ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Produtos Naturais
Autores
Lopes Pascoal, K.L. (UECE) ; Pires Pereira, E.J. (UECE) ; Viana França, J.L. (UECE) ; Ferreira de Souza Filho, A.C. (UECE) ; Solon Barreira Cavalcanti, E. (UECE)
Resumo
O presente trabalho descreve o estudo qualitativo do extrato etanólico da espécie Spondias purpurea L, popularmente conhecida como cajá vermelho ou siriguela. Foi realizado testes fitoquímicos e avaliação de atividades farmacológicas, através de análise de qualificação antioxidante e avaliação da sua atividade antiacetilcolinesterásica contra a doença de Alzheimer seguindo-se a metodologia de Elmann. O extrato etanólico da espécie Spondias purpurea L apresentou resultados relativamente bons, pois apresentou atividade farmacológica e um halo de inibição, em relação ao padrão fisostigmina, relativamente equiparado.
Palavras chaves
estudo fitoquímico; antioxidante; antiacetilcolinesterase
Introdução
A Spondias purpurea L é uma árvore frutífera, pertencente à família das Anacardiaceae (ARAÚJO, 2004).É conhecida popularmente como Siriguela, seriguela, ciriguela ou ciruela. Originária das Américas Central e do Sul, é bastante comum no nordeste do Brasil.(MAGNO, 2014) Para a realização deste trabalho foi utilizado a folha da siriguela. Em trabalho desenvolvido por Dantas, 2012, os resultados indicam que o extrato etanólico de S. purpurea pode constituir alvo potencial para uso em terapia antiulcerogênica. Barros, 2012, estudou a atividade antioxidante do extrato aquoso da fruta da Spondias purpurea, por diferentes métodos e confirmou que o extrato apresentou um elevado teor de compostos fenólicos e elevada atividade sequestradora do radical hidroxila (92 % a 2,0 mg/mL). Estes trabalhos,citados acima, justificam o estudo desta espécie de Spondias,enquanto as suas atividades biológicas e identificar seus constituintes químicos. Acredita-se que a inibição da enzima acetilcolinesterase (AChE) cause o aumento da concentração de acetilcolina (ACh) nas sinapses. Esta é uma das estratégicas usadas para equilibrar o déficit colinérgico que está relacionado à Doença de Alzheimer, o qual se dá pela redução das taxas de ACh no processo sináptico. Nesse sentido, vários exemplares da biodiversidade têm sido estudados em decorrência de sua utilização popular ou de dados etno-botânicos. Estudos apresentaram evidências de que o estresse oxidativo, através da formação de radicais livres de oxigênio, pode contribuir para a patogenias, o que justificaria o emprego de substâncias antioxidantes. Neste contexto, os antioxidantes de origem natural merecem atenção especial, pois as plantas sintetizam um grande número de metabólitos capazes de captar os radicais livres (POTTERAT, 1997).
Material e métodos
O material para estudo foi coletado no município de São Gonçalo do Amarante situado no Estado do Ceará. Após a coleta as folhas foram secas à temperatura ambiente e submetidas à extração com etanol a frio por um período de sete dias. Após este período o material obtido foi concentrado, sob pressão reduzida, para a obtenção do extrato etanólico. A prospecção foi feita a partir da metodologia de MATOS, 1998. Os testes feitos foram: Teste para fenóis e taninos, Teste para antocianinas, antocianidinas e flavonoides, Teste para leucoantocianidinas, catequinas e flavanonas e Teste para alcaloides. Esses testes foram baseados na observação da formação de precipitado após a adição dos reagentes específicos e mudanças de cor. A avaliação da atividade antiacetilcolinesterásica foi baseada no Método de ELMANN, adaptada por RHEE et al. (2001), para cromatografia em camada delgada (CCD) utilizando-se a solução dos reagentes ácido 5,5-ditriobis- 2-nitrobenzóico (DTNB) e iodeto de acetilcolina (ATCI) em tampão e solução da enzima acetilcolinesterase. Como padrão foi usada a fisostigmina. Na avaliação da atividade antioxidante foi utilizado o método de varredura do radical livre DPPH, descrito por YEPEZ et al (2002). Todos os experimentos foram feitos em triplicata.
Resultado e discussão
O Extrato Etanólico das folhas da espécie estudada, apresentou um resultado
positivo para esteroides e negativo para fenóis, taninos, antocianidinas,
flavonoides, catequinas, flavonas, leucoantocianidinas, flavonóis, flavanonas,
flavanonóis, xantonas e alcaloides e saponinas. No estudo da avaliação
antiacetilcolinesterásica, o aparecimento de halos em torno dos “spots” das
amostras é indicativo de que ocorreu a inibição da enzima AChE, responsável pela
hidrólise do substrato. Os halos de inibição apresentados no teste inibitório da
AChE do extrato etanólico, foi de 0,7 cm. Através da análise dos resultados da
avaliação química e comparação com o padrão Fisostigmina, de halo inibitório 0,9
cm, observou-se que o extrato etanólico apresentou um resultado significativo
com halo de inibição próximo do padrão considerado ótimo. Os resultados da
atividade antioxidante, expressos como a capacidade de sequestrar/reduzir o
radical DPPH em porcentagem e pelo valor de IC50, que é um parâmetro indicativo
da concentração inibitória necessária para diminuir em 50% o radical livre DPPH
(IC50) (EL; KARAKAYA, 2004; QIAN; NIHORIMBERE, 2004). Quanto menor o valor de
IC50, maior a atividade antioxidante (ARBOS et al., 2010). O padrão utilizado
foi a quercetina. Após o teste, tem-se que o valor obtido em comparação ao
padrão da quercetina foi de 5,41±0,39.
Conclusões
O extrato etanólico das folhas da Spondias purpúrea L. apresenta compostos esteróides importantes na investigação fitoquímica que indicam a potencialidade antifúngica, bactericida, inseticida e antiinflamatória desse produto vegetal. O teste antioxidante resultou em um valor fora do padrão a 50% da quercetina. Quanto a atividade antiacetilcolinesterase foi constatado que o valor obtido (0,7 cm) não foi tão abaixo do padrão esperado (fisostigmina - 0,9 cm), significando que a potencialidade, desse produto vegetal, de inibir a enzima acetilcolinesterase é considerada boa.
Agradecimentos
Ao CNPq e ao Laboratório de Produtos Naturais da UECE.
Referências
ARAÚJO, F. P. Potencialidades de fruteiras da caatinga. In: XXVII REUNIÃO
NORDESTINA DE BOTÂNICA. Petrolina - PE, 2004, p.57-61.
ELLMAN, G.C.; COURTNEY, K.D.; ANDRES,V.; FHEATHERSTONE, R.M.A. 1961. New and rapid colorimetric determination of acetiylcolinesterase activity. Biochemical Pharmacology. v. 7, n. 2, p. 88-95.
EL, S. N.; KARAKAYA, S. Radical scavenging and iron-chelating
activities of some greens used as traditional dishes in Mediterranean
diet. International Journal of Food Science Nutrition, v. 55, n. 1,
p. 67-74, 2004.
MATOS, F. J. A. Introdução à Fitoquímica Experimental. UFC. Fortaleza-Ceará, 45pp. Ed. UFC, 2009.
POTTERAT, O. 1997. Antioxidants and free radical scavengers of natural origin. Curr. Organic. Chem., 1: 415-440.
RHEE, I. K.; MEENT, M.; INGKANINAN, K.; VERPOORTE, R. 2001. Screening for acetylcholinesterase inhibitors from Amaryllidaceae using silica gel thin-layer chromatography in combination with bioactivity stainin. Journal of Chromatography A, 915, 217