ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Produtos Naturais
Autores
Lima, A.C. (UEPA) ; Silva, L.O. (DOCENTE DA UEPA)
Resumo
As plantas medicinais são utilizadas frequentemente por automedicação para a cura ou prevenção de várias doenças, porém a maioria delas possuem substâncias potencialmente toxicas. Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo elencar as plantas medicinais que são comercializadas na feira livre de Cametá-Pa, e dentre elas destacar quais apresentam toxidade à saúde humana. A partir do reconhecimento da espécie botânica indicada pelo comerciante, buscou-se identificar o perfil fotoquímico dessas plantas por bases eletrônicas de dados: ScienciDirect, SciFinder bem como a base de dado da CAPES. Os resultados revelaram que das 40 espécies de plantas medicinais mais comercializadas como medicinais na feira livre, 24 delas possuem em seu uso efeitos tóxicos.
Palavras chaves
Plantas Medicinais; Etnobotânica; Toxidade
Introdução
De acordo com a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (2009), as plantas desde muito tempo são utilizadas em práticas populares e tradicionais como remédios caseiros e comunitários, o que resulta em um acúmulo considerável de conhecimentos. No entanto, as pesquisas referentes ao uso terapêutico dessas plantas afirmam que apesar de serem, popularmente, consideradas como terapêuticas, frequentemente possuem propriedades tóxicas desconhecidas pela população. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas (Sintox, 2014), no período de 2004 a 2011 foram registrados 12.636 casos de intoxicação por plantas no Brasil. Destas intoxicações encontra-se as relacionadas a circunstâncias em que a vítima buscava propriedades farmacológicas. Desta forma, o objetivo deste trabalho, de caráter exploratório, foi realizar o levantamento das plantas que são comercializadas como medicinais e verificar quais apresentam características toxicológicas.
Material e métodos
A pesquisa realizou-se na feira livre do município de Cametá-PA, no período de março a junho de 2014. A coleta de dados ocorreu através da observação direta e formulário semiestruturado aplicado aos comerciantes para seleção do elenco das espécies vegetais comercializadas como medicinais. Após a obtenção dessas informações, ocorreu a tabulação dos dados das quarenta plantas mais comercializadas, caracterizando-as pelo nome científico, parte utilizada, indicações terapêuticas, e efeitos adversos e/ou tóxicos, por meio de um levantamento bibliográfico nos periódicos Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Journal of Ethnopharmacology, banco de dados do Horto Didático de Plantas Medicinais do Hu e DataPlamt.
Resultado e discussão
No levantamento realizado foram registradas 110 tipos de plantas com utilização medicinal comercializada na feira de Cametá. Dentre essas plantas selecionaram-se as quarenta mais comercializadas para servirem como objeto de estudo. Por meio das pesquisas bibliográficas observou-se que neste grupo 24 espécies apresentam características tóxicas, que são elas: Arnica (Arnica montana); Arruda (Ruta graveolens); Alcachofra (Cynara scolymus); Babosa (Aloe vera); Boldo (Peumus boldus); Carqueja (Baccharis trimera); Camomila (Matricaria recutita); Capim limão (Cymbopogon citratus); Catinga de Mulata (Tanacetum vulgare); Comigo ninguém pode (Dieffenbachia picta); Confrei (Symphytum officinale); Erva cidreira (Melissa officinalis); Eucalipto (Eucalyptus globulus); Cáscara Sagrada (Rhamnus purshiana); Espinheira Santa (Maytenus ilicifolia); Ipê roxo (Tabebuia avellanedae); Jatobá (Hymenaea courbaril); Mamona (Ricinus communis); Noni (Morinda citrifolia); Sabugueiro (Sambucus nigra); Salvia (Salvia officinalis); Sene (Senna alexandrina); Unha de gato (Uncaria tomentosa) e Urtiga (Urtica dioica), que são vistas pelos consumidores como plantas benéficas e inofensivas à saúde humana.
Outro resultado relevante mostra que apenas 20, do total de 40 plantas medicinais mais comercializadas na feira livre de Cametá, estão inclusas na listagem da Resolução – RDC - Anvisa Nº 10 (2010). Sendo assim, fica clara a necessidade de fazer um trabalho de conscientização junto à comunidade cametaense quanto ao risco do uso inadequado dessas plantas, promovendo assim o uso consciente, sem que haja uma perda da cultura tradicional da medicina popular.
Conclusões
As informações obtidas a respeito da comercialização e uso de plantas medicinais em uma determinada região contribui como método para levantamento de recursos terapêuticos próprio de uma comunidade, possibilitando sistematizar o acervo terapêutico da região, bem como para elaboração de ações de apoio assistencial e tecnológico permitindo a obtenção de informações a cerca dos beneficio e toxidades a saúde humana.
Agradecimentos
A Deus, orientadora Luely Oliveira da Silva e comerciantes da feira livre de Cametá-PA.
Referências
BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política Nacional De Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos Departamento de Assistência Farmacêutica. Série B. Textos Básicos de Saúde. Brasília – DF, 2006.
RESOLUÇÃO - RDC Nº 10, DE 9 DE MARÇO DE 2010 Disponível em: < http://189.28.128.100/dab/docs/legislacao/resolucao10_09_03_10.pdf> Acessado em: 23 jun. 2014.
SINITOX (Sistema Nacional de Informações TóxicoFarmacológicas), Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz. Estatística anual de casos de intoxicação e envenenamento. Disponível em: < http://www.fiocruz.br/sinitox >. Acesso em: 29 jun.2014.