ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Produtos Naturais
Autores
Silva de Souza, A. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS - CAMPUS ITUMBIARA) ; Santos Dias Frachoni, B. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS - CAMPUS ITUMBIARA) ; Pereira Alves, B.H. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS - CAMPUS ITUMBIARA)
Resumo
As amostras de folhas, flores e seiva de Hymenaea stigonocarpa (jatobá do cerrado) foram submetidas ao processo de hidrodestilação em aparelho de Clevenger, para a obtenção dos óleos essenciais, e posterior análise por CG-EM. A análise dos cromatogramas permitiu identificar alguns ácidos graxos no óleo da seiva e uma predominância de compostos terpenicos e sesquiterpenos alcoólicos, presentes nos óleos essenciais das folhas e flores da H. stigonocarpa. Os compostos majoritários identificados no óleo essencial da flor foram: 2-pirrolidona (14,78%), germacreno D (7,36%) e α-cadinol (11,24%); e no óleo essencial da folha: germacreno D (15,50%) e α-cadinol (10,68%). Observou-se no óleo das folhas a presença de terpenos e fenóis, com propriedades antifúgicidas,segundo a literatura.
Palavras chaves
Composição química; óleo essencial; Hymenaea stigonocarpa
Introdução
O uso de plantas com indicação de uso medicinal é uma prática muito comum em nossa região e entre elas está a Hymenaea stigonocarpa (jatobá-do-cerrado). Partes dessa planta podem ser facilmente encontradas em feiras livres na região. A casca, resina (seiva) e o fruto são as partes mais utilizadas pela população para combater, entre outros, diarreia, tosse, bronquite e problemas de estômago. O jatobá-do-cerrado, uma árvore de grande porte que pode alcançar até dez metros de altura é amplamente utilizada por todas as populações tradicionais do bioma do cerrado. Possui um tronco que pode ultrapassar um metro de diâmetro, suas folhas têm dois folíolos brilhantes com de seis a quatorze centímetros de comprimento. Segundo Ribeiro (2010), desde 1930, a planta H. stigonocarpa, foi indicada e comercializada para fins medicinais. A partir do final do século XX, passou a ser estudada por etnobotânicos americanos, sendo consumida nos Estados Unidos com os mesmos fins tradicionais. Apesar da sua utilização na culinária regional, existem poucas informações disponíveis sobre a planta H. stigonocarpa no que diz respeito à sua composição química e a atividade antioxidante do óleo essencial obtido das folhas, flores e seiva. Segundo Dias e Silva (1996), os óleos essenciais são os responsáveis pelo aroma das plantas e apresentam em sua composição, diferentes substâncias químicas, como ésteres, fenóis, aldeídos e hidrocarbonetos, dentre as quais, no máximo três são os constituintes majoritários. Neste trabalho foi analisada a composição química do óleo essencial das folhas, flores e resina da árvore H. stigonocarpa (jatobá) cultivada no cerrado da cidade de Itumbiara-Goiás, a fim de avaliar o potencial de aproveitamento dessa espécie e contribuir para a caracterização química da mesma.
Material e métodos
1- Coleta das amostras: As amostras coletadas na zona urbana da cidade de Itumbiara, localizada no sul do estado de Goiás. No mesmo dia foram levadas ao Laboratório de Química do IFG- Campus Itumbiara, onde foram cortadas, pesadas e de imediato levadas para extração. 2- Teste de umidade: Foi pesado 1g de cada amostra em cápsula de porcelana, previamente balanceada e colocada em estufa, a 105ºC, por aproximadamente 8 horas (IAL, 2008). Após esse tempo, foi resfriada em dessecador, pesadas e o cálculo da umidade foi expresso pela diferença de massas. 3- Extração dos óleos essenciais (Hidrodestilação): A extração por hidrodestilação foi realizada em um aparelho de Clevenger com 50 g da amostra levados a ebulição por aproximadamente 8 horas. O óleo essencial arrastado pela água foi recolhido em um funil de separação e adicionado diclorometano para separação do óleo e água. 4- Cromatografia a gás acoplada à espectrometria de massas dos óleos essenciais: Análise realizada num aparelho da Shimadzu, adotando as seguintes condições cromatográficas: coluna capilar DB-5 de sílica fundida (30 metros x 0,25 mm), d.i. 0,25 mm, gás de arraste Hélio, a um fluxo de 1,0 mL min-1. Temperatura do injetor 220°C, temperatura do detector 240°C, temperatura da coluna iniciando em 60°C, com um aumento de 3°C min-1, a 240°C, com volume injetado de 1,0 µL; energia de impacto eletrônico de 70 eV. A identificação dos compostos foi feita por meio das bibliotecas de espectros de massas da Wiley (140, 229 e 275).
Resultado e discussão
A composição química da seiva de H. Stigonocarpa apresentou maior quantidade de
ácidos graxos, em comparação à folha e a flor, o que permite inferir que existem
poucos compostos voláteis característicos na resina. O perfil cromatográfico
do óleo essencial das folhas e das flores de H. stigonocarpa apresenta
grande semelhança, como pode ser observados na figura 1.
Os compostos identificados pela análise de CG/MS e suas porcentagens relativas
são apresentados nas Tabelas 1, 2 e 3.
O óleo essencial das flores de jatobá, apresentou uma maior quantidade de
sesquiterpenos, muito comum em óleos essenciais e que possuem duas
características fundamentais: têm baixa solubilidade em água e em soluções
alcóolicas diluídas e têm propensão para oxidarem rapidamente. A função dos
sesquiterpenos nos óleos essenciais é vista de dois modos: ou agem como simples
diluentes ou solventes dos derivados oxigenados, ou como estabilizadores ou
fixadores dos mesmos. O cadineno, por exemplo, um dos sesquiterpenos encontrados
no óleo essencial das pétalas de jatobá-do-cerrado, tem sido comumente utilizado
na fabricação de perfumes e cigarros.
Os compostos majoritários identificados no óleo essencial da flor foram: 2-
pirrolidona (14,78%), germacreno D (7,36%) e α-cadinol (11,24%). Os compostos
majoritários identificados no óleo essencial da folha foram: germacreno D
(15,50%) e α-cadinol (10,68%). Alguns constituintes químicos encontrados nas
folhas de H. stigonocarpa, estão presentes também na composição química do óleo
essencial de Cordia verbenácea DC. (Manganotti et al, 2010).
As folhas de H. stigonocarpa apresentaram um teor de umidade de 30,31% ±1,13. As
flores apresentaram um teor de umidade de 3,62% ±0,42.
Cromatograma obtido por GC-MS das flores (1a) e das folhas (1b) de Hymenaea stigonocarpa.
Conclusões
Nesse estudo foi possível identificar ácidos graxos no óleo da seiva de H. stigonocarpa, e verificar presença de diversos terpenos e sesquiterpenos nos óleos essenciais das folhas e flores da mesma. A investigação e identificação dos constituintes químicos do óleo essencial das folhas, flores e seiva da H. stigonocarpa (jatobá-do-cerrado) é uma contribuição importante para complementar o estudo sobre as plantas usadas pela população e que constituem a flora da região.
Agradecimentos
Laboratório de Produtos Naturais – Instituto de Química - Universidade Federal de Uberlândia; IFG – Campus Itumbiara.
Referências
DIAS, Sandra Martins; SILVA, Roberto Ribeiro. Perfumes – uma química inesquecível. Química nova na escola, nº 4, p. 3-6, novembro 1996.
RIBEIRO, George Duarte. Algumas espécies de plantas reunidas por famílias e suas propriedades. Porto Velho, RO: Embrapa Rondônia, 2010.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. vol 1, 3ª ed., São Paulo. 2011. p.1020.
MANGANOTTI, Sara Anizeli. Influência do horário de coleta, orientação geográfica e dossel na produção de óleo essencial de Cordia verbenacea DC. Universidade Federal de Minas Gerais, 2010.