ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Produtos Naturais
Autores
de Araújo Tortola, D. (UFPA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA) ; Martins Silva, D. (UFPA) ; Celi Sarkis Muller, R. (UFPA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA)
Resumo
Com o objetivo de avaliar a qualidade de chás de boldo do Chile comercializados em supermercados de Belém-PA, foram selecionadas 4 amostras de 5 marcas distintas, totalizando 20 amostras. As amostras foram submetidas a análises físico-químicas (pH, acidez, densidade, condutividade elétrica e teor de extrativos) de acordo com a Farmacopéia Brasileira (2005). Considerando que a espécie medicinal Peumus boldus apresenta inúmeras indicações terapêuticas e é comercializada na forma de droga vegetal e em sachês, evidencia-se a importância do controle da qualidade deste produto, seguindo as normas preconizadas pela legislação nacional vigente. Aos resultados encontrados para os parâmetros físico-químicos, foi aplicada análise de componentes principais para distinção das marcas dos chás.
Palavras chaves
controle de qualidade; planta medicinal; chá de boldo
Introdução
Nos últimos anos, a população brasileira vem demonstrando um retorno ao uso de drogas vegetais e de fitoterápicos, o que estimula o mercado nessa área e que demonstra o aumento da necessidade de maior controle da qualidade e vigilância sobre esses produtos. As drogas vegetais são livremente comercializadas em drogarias, farmácias, supermercados, lojas de comercialização a granel entre outros estabelecimentos, levando a população a uma exposição maior a esses produtos, sem o respaldo de um profissional habilitado (exceto em farmácias e drogarias), que oriente sobre o uso, benefício e riscos que os mesmos poderão oferecer (NASCIMENTO, 2005; RUIZ, 2008). Segundo Nascimento et al. (2005) apesar das melhoras com problemas nas embalagens dos produtos, ainda se percebe a falta de informações em algumas embalagens, faltando aos consumidores informações necessárias para seu conhecimento. Assim sendo, o objetivo deste trabalho é avaliar a qualidade de amostras comerciais de boldo do Chile (Peumus boldus Molina), em forma de saches, comercializadas em supermercados da cidade de Belém-PA, segundo métodos especificados pela Farmacopéia Brasileira (2005), além de aplicar análise de componentes principais na discriminação das amostras conforme a empresa que a produziu.
Material e métodos
Adquiriu-se quatro amostras de cinco marcas distintas de chá de boldo do Chile na forma de saches, compradas em supermercados de Belém-Pa, entre os meses de abril e julho de 2014. A escolha do produto teve como base a disponibilidade dos mesmos nos estabelecimentos visitados. Tais marcas foram aqui denominadas de A, B, C, D e E. Os pós dos chás foram levados para o Laboratório de Controle de Qualidade e Meio Ambiente (LACQUAMA-PA), onde foram preparados conforme orientações contidas nas caixas do produto: 1 sache de 1 g introduzido em 100 mL de água destilada fervente. Após esfriar os chás, foram analisados os seguintes parâmetros físico-químicos, seguindo orientações da Farmacopéia Brasileira (2005): pH, condutividade elétrica, acidez, densidade e teor de extrativos. Aos resultados encontrados foi aplicada análise de variância (ANOVA) seguida de teste de Tukey para verificar as semelhanças dos valores dos parâmetros entre as cinco marcas estudadas e depois análise de componentes principais para a distinção entre marcas, utilizando o programa MINITAB 16.
Resultado e discussão
Os resultados encontrados estão presentes na Tabela 1, expressos em termos de
média e desvio padrão referentes a análises em triplicata. O pH médio dos chás
das cinco marcas estudadas variou entre 3,17 e 5,72, havendo diferenças
significativas entre os cinco grupos de amostras. Estes valores estão dentro da
faixa encontrada para a tintura de barbatimão, entre 3,81 e 5,75 (FONSECA e
LIBRANDI, 2008), exceto o da marca E, e são inferiores a faixa encontrada para a
tintura de guaco (ALVARENGA et al., 2009), que foi de 5,77 e 6,34. A
condutividade elétrica encontrada para as cinco marcas foi muito baixa, não
havendo diferença significativa deste parâmetro entre as marcas, exceto para a
marca E que apresentou um valor mais elevado deste parâmetro. A acidez entre as
marcas se mostrou baixa e entre as quatro primeiras (A, B, C e D) não houve
diferença significativa, mas a marca E apresentou um valor (4,60%) bem mais
elevado de acidez do que as outras (entre 1,44 e 2,70%). A densidade média
variou entre 0,96 e 1,24 kg/m3, havendo diferenças significativas entre os cinco
grupos. Tais valores, exceto da marca A, são superiores aos valores encontrados
por Fonseca e Librandi (2008) para tintura de barbatimão (entre 0,90 e 0,97 kg
m-3) e por Alvarenga et al. (2009) para a tintura de guaco (entre 0,89 e 0,97 kg
m-3). O teor de extrativos dos chás ficou entre 20,07 e 28,10% resultados esses
próximos aos registrados na literatura para chás de outras drogas vegetais:
27,65% para Calendula officinalis L. (SOUZA et al., 2010). A aplicação de
análise de componentes principais (Figura 1) aos dados obtidos revelou uma
separação parcial entre as amostras das cinco marcas, sendo apenas as amostras
da marca E muito bem distinta das outras quatro marcas.
Legenda: C.E.= condutividade elétrica. Letras iguais significam não haver diferença significativa entre as marcas, conforme teste de Tukey (p < 0,05).
Conclusões
Os parâmetros estudados se mostraram concordantes com a pouca literatura existente sobre eles para chás e outros produtos a base de drogas vegetais. Assim, os resultados obtidos serviram para diminuir a lacuna existente na literatura sobre parâmetros físico-químicos de chás, mesmo que de forma modesta. As 5 marcas de chá de boldo tiveram diferenças significativas em relação a alguns parâmetros físico- químicos, o que mostra não haver uma padronização do produto. A aplicação de análise de componentes principais se mostrou não totalmente satisfatória na discriminação das marcas dos chás de boldo.
Agradecimentos
Ao Laboratório LACQUAMA-UFPA.
Referências
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