AVALIAÇÃO DE COMPOSTOS AMINADOS E FENÓLICOS NATURAIS COMO INIBIDORES DE CORROSÃO DO AÇO CARBONO

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Ferreira Junior, J.M. (UFC) ; Barros, A.S. (UECE) ; Silva, M.G.V. (UFC) ; Silva, R.C.B. (UECE) ; Morais, S.M. (UECE)

Resumo

O presente estudo relata o potencial inibidor de corrosão dos extratos etanólicos de folhas e galhos de Senna cana, Senna pendula e Zanthoxylum syncarpun Tull. Para tanto, recorreu-se a prospecção fitoquímica, polarização linear potenciodinamica(PLP), testes de imersão e análises por microscopia eletrônica (MEV) e energia dispersiva de raios-x(EDX). A PLP, associada a testes de imersão em HCl 0,1M mostrou que os aminados apresentaram desempenho superior. A atividade antioxidante, obtida a partir de métodos do sequestro de radical DPPH e Inibição de β-Caroteno mostrou-se no sentido inverso à inibição de corrosão. As análises de MEV e EDX mostraram que houve adsorção de extrato na superfície do aço e diminuição de produtos de oxidação em todos os extratos, com ênfase nos aminados.

Palavras chaves

Corrosão; Inibidores; produtos naturais

Introdução

A busca por inibidores de corrosão ambientalmente amigáveis é, sem dúvida, uma necessidade atual, tendo em vista que os mais utilizados na indústria são tóxicos e caros. Dentre estes, têm se destacado o uso dos inibidores orgânicos, que atuam formando um filme protetor na interface metal-meio corrosivo, cuja eficiência depende das características químicas do composto, bem como, das condições de interação meio-metal (ABDEL-GARBER, 2009). As principais vantagens destes está relacionado com a disponibilidade, baixo custo de obtenção e caráter renovável (ABDULLAH DAR,2011). Muitos trabalhos têm apresentado aminas como eficientes protetores anticorrosivos em metais, onde, afim de contribuir para o desenvolvimento de produtos naturais como inibidores de corrosão metálica (WANDERLEY NETO, 2004; LEBRINI, M. 2011). Uma das principais atribuições à doenças degenerativas como Alzheimer, Parkinson, diabetes e câncer podem surgir em decorrência de danos causado por substâncias radicalares, que podem levar à disfunção das células. O papel dos antioxidantes é bloquear as reações de oxidação e oferecer proteção às membranas e outras partes das células(Bianchi, 1999). Contudo, o presente projeto visa investigar a ação de inibição de corrosão e atividade antioxidante, bem como verificar a relação entre estas duas variáveis, em compostos aminados e fenólicos extraídos de espécies vegetais nativas da flora nordestina do Brasil.

Material e métodos

A coleta de material vegetal (Zanthoxylum syncarpum Tull - folhas e caule) foi realizada no campus da Universidade Estadual do Ceará (UECE)- Fortaleza, Ceará, enquanto as espécies do gênero Senna, foram coletadas na serra das almas(Rio das Contas, Bahia). Inicialmente foram preparados os extratos etanólicos das folhas e dos galhos para as três espécies, onde estes foram triturados e colocados para secar a 40°C. Subsequentemente, este material foi moído e colocado em etanol comercial (70%) por mais sete dias. Em seguida, o solvente foi removido a partir de um evaporador rotativo, obtendo-se o extrato etanólico das folhas e galhos de limãozinho (EEFL e EEGL)e de Senna Cana e Senna Pendula (EESCG, EESCF, EESPG, EESPF). A determinação dos metabólitos secundários foram obtidas de acordo com Matos (2009). O teor de fenóis foi determinado por espectrofotometria utilizando o reagente Folin-ciolcateu (SOUSA et al, 2007). A determinação da atividade antioxidante foi feita seguindo Yepez et al (2002), onde 0,1 mL de solução de metanol da amostra foi adicionado a um tubo de ensaio contendo 3,9 ml de 6.5x10-5 M de solução metanólica de DPPH. Após 1 h, a absorbância da mistura foi medida a 515 nm e o percentual de inibição foi calculado. Para os teste de imersão foi utilizado aço carbono 1020, os corpos de prova, com área de 1 cm², foram tratados com lixa de carbeto de silício, lavados com água destilada, secos em estufa a 100ºC por 10 minutos e imersos em 4 mL de HCl 0,1 M e 1 mL de solução de metanol dos extratos a 1000 ppm (20%). Pesou-se as massas dos corpos antes e depois dos tempos: 1h, 4h, 10h, 15h e 24h. A perda de massa foi obtida a partir de balança analítica com precisão de 0,0000g. A composição dos revestimento obtido foi analisados por MEV e EDX.

Resultado e discussão

As prospecções fitoquímicas revelaram que as espécies do gênero Senna apresentam substâncias fenólicas, como as antraquinonas e flavonóides, e o Zanthoxylum syncarpum Tull, relevantes concentrações de Compostos aminados Alcaloídicos. A PLP, associada a testes de imersão em HCl 0,1 mol.L-1, mostrou que os compostos aminados (Limãozinho) apresentam valores inibidor de corrosão de 95,5 ± 0,167 % em relação aos fenólicos, enquanto os fenólicos, 91,4 ± 0,245 % para a Senna Pendula, e 91,1 ± 0,681% para a Senna Cana, mostrando uma significativa atividade de inibição para os aminados. Segundo a literatura, esta superioridade pode estar relacionada com a presença de compostos orgânicos com átomos de O,N e S na sua estrutura. As análises obtidas por MEV e EDX mostraram uma redução nos produtos de corrosão das amostras submetidas aos extratos aminados. Os extratos Fenólicos apresentaram uma relevante atividade antioxidante IV50 = 0,24 ± 0,003 EESP, 0,29 ± 0,019 EESC, enquanto o limãozinho apresentou concentrações bem superiores: IC 50 = 2,23 ± 0,076 quando comparados ao padrão Quercetina, o que significa que esta fração possui uma maior capacidade sequestradora de radicais livres, sendo este resultado associado ao sinergismo das substâncias presentes. Os resultados de atividade antioxidante obtidos neste ensaio estão associados diretamente aos compostos fenólicos presentes nos extratos das folhas e galhos, pois a presença desta classe de biomolécula está diretamente relacionada com a inibição de oxidação por radicais livres (DUARTE-ALMEIDA, 2006; CUYCKENS, 2004).

Conclusões

Os compostos aminados alcaloídicos derivados do limãozinho mostraram-se promissores na inibição à corrosão, contudo,existe a necessidade de testes complementares para verificação do tipo de interação metal-extrato. Em sentido contrário, os composto fenólicos, como já era de se esperar, apresentaram valores significativos de atividade antioxidante, provavelmente em correlação aos flavonóides. Vale-se ressaltar que inexistem publicações relatando estas propriedades sobre estes gêneros de Senna. O presente trabalho mostrou que não há correlação entre atividade antioxidante e inibição à corrosão.

Agradecimentos

Capes e CNPQ

Referências

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SOUSA, C.M.M., SILVA, H.R., VIEIRA-Jr, G.M. AYRES, M.C.C., COSTA, C.L.S., ARAÚJO, D.S., CAVALCANTE, L.C.D., BARROS, E.D.S., ARAÚJO, P.B.M., BRANDÃO, M.S., CHAVES, M.H.; Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Quim. Nova, V. 30, N. 2, 351-355, 2007.
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YEPEZ, B.; ESPINOSA, M.; LOPEZ, S.; BOLANOS, G.; Producing antioxidant fractions from herbaceous matrices by super-critical fluid extraction.FluidPhaseEquilibria, v.194, p.879-884, 2002.

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