ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Produtos Naturais
Autores
Lobo, V. (UTFPR - TOLEDO) ; Cipriano, F.T. (UTFPR - TOLEDO) ; Rosa, M.F. (UNIOESTE/TOLEDO)
Resumo
Este trabalho teve por objetivo avaliar a fotossensibilidade do óleo essencial de tomilho (Thymus vulgaris L.), devido à importância de sua aplicação em diversas áreas. O óleo essencial foi obtido do vegetal seco, por hidrodestilação, e diluído nos solventes hexano e metanol, para a análise de fotossensibilidade. Ambas soluções foram expostas à radiação UV-Vis de lâmpada de mercúrio, e suas absorbâncias acompanhadas em espectrofotômetro. Com este estudo pode-se observar que a solução de óleo em hexano teve menor degradação em relação à solução de óleo em metanol, no mesmo período de tempo. Conclui-se que o óleo essencial deve ser armazenado protegido de luz e em solvente adequado para comercialização, de modo que mantenha as propriedades desejadas por quem busca esse tipo de produto.
Palavras chaves
fotoestabilidade; tomilho; polaridade
Introdução
As plantas aromáticas são usadas na medicina popular como anti-inflamatório, antioxidante, antisséptico, antinociceptivo. O comércio destes produtos vem crescendo, mas sua qualidade pode ser prejudicada desde a produção agrícola, pois fatores como clima, solo, colheita, secagem e armazenamento à que a erva está submetida influenciam nos atributos de seu óleo (BORGES et al., 2012; GUIMARÃES, et al., 2008; ROCHA, et al., 2012). Os óleos essenciais são um grande grupo dos produtos naturais, formados por complexas misturas de substâncias lipofílicas, odoríferas e líquidos, provêm do metabolismo secundário das plantas, não relacionado à fotossíntese, e têm função de proteção, combatendo bactérias, vírus, fungos, insetos, e ataque de herbívoros. Possuem importância terapêutica e econômica, nas indústrias de alimentos, farmacêutica, agronômica, cosmética e de perfumaria, mas são instáveis e se degradam na presença de oxigênio, luz, calor, umidade e metais, e exigem estocagem adequada para preservar sua qualidade (BORGES et al., 2012; GUIMARÃES, et al., 2008; MILEZZI, et al., 2012). O tomilho (Thymus vulgaris L.) é uma planta medicinal, aromática e condimentar, da família Lamiaceae, originária da região do Mediterrâneo, mas se dispersou para o mundo. No Brasil, é cultivada no sul e sudeste (JAKIEMIU, et al., 2010). De comprovada atividade antimicrobiana, antifúngica e pesticida, o óleo de tomilho tem função clínica como anti-inflamatório, antitumoral, antinociceptivo, carminativo, expectorante e antioxidante. Os principais responsáveis por tais propriedades são os compostos timol, carvacrol, borniol e linalol (JAKIEMIU, et al., 2010) Devido à importância deste óleo em várias aplicações, o objetivo deste trabalho foi avaliar sua fotoestabilidade, diluído em solventes diferentes.
Material e métodos
O material vegetal seco, composto por folhas e hastes de tomilho, foi obtido no Mercado Municipal de Curitiba – PR. Com esta erva fez-se a extração do óleo essencial pela técnica de hidrodestilação, em aparelho Clevenger, utilizando-se 700 mL de água destilada, por um período de quatro horas consecutivas. O óleo extraído foi protegido por papel alumínio, retirado com o auxílio de uma pipeta de Pasteur, alocado em eppendorf e armazenado no freezer, para evitar a degradação pela luz. Com a finalidade de avaliar a fotossensibilidade do óleo essencial de tomilho, verificou-se a variação de sua absorbância no intervalo de 190 a 300 nm, em espectrofotômetro UV-Vis, em relação ao tempo de exposição à radiação, gerada por lâmpada de mercúrio de 125 W com ampola de vidro removida, em foto reator. Preparou-se duas soluções contendo óleo essencial: na primeira utilizou-se 3,48 × 10-4 g de óleo/mL, de solvente hexano P. A.; na segunda solução, foram diluídos 1,02 × 10-4 g de óleo/mL do solvente metanol P. A. Em seguida, tais soluções foram expostas à radiação no foto reator, pelo tempo total de 30 minutos, realizando-se medidas de absorbância da amostra inicial e nos tempos de 5, 10, 15, 20, 25 e 30 minutos de degradação.
Resultado e discussão
A planta seca teve umidade de 11,9%, medida por infravermelho. A extração de óleo teve rendimento de 2,26%, valor bastante alto, comparado ao estudo de Borges (2012) que obteve 0,64%, com planta de umidade 7,36%; ele cita outros trabalhos com valor máximo de rendimento detectado de 1,57%. Vários fatores influenciam a obtenção de maior teor de óleo, sendo importantes tipo e tempo de extração, umidade e idade da erva.
O óleo de tomilho tem densidade de 1,14. Ele foi diluído em metanol e hexano para análise da interação óleo-solvente diante da radiação. O desempenho das soluções foi analisado por espectros de UV-Vis, gerando os gráficos 1 e 2.
Pode-se constatar através dos gráficos, obtidos pelas absorbâncias das soluções durante a degradação, que o óleo de tomilho é fotossensível, já que as bandas em 220 nm diminuíram com o aumento da incidência de radiação nas amostras.
A radiação promove degradação dos componentes majoritários do óleo, conforme Guimarães et al. (2008). Na solução em metanol, solvente mais polar, a degradação do óleo foi maior, pois a absorbância inicial da solução era 1 em 220 nm, e ficou próxima de 0,2 após 30 min de degradação. A degradação em solução de hexano foi mais branda, sendo a absorbância inicial próxima de 1 em 220 nm, e após 30 min, próxima de 0,7; indicando que o solvente mais apolar tem maior influência na fotoestabilidade do óleo, e protege mais efetivamente seus componentes.
Os resultados encontrados por CIPRIANO e LOBO (2013) na degradação do óleo de estragão, foram menores no solvente metanol, de maior polaridade em relação ao hexano. No estudo de SIMSEN e LOBO (2012) com óleo de louro (Laurus nobilis L.), planta da mesma família do tomilho, em solvente etanol, a absorbância foi diminuída de 0,5 para 0,4 após 25 min de degradação.
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Estudo do efeito da luz UV no óleo essencial em solvente apolar.
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Estudo do efeito da luz UV no óleo essencial em solvente polar.
Conclusões
O óleo essencial de tomilho apresentou um ótimo rendimento de extração por hidrodestilação. Este óleo teve maior degradação quando em solução com o metanol, solvente mais polar em relação ao hexano, após exposição à radiação UV-Vis proveniente de lâmpada de mercúrio. Pode-se depreender que este óleo deve ser mantido em embalagem adequada, protegido da incidência de luz, para que suas inúmeras propriedades sejam mantidas.
Agradecimentos
À FUNTEF- PR pelo apoio financeiro e à UTFPR.
Referências
BORGES, A. M.; PEREIRA, J.; CARDOSO, M. G.; ALVES, J. A.; LUCENA, E. M. P. 2012. Determinação de óleos essenciais de alfavaca (Ocimum gratissimum L.), orégano (Origanum vulgare L.) e tomilho (Thymus vulgaris L.). Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.14, n.4, p.656-665.
CIPRIANO, F. T., LOBO, V. S. 2013. ANÁLISE DO COMPORTAMENTO FOTOQUÍMICO DO ÓLEO ESSENCIAL DE ESTRAGÃO (ARTEMISIA DRACUNCULUS) EM SOLVENTES COM POLARIDADES DIFERENTES. 53º Congresso Brasileiro de Química.
GUIMARÃES, L. G. L.; CARDOSO, M. G.; ZACARONI, L. M.; LIMA, R. K. 2008. Influência da luz e temperatura sobre a oxidação do óleo essencial de capim-limão (Cymbopogon citratus (D.C.) STAPF), 31: 1476-1480.
JAKIEMIU, E. A. R.; SCHEER, A. P.; OLIVEIRA, J. S.; CÔCCO, L. C.; YAMAMOTO, C. I.; DESCHAMPS, C. 2010. Estudo da composição e do rendimento do óleo essencial de tomilho (Thymus vulgaris L.). Ciências Agrárias, Londrina, v. 31, n. 3, p. 683-688.
MILLEZI, A. F.; CAIXETA, D. S.; ROSSONI, D. F.; CARDOSO, M. G.; PICCOLI, R. H. 2012. In vitro antimicrobial properties of plant essential oil thymus vulgaris, cymbopogon citratus and laurus nobilis against five important foodborne pathogens. Ciênc. Tecnol. Aliment. Campinas, 32(1): 167-172.
SIMSEN, V. L.; LOBO, V. S. 2012. Quantificação e estudo fotodegradativo do óleo essencial de folhas de louro (Laurus nobilis L.). Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica da UTFPR.
ROCHA, R. P.; MELO, E. C.; BARBOSA, L. C. A.; CORBÍN, J. B.; BERBET, P. A. 2012. Influência do processo de secagem sobre os principais componentes químicos do óleo essencial de tomilho. Rev. Ceres, Viçosa, v. 59, n.5, p. 731-737.