ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Produtos Naturais
Autores
Barros, A.S. (UECE) ; Morais, S.M. (UECE) ; Alexandre, J.B. (UECE) ; Vieira, L.G. (UECE) ; Ferreira Junior, J.M. (UFC) ; Menezes, J.E.S.A. (UECE) ; Sousa, H.A. (UECE)
Resumo
A região Nordeste recebe muita insolação e as plantas nas suas defesas naturais produzem antioxidantes para a sua proteção e principalmente aquelas mais resistentes. Dessa forma, este trabalho objetivou determinar o teor de fenóis totais, a atividade antioxidante frente ao radical DPPH e a ação anticolinesterásica de extratos da folha da M. indica (mangueira) e da fava da D. gardneriana (Fava d’anta). Os resultados mostraram um teor significativo de fenóis nos extratos. A boa atividade antioxidante dos extratos foi observada com IC50 próximos do padrão e uma elevada ação anticolinesterásica foi evidenciada com halos de inibição da enzima semelhantes ao do controle.
Palavras chaves
fenóis totais; antioxidante; anticolinesterásica
Introdução
A utilização de extratos vegetais na medicina ocorre desde os primórdios da humanidade civilizada. A fitoterapia, terapia medicinal em que se utilizam produtos naturais, é bastante e difundida na medicina popular. A busca por substâncias de ocorrência natural que possuam atividade biológica tem como importante aliada a fitoterapia utilizada pela medicina popular. A descoberta de propriedades importantes relacionadas à fitoterapia se baseia na elucidação de atividades biológicas relacionadas aos tipos de fitoquímicos, classes de metabólitos secundários presentes em plantas e animais. Dentre as classes de metabólitos secundários, os compostos fenólicos, como taninos, flavonóides, antocianinas, entre outros, despertam o interesse da comunidade científica devida suas propriedades bioquímicas. Assim, conhecer as propriedades químicas e biológicas dos recursos vegetais presente na região surge como importante ferramenta para descoberta de novas substâncias ativas. Orientando, assim, o objetivo deste trabalho, que foi determinar o teor de fenóis totais, a atividade antioxidante frente ao radical DPPH e a ação anticolinesterásica de extratos da folha da M. indica (mangueira) e da fava da D. gardneriana (Fava d’anta).
Material e métodos
A coleta de material foi realizada em Fortaleza e região do Carirí, Ceará (Brasil). O teor de fenóis totais foi determinado por espectrofotometria utilizando o reagente Folin-ciolcateu pesando-se 7,5 mg do extrato e dissolvendo em metanol, em seguida transferiu-se para um balão volumétrico de 25 mL e completando o volume total com metanol. Retirou-se dessa solução uma alíquota de 100 µL colocando em um balão de 10 mL acrescentando em seguida 500 µL de Folin – Ciocalteu e agitando por 30 segundos, depois adicionou-se 6 mL de água destilada e 2 mL de Na2CO3 à 15%, agitando por mais 1 minuto. Completou-se o volume do balão com água destilada e mantendo a mistura no escuro por duas horas. Observada a absorbância a 750 nm (SOUSA et al, 2007). A determinação da atividade antioxidante foi feita seguindo Yepez et al (2002), onde 0,1 mL de solução de metanol da amostra (10.000-1 ppm) foi adicionado a um tubo de ensaio contendo 3,9 ml de 6.5x10-5 M de solução metanólica de DPPH. Após 1 h, a absorbância da mistura foi medida a 515 nm e o IC50 foi calculado. A inibição da enzima acetilcolinesterase (AchE) foi avaliada por TLC, em como descrito por Elmann, adaptado por Rhee et al (2001). A enzima acetilcolinesterase foi dissolvida na solução tampão para fazer uma solução estoque de 1000 U/mL. Deixou-se a enzima na solução por 20 minutos, e em seguida agitou-se por um tempo de 20 minutos para homogeneizar a solução. Diluiu-se para 3 U/mL. O iodeto de acetilcolina (ACTI) foi dissolvido em água mili-q para obter uma concentração de 1 mM. A amostra dissolvida em diclorometano ou metanol e foi aplicada na cromatoplaca, sendo borrifada soluções de DTNB e ACTI, após 3 minutos, com ela seca, borrifou-se a enzima AChE 3 U/mL. Passados 10 minutos observou-se a formação dos halos.
Resultado e discussão
O teor de fenóis totais, determinado em relação a uma curva de calibração com
ácido gálico, foi de 29,32 ± 3,08 % de EAG / g do extrato para a fava da D.
gardneriana e 23,08 ± 2,09 % de EAG / g do extrato para as folhas da M. indica,
demostrando assim um significativo teor de fenóis. A atividade antioxidante dos
extratos foi bastante relevante. O extrato das folhas da M. indica apresentou
uma boa atividade antioxidante com IC50 de 0,076 ± 0,001 mg / mL, esta forte
ação antioxidante deve está relacionada à presença da mangiferina (fig. 1)
(Barreto et al; 2008), importante fenólico presente nas folhas da planta. O
extrato da fava da D. gardneriana, que possui a rutina e a isoquercetrina (fig.
2) como principais fenólicos (Landim, Feitoza & Costa; 2013), apresentou IC50 de
0,208 ± 0,001 mg / mL, bem maior que o padrão de quercetina usado para
comparação, com IC50 de 0,066 ± 0,001 mg / mL. A ação anticolinesterásica dos
extratos foi forte, com halo de inibição de 0,8 cm para o extrato da fava da D.
gardneriana, maior que da rutina, relatada por Vila-Nova et al (2012), e de 0,9
cm para o extrato das folhas da M. indica, o que já era esperado uma vez que, de
acordo com Sethiya & Mishra (2014), a mangiferina possui uma potencial ação
inibitória da enzima acetilcolinesterase. Estes valores são considerados
expressivos quando comparado com o controle padrão, a fisostigmina com halo de
inibição de 0,9 cm. Estas atividades podem ser atribuídas devido à presença do
anel polifenólico na estrutura dos principais metabólitos dos extratos.
Estrutura da mangiferina
Estrutura da Rutina (R=a) e Isoquercetrina (R=b)
Conclusões
Os extratos de D. gardneriana e M. indica apresentaram um considerável teor de fenóis, com percentuais pouco acima de 20%. A atividade antioxidante dos extratos foi melhor para o extrato da folha da M. indica, provavelmente devido à presença da mangiferina. Os extratos apresentara uma forte ação de inibição da acetilcolinesterase, com halos de inibição similares ao do padrão fisostigmina. A presença de compostos fenólicos em geral está associada à defesa da planta ao meio. A produção desses compostos pode está relacionada à defesa do vegetal à intensidade solar típica da região.
Agradecimentos
Universidade Estadual do Ceará (UECE); Mestrado Acadêmico em Recursos Naturais (MARENA); FUNCAP.
Referências
BARRETO, J.C.; TREVISAN, M.T.S.; HULL, W.E.; ERBEN, G.; BRITO, E.S.; PFUNDSTEIN, B.; WURTELE, G.; SPIEGELHALDER, B.; OWEN; R.W. Characterization and Quantitation of Polyphenolic Compounds in Bark, Kernel, Leaves, and Peel of Mango (Mangifera indica L.). J. Agric. Food Chem. v. 56, p. 5599–5610, 2008.
LANDIM, L.P.; FEITOZA, G.S.; COSTA, J.G.M. Development and validation of a HPLC method for the quantification of three fl avonoids in a crude extract of Dimorphandra gardneriana. Brazilian Journal of Pharmacognosy. 23(1), p. 58-64, Jan./Feb. 2013
RHEE, I. K.; MEENT, M. V.; INGKANINAN, K.; VERPOORTE, R.; J. Chromatogr., A, 2001, 915, 217.
SETHIYA, N.K.; MISHRA, S.H. Investigation of Mangiferin, as a Promising Natural Polyphenol Xanthone on Multiple Targets of Alzheimer's Disease. J. of Biologically Active Products from Nature. V. 4, Issue 2, p.111-119, 2014.
SOUSA, C.M.M., SILVA, H.R., VIEIRA-Jr, G.M. AYRES, M.C.C., COSTA, C.L.S., ARAÚJO, D.S., CAVALCANTE, L.C.D., BARROS, E.D.S., ARAÚJO, P.B.M., BRANDÃO, M.S., CHAVES, M.H.; Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Quim. Nova, V. 30, N. 2, 351-355, 2007.
VILA-NOVA, N.S.; MORAIS, S.M.; FALCÃO, M.J.C. BEVILAQUA, C.M.L.; RONDON, F.C.M.; WILSON, M.E.; VIEIRA, I.G.P.; ANDRADE, H.F. Leishmanicidal and cholinesterase inhibiting activities of phenolic compounds of Dimorphandra gardneriana and Platymiscium floribundum, native plants from Caatinga biome. Pesq. Vet. Bras. 32(11), p. 1164-1168, 2012.
YEPEZ, B.; ESPINOSA, M.; LOPEZ, S.; BOLANOS, G.; Producing antioxidant fractions from herbaceous matrices by super-critical fluid extraction. Fluid Phase Equilibria, v.194, p.879-884, 2002.