ESTUDO FITOQUIMICO E POTENCIAL TERAPEUTICO DE Aspidosperma spp. (Apocynaceae)

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Alves, D.F. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Silva, A.A.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Calixto Junior, J.T. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Sousa, H.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Silva, K.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Câmara Neto, J.F. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Morais, S.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ)

Resumo

Este trabalho objetivou a identificação de classes fitoquímicas e avaliar a atividade biológica frente à Artemia salina de duas espécies de Aspidosperma spp. Os extratos foram obtidos das folhas e da casca de A. pyrifolium (Pereiro Preto) e do A. cuspa (Pereiro Branco). O estudo dos compostos químicos presentes nestas espécies foi feito com base na precipitação ou mudança de cor dos extratos ao acrescentar reagentes específicos. A atividade frente à A. salina foi determinada nas concentrações de 1000, 100, 10 e 1 µg/mL. O estudo fitoquímico indicou a presença de triterpenos, esteroides livres, fenóis, flavanoides, saponinas e alcalóides, compostos que apresentam diversas atividades biológicas, assim como atividade frente a A. salina, com CL50 entre 6.17 e 64,77 µg/mL.

Palavras chaves

Aspidosperma; Fitoquímico; Artemia salina

Introdução

O gênero Aspidosperma tem cerca de quarenta espécies e encontra-se em regiões neotropicais (MARCONDES-FERREIRA; KINOSHITA, 1996). Seu uso na medicina popular é indicado como antimalárico, tratamento da leishmaniose, contra dor, diabetes, inflamações, câncer e reumatismo (RIBEIRO et al., 1999). A espécie Aspidosperma pyrifolium Mart. (Apocynace), conhecida popularmente como Pereiro preto, tem relatos na literatura de provocar mortes embrionárias, aborto e nascimento prematuro em caprinos, ovinos e bovinos, quando ingerido no período de gestação, apesar das causas ainda serem desconhecidas (RIET-CORREA et al., 2012). É nativa do Bioma Caatinga. Sendo este, um dos ecossistemas mais ameaçado e menos conhecido do ponto de vista científico no Brasil, com riqueza de espécies, possuindo potencial madeireiro, medicinal, alimentício e ornamental (MANSUR; BARBOSA, 2000). A espécie Aspidosperma cuspa Kunth (Blacke) (Apocynaceae) ocorre principalmente em climas tropicais e temperados, sendo predominante no cerrado brasileiro. É conhecida vulgarmente como pereiro-branco, guatambu ou vaqueta. É empregada na medicina popular para males como malária, hanseníase, em casos de enfisema, bronquite e pneumonia, bem como no tratamento de impotência e febre (DEUTSCH et al., 1994). O teste de bioatividade frente à Artemia salina tem sido relatado como um importante indicador de substâncias com atividade leishmanicida, antiinflamatória e anticâncer (BARBOSA et al., 2009). Diante do exposto, este trabalho objetivou fazer um estudo fitoquímico de duas espécies de Aspidosperma spp. e determinar a atividade biológica frente à Artemia salina.

Material e métodos

Foram utilizadas neste estudo, folhas e cascas de Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro preto) e Aspidosperma cuspa Kunth (Blacke) (pereiro branco), coletadas em novembro de 2012 no município de Lavras da Mangabeira, mesorregião do Centro-Sul do Ceará. Os materiais foram obtidos através dos extratos etanólicos das folhas e cascas do A. pyrifolium: EECAP e EEFAP respectivamente e as folhas do A. cuspa: EEFAC foram submetido à maceração com etanol PA por 7 dias. Posteriormente, o solvente foi evaporado em evaporador rotativo, obtendo assim os extratos brutos. A prospecção dos testes fitoquímicos qualitativos de taninos, fenóis, esteroides, triterpenos e saponinas foram realizados com base em Matos (2009). Estes testes foram baseados na observação visual das mudanças colorimétricas ou na formação de precipitado após a adição dos reagentes específicos. A quantificação de flavonoides foi realizada com base em Funari e Ferro (2006). Para a determinação do teor de fenóis totais presente nos extratos, foi utilizado o método de Folin-Ciocalteu (SOUSA et al., 2007). A leitura dos ensaios quantitativos de flavonoides e fenóis totais foram realizadas em especfotometria de UV, nas absorbâncias 750 nm e 425 nm, respectivamente, ambos em triplicata. O teste de toxicidade frente à Artemia salina foi realizado de acordo com Barbosa et al. (2009). O dicromato de potássio (K2Cr2O7) foi utilizado como droga padrão. A concentração letal que elimina 50% do número de larvas (CL50) foi calculada utilizando o programa SPSS Statistic.

Resultado e discussão

Os testes qualitativos de metabólitos secundários das espécies Aspidosperma pyrifolium e Aspidosperma cuspa revelaram a presença de moléculas com relevantes atividades biológicas já descritas na literatura (tabela 1). O teor de fenóis totais e flavonoides foram quantificados (tabela 2). O ensaio com o micro crustáceo A. salina é um bom indicativo de atividade biológica de extratos de plantas e substâncias isoladas. Sendo consideradas ativas aquelas que apresentam concentração letal que mata 50% dos indivíduos (CL50) abaixo de 1.000 µg/mL (BARBOSA, 2008). Neste teste, a CL50 dos extratos etanólicos das folhas e da casca de A. pyrifolium e das folhas de A. cuspa foram determinadas frente à A. salina, apresentando CL50 com valores de 7,23 (3,69 - 13,35), 64,77 (23,87 – 101,09) e 6.17 (0,10 – 14,90) µg/mL respectivamente, o que indica boa atividade biológica.

Tabela 01

Prospecção fitoquímica de Aspidosperma pyrifolium e Aspidosperma cuspa.

Tabela 02

Determinação do teor de fenóis e flavonoides nos extratos de espécies de Aspidosperma

Conclusões

Conclui-se que as espécies Aspidosperma pyrifolium e Aspidosperma cuspa apresentam muitas classes de compostos biologicamente ativos já descritos na literatura. A atividade biológica frente à A. salina principalmente das folhas mostra o potencial destas espécies para novos estudos visando o desenvolvimento de fitoterápicos para o combate a várias parasitoses e outras doenças que acometem o homem como câncer.

Agradecimentos

Referências

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