ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Produtos Naturais
Autores
Silva, K.L.C. (UFRPE) ; Camara, C.A.G. (UFRPE)
Resumo
O óleo essencial extraído através das folhas da espécie Bauhinia rufa obtido pela técnica de hidrodestilação foi analisado por CG-EM, foram identificados 25 compostos correspondendo a 94,08% do óleo, a classe química predominante foi a dos sesquiterpenos, comum em outras espécies do gênero Bauhinia. O óleo apresentou-se tóxico ao ácaro rajado (Tetranichus urticae Koch) sendo obtida uma CL50 de 32,99µL/mL por contato residual, a qual foi similar ao controle positivo, eugenol.
Palavras chaves
Bauhinia; óleo essencial; ácaro rajado
Introdução
Os óleos essenciais (OEs) são substâncias voláteis produzidas pelo metabolismo secundário de plantas e vêm se tornando uma fonte promissora na descoberta de novos produtos no controle de pragas como o ácaro rajado (Tetranychus urticae Koch), uma importante praga que ataca tanto em ambientes fechados quanto no campo uma grande variedade de culturas de valor nutricional e ornamental. As formas de controle dessa praga são feitas através de inimigos naturais e aplicação de inseticidas sintéticos. Porém, o controle químico é o mais utilizado. A utilização contínua e excessiva desses produtos possibilita a ocorrência de efeitos adversos, contaminando o meio ambiente e promovendo toxicidade aos mamíferos (GONÇALVES et al., 2001), além de promover populações resistentes. Neste estudo foi testado o potencial acaricida frente ao ácaro rajado e determinada a composição química do óleo essencial obtido a partir das folhas da espécie Bauhinia rufa Steud, conhecida popularmente como pata de vaca devido ao formato de suas folhas, sendo esta bastante usada na medicina popular para o controle de infecções e diabetes.
Material e métodos
O óleo essencial das folhas da B. rufa foi obtido por hidrodestilação utilizando um aparelho de vidro do tipo Clevenger modificado. O óleo foi tratado com Na2SO4 anidro e armazenado a ±5°C em frascos de vidro vedados. O mesmo foi analisado através da Cromatografia Gasosa Acoplada à Espectrometria de Massas (CG-EM), todo experimento foi realizado em triplicata. Os compostos foram identificados com base na comparação dos índices de retenção calculados com referência a uma série homóloga de C11-C24 de n-alcanos calculada utilizando a equação de Van Den Doll & Kratz (1963) com os disponíveis na literatura (ADAMS, 2007). O potencial acaricida foi avaliado através do experimento de contato residual (MIRESMAILLI & ISMAN, 2006). Os resultados obtidos foram comparados com o eugenol, usado como controle positivo. Os dados de mortalidade foram submetidos à análise de Probit e a concentração letal (CL50) foi estimada utilizando o programa POLO – PC (LEORA, 1987).
Resultado e discussão
O rendimento do óleo essencial das folhas obtido a partir de B. rufa foi (0,37±0,04%). Através da análise de CG-EM, foi possível identificar no óleo das folhas da B.rufa 25 compostos correspondendo a 94,08% do óleo, sendo os constituintes majoritários o (E)-cariofileno (14,81%), epi-α-cadinol (12,85%) e trans-cadina-1(6),4-dieno (12,23%), sendo a classe química predominante a dos sesquiterpenos (Figura 01). Relatos da composição química de outras espécies do gênero Bauhinia, mostram a classe dos sesquiterpenos como predominantes nos seus óleos essenciais, obtidos a partir da matriz foliar (DUARTE-ALMEIDA et al., 2004; DA SILVA-GOIS et al., 2011; GRAMOSA et al., 2009).
Através do experimento de contato residual, o óleo essencial apresentou forte toxidade ao ácaro rajado, o qual foi similar ao controle positivo (eugenol). A CL50 estimada para o óleo essencial da B. rufa foi de 32,99µL/mL.
Cromatograma do óleo essencial das folhas da espécie Bauhinia rufa com as estruturas dos constituintes majoritários e seus percentuais no óleo.
Conclusões
A classe química predominante no óleo de B.rufa corrobora com a de outras espécies do gênero Bauhinia. O óleo por ter apresentado toxicidade por contato residual similar a apresentada pelo controle positivo (eugenol) é promissor para uso como princípio ativo em formulações de acaricidas naturais para o manejo dessa praga. No entanto, novos estudos devem ser realizados para avaliar sua ação sobre inimigos naturais dessa praga.
Agradecimentos
A Deus, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e à Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE).
Referências
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