionar o óleo diretamente sobre o prisma de Flint do refratômetro, fazendo-se então as leituras. (25°C). A análise química foi feita por CG-EM. Os constituintes foram identificados por comparação dos resultados obtidos com os dados da espectroteca do aparelho e literatura. Na atividade fungitóxica, o óleo foi adicionado ao meio BDA fundente, na presença de inibidor seletivo. A avaliação do crescimento micelial foi feita pela a medição do crescimento radial da colônia em dois eixos ortogonais, e posteriormente calculada a média. A avaliação foi realizada quando a testemunha cobriu totalmente a placa de Petri. O efeito fungicida dos óleos foi verificado retirando-se discos de micélio dos tratamentos onde não houve crescimento fúngico e transferindo-os para placas com BDA sem adição do óleo essencial.
Resultado e discussão
Comparando-se os valores do óleo essencial obtido com os da literatura, os
resultados foram similares. Raul (1953) encontrou em seu trabalho 0,87 g/ml para
densidade, e mesmos valores para solubilidade em etanol a 70% e índice de
refração. Chaar (2000) encontrou densidade igual a 0,89 g/ml, e também, os
mesmos valores de solubilidade em etanol a 70% e índice de refração. Para a
identificação dos compostos separados e detectados na amostra do óleo, utilizou-
se as bases de dados de espectros de massas das espectrotecas NIST105, NIST21 e
WILEY139, e o programa AMSDIS, além de referências como o livro do Adams (ADAMS,
2001) e artigos que apresentaram análises com espectros semelhantes. Para o
linalol, a confirmação também foi pela adição de padrão. O óleo testado promoveu
a inibição do crescimento micelial das espécies Fusarium oxysporum. Ressalta-se
que o componente em maior quantidade no óleo é o linalol, podendo, então,
inferir que essa substância seja responsável pela inibição do crescimento. Em
todos os tratamentos com óleo essencial de Aniba duckei Kostermans houve
diferenciação da testemunha no teste de Tukey a 5% de probabilidade, assim como
no tratamento do seu composto majoritário. Comparando o efeito do óleo com o do
seu padrão, observou-se a diferença estatística para o F. oxysporum f. sp.
Passiflorae. O óleo essencial de pau-rosa teve melhor efeito antifúngico do que
seu padrão, linalol, ao combater o F. oxysporum f. sp. Tracheiphilum e o F.
oxysporum f. sp. Vasinfectum. O maior efeito antifúngico do óleo foi contra o F.
oxysporum f. sp. Tracheiphilum, com 74, 21% de inibição do crescimento micelial.
Conclusões
Foi possível caracterizar o óleo essencial da Aniba duckei Kostermans (Pau-rosa) e diante dos resultados obtidos conclui-se que: as técnicas espectroscópicas confirmaram e identificaram a presença do linalol como componente majoritário, com teor de 89,34%. O presente estudo demonstrou que a espécie Aniba duckei Kostermans forneceu um óleo essencial cujo rendimento foi de 1,93% (m/m), o qual foi considerado de bom valor em relação a extração de outros. Apresentou grande potencial na inibição dos fungos, sugerindo um método de controle alternativo frente atividade antifúngica.
Agradecimentos
Referências
SIMÕES, C. M.O.; SCHENKEL, E. P.; IRGANG, B. E..; STEHMANN, J. R.; MENTZ, L. A.. Plantas da medicina popular no Rio Grande do Sul. 5 ed. Porto Alegre: Editora da Universidade/ UFRGS, 1998.
VICKERS, A.; ZOLMANN, C. ABC of complementary medicine: herbal medicine. Br Med Journal, 319: 1050-1053, 1999.
MATOS, F. J. A. As plantas da farmácia viva. Fortaleza: Ed. Universidade Federal do Ceará, 1997. V1, 57p
ABDELGALEIL, S. A. M. Bioactivity of two major constituents isolated from the essential oil of Artemia judaica L. Bioresource Technology, v. 99, p. 5947-5950, 2008.
CHANG, H. T. Antifungal activity of essential oil and its constituents from Calocedrus macrolepis var. formosana Florin leaf against plant pathogenic fungi. Bioresource Technology, v. 99, p. 6266-6270, 2008.
KORDALI, S. Antifungal, phytotoxic and insecticidal properties of essential oil isolated from Turkish Origanum acutidens nd its three components, carvvacrol, thymil and -cymene. Bioresource Technology, doi: 10.1016/j.biortech.2008.04.048, 2008.
CARVALHO, R. A. Controle agroecológico da fusariose do abacaxi com plantas antibióticas. João Pessoa: EMEPA, 2003. 35p.