Uso de Produtos Naturais Biotecnológicos para Recuperação de Efluentes da Região Sul da Cidade de Fortaleza – CE

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Vieira Neto, A.E. (UFC) ; Alcantara, A.R.C. (UECE) ; Figueira, R.V.C. (UNIFOR) ; Barros, J.F. (UNIFOR) ; de Oliveira, G. (UNIFOR)

Resumo

Tratando-se de meio ambiente e a degradação dos efluentes, os resíduos industriais são as principais fontes de contaminação de rios e demais mananciais com metais pesados. Tais substâncias depositam-se no solo e aquíferos, representando um estoque de contaminação para a fauna e a flora aquática. A lagoa de Messejana é uma área da APP irregularmente ocupada, desprovida de sistema de tratamento. Realizou-se análises físico-químicas e microbiológica de água, para desenvolver uma metodologia à base de quitosana, alginato e galactomana para recuperação e purificação de águas residuais. Preparou-se esferas com os carboidratos. Seguiram-se ensaios de adsorção. As esferas recobertas com galactomanana apresentaram melhor adsorção dos metais. Os coliformes confirmaram que a lagoa está eutrofizada.

Palavras chaves

lagoa de Messejana; esferas; adsorção

Introdução

Quando tratamos de meio ambiente e focamos nos efluentes, é possível verificar que o despejo de resíduo industrial é a principal fonte de contaminação das águas dos rios e demais mananciais com metais pesados. Podem ser citadas as indústrias metalúrgicas, de tintas, de cloro e de plástico PVC, entre outras. O perigo está no solo, na água e no ar. Quando absorvidos pelo ser humano, os metais se depositam no tecido ósseo e gorduroso e deslocam minerais nobres dos ossos e músculos para a circulação provocando doenças. Por outro lado, o consumo habitual de água e alimentos - como peixes de água doce ou do mar – contaminados com metais pesados coloca em risco a saúde. Estas substâncias tóxicas também se depositam no solo ou em corpos d'água de regiões mais distantes devido à movimentação das massas de ar ou através dos aqüíferos. Além disso, os metais contidos nos tecidos dos organismos vivos acabam também se depositando, cedo ou tarde, nos sedimentos, representando um estoque permanente de contaminação. A lagoa de Messejana é uma área da APP irregularmente ocupada desprovida de sistema de tratamento dos efluentes para os rejeitos que são lançados na lagoa. A utilização da lagoa é variada e sua importância é grande para a região. O lugar é muito utilizado para lazer e pesca. A atividade pesqueira é desenvolvida pelos moradores locais e provenientes de outros bairros, muitos são os aportes antrópicos realizados na referida lagoa. Neste contexto, a pesquisa prioriza o desenvolvimento de bioprocessos para a recuperação de mananciais, visando à otimização sustentável de resíduos oriundos da carcinicultura/agroindústria produzidos no Nordeste, em especial, da costa do Ceará, possibilitando o aperfeiçoamento de tecnologias de ponta, com ênfase a sustentabilidade do meio ambiente.

Material e métodos

Inicialmente, realizaram uma primeira visita a campo para detectar fontes de eutrofização do manancial, posteriormente com auxílio de uma embarcação e com aparelho de GPS foram determinados os pontos de coleta das águas. Com a primeira coleta obteve-se o índice de transparência, com o auxílio de um disco de Secchi (ESTEVES, 2011). Os parâmetros analisados: pH, temperatura, dureza, coliformes totais (CT, ou termotolerantes) e coliformes fecais (CF ou E.coli segundo CONAMA (2005)) e cálcio, alcalinidade, cloretos dados não apresentados. As etapas de adsorção consistiram na preparação dos géis de alginato 1%, galactomanana 1% e quitosana 4%. Com as esferas sintetizadas houve a imersão destas em gel de galactomanana 1%. Posteriormente, as esferas foram reticuladas com soluções de glutaraldeído e epicliridrina. Após, seguiram ensaios de adsorção em batelada agitada. Estas foram deixadas em contato overnight com soluções de metais: Zn, Fe, Pb, Cr. As taxas de adsorção forma obtidas por volumetria de massa.

Resultado e discussão

Comparando os resultados com os padrões estabelecidos por Esteves (1998) a lagoa se apresenta bastante eutrofizada, com presença elevada de húmus e elevada túrbidez, pois o K (Índice de atenuação vertical) variou de 0,85 à 6,071. Devido aos aportes antrópicos difusos, as demais coletas foram restringidas aos pontos 1, 2, 3, que correspondem ao ponto de coleta “Escadinha”, o “Píer” e “Admirando Iracema”. A temperatura média da água foi 28ºC e seu pH ficou em torno de 10, em anos anteriores era pH 8,04 (LOPES et al., 2007). A nível microbiológico, foi possível perceber que o ponto 2 (Píer), apresentou pico de coliformes fecais, com variação na média de coliformes fecais, 8,69.10³/100mL e 3,05.103/100mL em 2013 e 2014, respectivamente. Neste ponto próximo ao píer da lagoa, é visível uma rede de esgotos que despejam dejetos diretamente na lagoa, provocando um odor forte. Com relação à capacidade de adsorção de metais, há referências de trabalhos realizados, utilizando principalmente dois tipos de adsorventes microporosos: zeólitas e carvões ativados. Sabe-se que um grande volume de microporos, altas áreas superficiais e diâmetros médios de poros menores (entre 8 e 15 Å) individualmente tendem a favorecer o aumento da eficiência do adsorvente. Utilizando a titulometria com análises de dureza antes e depois do metal ser adsorvido pela esfera obtivemos as taxas de adsorção. É possível verificar que os ensaios com esferas de quitosana 4% e quitosana 4% coberta com galactomanana 1% apresentaram os resultados mais promissores para a adsorção de Cr. Enquanto o Zn foi melhor adsorvido pelas esferas de alginato 1% e alginato1% coberta com galactomanana1%, respectivamente. De forma similar foi adsorção do Pb e do Fe.

Conclusões

Conclui-se que a Lagoa de Messejana, continua imprópria para banho e para a pesca. Apesar da preocupação da população local com a lagoa, ainda há um descuido por parte dos mesmos, além dos problemas antrópicos que a urbanização trás. Por ser uma APP é inaceitável haver despejo de esgoto em uma área que deve ser preservada. Com relação aos estudos de adsorventes para recuperação da lagoa, ficou claro que as esferas são promissoras para purificação de metais pesados seja qual o biopolímero utilizado, e que a galactomanana juntamente com a reticulação intensificou o rendimento do processo.

Agradecimentos

Referências

ESTEVES, F. de A. Fundamentos de Limnologia. 2a. Ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2011.

CONAMA, Resolução Nº 357 de 17 de março de 2005. Estabelece classificação das águas doces, salobras e salinas do Brasil. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 2005

LOPES, F.C.; SILVA, A.K.S.; FEITOSA, V.E.N.; DYNA, L.S.,Avaliação comparativa do preocesso de poluição de uma lagoa urbana de Fortaleza – Ce - Lagoa de Messejana. Anais do II Congresso de Pesquisa e Inovação da Rede Norte Nordeste de Educação Tecnológica, João Pessoa – PB – 2007

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