Análise da capacidade antioxidante do extrato de Cordia salzmannii por DPPH e FRAP

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Acácio, R.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS) ; Melo, I.S.V. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS) ; Santos, A.F. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE ALAGOAS) ; Santana, A.E.G. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS)

Resumo

O estresse oxidante está envolvido em muitas doenças, tais como o câncer, doenças do coração, catarata e doença de Alzheimer. Um antioxidante é uma molécula que diminui ou impede a oxidação de substâncias químicas. Ela desempenha um papel importante como fator de proteção à saúde. A busca por fontes naturais de antioxidantes com baixa citotoxicidade aumentou dramaticamente ao longo dos anos. O presente estudo tem como objetivo investigar a capacidade antioxidante do extrato de Cordia salzmanni, por diferentes métodos, popularmente conhecida como Maria preta, planta nativa do nordeste brasileiro, e utilizada na medicina popular.

Palavras chaves

estresse oxidante; doenças; produtos naturais

Introdução

Atualmente tornou-se consenso que antioxidantes dietéticos podem estimular as defesas corporais e ajudar a evitar que componentes celulares sejam danificados pela ação dos compostos oxidantes, naturalmente formados no corpo e de produção induzida por componentes do ambiente (Halliwell, 1989; Evans; Halliwell 2001). Os antioxidantes, têm sido amplamente utilizados na indústria de alimentos, por exemplo, para prolongar a vida de prateleira. No entanto, sabe-se que alguns antioxidantes sintéticos como butilhidroxianisol e butilhidroxitolueno (BHA e BHT, respectivamente) precisam ser substituídos por antioxidantes naturais, uma vez que estes podem causar potenciais riscos à saúde e toxicidade (Kahl; Kappus, 1993). A busca por antioxidantes de fontes naturais tem recebido especial atenção, e esforços tem sido realizados no sentido de identificar novos recursos naturais que possuam compostos antioxidantes ativos. A ideia é que no futuro próximo, muito mais antioxidantes que ocorrem naturalmente, em plantas ou alimentos, que tragam benefícios à saúde, como nutracêuticos, possam ajudar a prevenir o dano oxidativo que ocorre no corpo e que estes possam ter seu consumo incentivado (Dudonné et al., 2009). Portanto o objetivo do presente trabalho foi investigar a capacidade antioxidante do extrato de Cordia salzmanni, por diferentes métodos, popularmente conhecida como Maria preta, planta nativa do nordeste brasileiro, e utilizada na medicina popular. O extrato de Cordia salzmanni foi testado para atividade antioxidante segundo o método colorimétrico que utiliza o radical livre DPPH (2,2-diphenyl-1- picrylhydrazyl)e FRAP (Ferric Reducing Ability of Plasma) que utiliza o poder redutor do ferro como quantificador da atividade antioxidante.

Material e métodos

O método DPPH foi realizado utilizando uma microplaca de 96 poços, a solução contendo 100 uL do extrato (98uL de metanol + 2uL de solução 2mg/ml do extrato diluído em metanol) foi misturada a 100 uL da solução radicalar DPPH a 0.208mM, seguido por agitação suave. A absorvância foi medida a 515nm minuto a minuto até os 40min por espectrometria. A placa foi coberta com uma tampa para evitar a evaporação do solvente durante a determinação. A curva padrão foi construída misturando-se 100 uL do composto antioxidante padrão Trolox® (98uL de metanol + 2uL de trolox em diferente concentrações) a 100 uL da solução radicalar DPPH a 0.208mM, seguido por agitação suave, novamente a absorvância foi medida a 515nm minuto a minuto até os 40min por espectrometria. No método FRAP, foi transferida em ambiente escuro, uma alíquota de 2μL de cada diluição do padrão Trolox®, ou, do extrato para eppendorf’s®, acrescentou-se 17,5μL de água destilada, 6μL de Fe2SO4 e 176,5μL do reagente FRAP. Em seguida, a mistura foi homogeneizada e mantida à 37 ºC. A leitura foi realizada a 595 nm, após 30 minutos de preparada a mistura. O reagente FRAP foi utilizado como branco para calibrar o espectrofotômetro. Em seguida, foi determinada a equação da reta. Todas as quantificações tanto em DPPH quanto em FRAP foram realizadas em quadruplicatas e os resultados foram expressos em µMol de equivalente Trolox por grama de extrato seco (média±DP), a concentração final das soluções dos extratos adicionados a placa foi 0,02mg/ml, o mínimo de 4 pontos foram considerados, sendo r2=0,9908 para o DPPH e r2=9997 para o FRAP.

Resultado e discussão

As substâncias químicas consideradas como princípios ativos encontrados nos vegetais são, na maioria, provenientes do metabolismo secundário e os compostos oriundos do metabolismo secundário são os responsáveis pelos efeitos medicinais ou tóxicos das plantas. Os efeitos antioxidantes da Cordia salzmanni estão relacionados a três grandes grupos: ácido ascórbico e fenólicos como antioxidantes hidrofílicos e caroteróides como antioxidantes lipofílicos. Foi obtido para DPPH 981,69±38,26 µMol de equivalente Trolox por grama de extrato seco e para o FRAP 14.305.644,25 µMol de equivalente Trolox por grama de extrato seco. Ao comparar nossos resultados com os de Binsan et al., 2008 que testando o extrato de Mungoong proveniente de camarão,encontrou atividade antioxidante importante nesse extrato pelos métodos DPPH e FRAP, sendo os valores encontrados no nosso estudo superiores aos do citado acima, o nosso extrato, por estimativa, apresenta atividade antioxidante igual ou superior.

Conclusões

O uso de plantas com propriedades terapêuticas é uma prática milenar sendo uma importante fonte de produtos naturais biologicamente ativos. Muitas pessoas ainda dependem da medicina tradicional para os seus cuidados de saúde primários, e a maioria das terapias envolve o uso de extratos de plantas e seus componentes ativos. Estes ensaios mostraram que o extrato estudado têm atividade antioxidante importante, e é promissor no que diz respeito à prevenção de doenças como diarreia, hemorroidas, e tosse, no entanto, estudos adicionais são necessários para comprovar tal eficácia in vivo.

Agradecimentos

Ao professor Dr. Euzébio pelo espaço cedido no Laboratório, orientação e ajuda sempre que precisamos, e à Ingrid por ser uma excelente co-orientadora!

Referências

DUDONNÉ, S. et al. Comparative Study of Antioxidant Properties and Total Phenolic Content of 30 Plant Extracts of Industrial Interest Using DPPH, ABTS, FRAP, SOD, and ORAC Assays. Journal of Agriculture and Food Chemistry, v. 57, n. 5, p 1768–1774, 2009.
EVANS, P.; HALLIWELL, B. Micronutrients: oxidant/antioxidant status. British Journal Nutrition, v. 85, p. 67-74, 2001.
HALLIWELL, B. Protection against tissue damage in vivo by desferrioxamine: What is its mechanism of action? Free Radical Biol Med, v. 7, p. 645-65, 1989.
KAHL, R.; KAPPUS, H. Toxicology of the synthetic antioxidants BHA and BHT in comparison with the natural antioxidant vitamin E. Z. Lebensm.-Unters.-Forsch, v. 196, p. 329-338, 1993.
- RUFINO, M.S.M. et al. Determinação da Atividade Antioxidante Total em Frutas pelo Método de Redução do Ferro (FRAP). Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical (Comunicado técnico 125), 2006. ISSN 1679-6535

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