Atividades acetilcolinesterásica e larvicida dos óleos essenciais das folhas, raízes e madeira de Croton jacobinensis Baill

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Pinto, C.C.C. (UECE) ; Menezes, J.E.S.A. (UECE) ; Feitosa, C.R.S. (UECE) ; Sousa, T.K.C. (UECE) ; Teixeira, F.L. (UECE) ; Nobre, A.C.O. (UECE)

Resumo

A espécie vegetal Croton jacobinensis Baill conhecida popularmente por marmeleiro branco, é encontrada com freqüência no município de Itapipoca e largamente empregada na medicina popular, como antiflamatória, no tratamento de gripes, cólicas menstruais e cefaléias. A espécie foi submetida a estudos químico e biológico realizados por meio de avaliações da atividade acetilcolinesterase e larvicida dos extratos etanólicos obtidos de suas folhas, madeira e raízes. Quanto a atividade anticolinesterásica os óleos extraídos da espécie em estudo mostraram- se promissores na inibição da enzima. Para o comprovação da atividade larvicida os óleos foram testados frente às larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, obtendo-se resultados moderados no combate as larvas.

Palavras chaves

Croton jacobinensis; acetilcolinesterase; larvicida

Introdução

Desde a Antiguidade, as plantas são utilizadas na cura ou tratamento de doenças que atingem a humanidade. Seu uso pela população despertou na comunidade cientifíca o intersse em estudá-las de forma mais abrangente, como é ocaso da espécie árborea Croton jacobinensis. Esta espécie é largamente empregada na medicina popular no município de Itapipoca, interior do estado do Ceará. Popularmente conhecida como marmeleiro branco, a espécie é comumente utilizada pelos moradores da cidade no tratamento de inflamações, cefaléias e cólicas intestinais. Com base no exposto, surgiu o interesse em investigar algumas de suas propriedades farmacológicas, verificando sua atividade frente a enzima acetilcolinesterase e contra o mosquito transmissor da dengue. O estudo foi voltado para estas duas atividades, devido tanto o Mal de Alzheimer quanto a dengue, serem doenças cujo tratamento ainda não é eficaz e as plantas podem ser fontes de substâncias bioativas capazes de combater não só estas, mas muitas outras enfermidades.

Material e métodos

A espécie Croton jacobinensis foi coletada no município de Itapipoca e teve suas folhas, madeira e inflorescências, submetidas à extração de óleo essencial através de hidrodestilação, por um período de duas horas. Para o a verificação de sua atividade anticolinesteásica, utilizou-se o método de Ellman, que consistiu na preparação de uma solução tampão 50 mM de pH 8,0. Em seguida, foram dissolvidas 6,075 g de hidrocloreto de tris [hidroximetil] aminometano em 700 mL de água destilada com adição de ácido clorídrico (HCl) concentrado até pH 8,0, completando-se com água até 1 L. A solução tampão de 50 mL foi usada na dissolução de 19,818 mg de DTNB ou reagente de Ellman para obtenção da solução de 1mM de DTNB. Logo depois, dissolveu-se a enzima acetilcolinesterase (AChE) na solução tampão até que se obteve uma concentração de 3 U/mL. O iodeto de acetilcolina (substrato), ATCI, foi dissolvido em água milipore, enquanto a amostra e o padrão cafeína foram dissolvidos em diclorometano ou metanol, segundo suas solubilidades na concentração de 5 mg/mL. Após, aplicou-se o padrão e as amostras em placas cromatográficas de sílica e aguardou-se a evaporação do solvente. As placas foram borrifadas com a solução do reagente de Ellman e iodeto de acetilcolina. Depois de dez minutos, observou-se o surgimento de halos brancos onde houve inibição da enzima em torno das amostras(RHEE, 2001). Foi utilizado como padrão positivo o carbachol. Já para o teste larvicida, as amostras de óleo essencial foram dissolvidas em dimetilsulfóxido e transferidas para um béquer de 50 mL. Logo após, as larvas do mosquito foram depositadas juntamente com 19,7 mL de água. Depois de 24 horas efetuou-se a contagem de larvas mortas e calculou-se os valores de DL50 (dose letal). Realizou-se o teste em triplicata.

Resultado e discussão

Os óleos essenciais das folhas, madeira e inflorescências de C. jacobinensis, foram analisados quanto a sua atividade anticolinesterásica utilizando como padrão o carbachol, cujo halo de inibição foi de 11 mm. Assim, os valores dos halos de inibição obtidos para os óleos essenciais das folhas, madeira e inflorescências, foram 8, 6 e 8 mm, respectivamente. Quanto mais próximo do padrão estiver o valor do halo de inibição de determinada amostra, mais significante é o seu potencial anticolinesterásico. Assim, apesar de terem apresentado atividade menor que o carbachol, os óleos são bons promissores na inibição da enzima. Amostras dos óleos essenciais da espécie também foram submetidas ao teste larvicida, apresentando resultados moderados, sendo o óleo das inflorescências (DL50 65,8 ppm) o mais eficaz no combate as larvas, uma vez que foi o valor mais próximo do padrão. Os óleos das folhas e madeira, revelaram Dl50 de 79,3 e 117,23 ppm, respectivamente.

Conclusões

O teste de inibição de acetilcolinesterase demonstrou que os óleos essenciais de Croton jacobinensis possuem boa atividade acetilcolinesterásica, pois apresentaram os diâmetros dos halos, bem próximos ao do composto de referência (carbachol). O óleo essencial das inflorescências da espécie apresentou ainda atividade larvicida moderada. Desse modo, ainda que os resultados obtidos não sejam surpreendentes, acredita-se no potencial da espécie, não somente pelos resultados obtidos através deste trabalho, mas também pelas partes inexploradas e ainda não investigadas cientificamente.

Agradecimentos

A CAPES, UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ E MESTRADO ACADÊMICO EM RECURSOS NATURAIS

Referências

ELLMAN, G. L.; Biochem. Pharmacol. 1961, 7, 88.
RHEE, I. K.; MEENT, M. V. D.; INGKANINA, K.; VERPOORTE, R.; J. Chromatogafia. 2001, 915, 217.

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