POTENCIAL INSETICIDA DO EXTRATO VEGETAL DE Ziziphus joazeiro SOBRE Dactylopius opuntiae EM PALMA FORRAGEIRA

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Souza, J.I.R. (UFRPE/UAST) ; Souza, J.I.R. (UFRPE/UAST) ; Oliveira, C.R.F. (UFRPE/UAST) ; Sá, M.G.R. (UFRPE/UAST) ; Souza, C.A. (UFRPE/UAST)

Resumo

A palma forrageira, Opuntia ficus-indica Mill, é uma das principais alternativas para produtores nos longos períodos de estiagem. Plantios completos desta cultura vêm sendo ameaçados pela cochonilha-do-carmim, Dactylopius opuntiae Crockrell. Como forma de controle para a esta praga, pesquisas estão sendo realizadas utilizando extratos vegetais de plantas, como forma alternativa a métodos tradicionais de controle químico. Neste trabalho foram utilizados extratos aquosos de Ziziphus joazeiro,que foram aplicados nas concentrações de 0,1; 0,15 e 0,2g/ml. Observaram-se mortalidades superiores a 70% para as concentrações. Os resultados encontrados indicam o uso dos extratos na cultura da palma forrageira para o manejo da cochonilha já que, ocasionaram efeitos deletérios sobre o inseto.

Palavras chaves

Plantas inseticidas; Juazeiro; Cochonilha-do-carmim

Introdução

A palma forrageira é cultivada com relativo sucesso no semiárido nordestino desde o início do século passado, por apresentar características morfofisiológicas que a torna apropriada a essas regiões, constituindo-se em uma das mais importantes bases de alimentação para bovinos (COSTA et al.,1973). Entretanto, essa cultura passou a ser ameaçada pela cochonilha-do-carmim, Dactylopius opuntiae (Hemiptera: Dactylopiidae). A cochonilha-do-carmim é tida como a principal praga da palma forrageira, devido à alta taxa de infestação e disseminação desta espécie, aos danos causados pela predação sistemática das plantas infestadas e devido a injeção de toxinas que ocorre simultaneamente a sua alimentação, causando o amarelecimento dos cladódios e, em casos extremos, a morte da planta (Rapisarda & Longo, 2001). O uso de plantas com propriedades inseticidas é uma prática muito antiga (GALLO et al., 2002). Diversas substâncias oriundas dos produtos intermediários ou finais do metabolismo secundário dessas plantas, que podem ser encontradas nas raízes, folhas e sementes, entre eles, saponinas, alcalóides e terpenóides, podem interferir severamente no metabolismo de outros organismos, causando impactos variáveis, como repelência, esterilização, bloqueio do metabolismo e interferência no desenvolvimento (MEDEIROS, 1990). Levando-se em consideração que há uma escassez de trabalhos com extratos vegetais de espécies nativas da Caatinga para o controle da cochonilha-do-carmim, e que o juazeiro, Ziziphus joazeiro (Mart) destaca-se pela presença de saponinas em várias partes da planta, substâncias reconhecidas de efeito alelopático (GUSMAN et al., 2008), o presente trabalho teve como objetivo avaliar o potencial inseticida de Z. joazeiro sobre a cochonilha D. opuntiae em palma forrageira.

Material e métodos

A coleta das folhas de Ziziphus joazeiro, foi realizada no município de Serra Talhada - PE. Após a coleta, as folhas foram etiquetadas e levadas ao Laboratório de Entomologia/Ecologia da Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST), da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). As folhas foram colocadas em uma estufa a 50º C, onde permaneceram por um período de 72 horas. Após esse período, as folhas foram trituradas, pesadas de acordo com a concentração do extrato, que ficaram definidos em 0,10 g/ml, 0,15 g/ml e 0,20 g/ml. Depois as folhas foram colocadas em potes plásticos onde foram acrescentados 100 mL de água destilada e foram maceradas, para a obtenção do extrato bruto, os quais foram mantidos na geladeira por um período de 24 horas. Após esse período os extratos foram filtrados obtendo-se assim os extratos aquosos das plantas. A presença de saponinas foi avaliada pelo teste de espuma, que consiste na mistura de 1 g da folha seca e triturada, em 5 mL de água destilada, em tubo de ensaio. Observa-se a formação de espuma, depois da agitação por 5 minutos. Também foi realizada a medição do pH, para determinar o caráter ácido ou básico da solução. No primeiro experimento, cladódios de palma forrageira foram imersos nos extratos vegetais de Juazeiro, nas concentrações determinadas, por um tempo de 30 s, e deixados para secar à temperatura ambiente. Em seguida, foi feita a infestação, colocando-se 10 ninfas de cochonilha em cada placa (Figura 1a). A avaliação foi feita a cada 24 horas, em um período de 4 dias, avaliando-se o número final de ninfas vivas. No segundo experimento, o extrato vegetal de Juazeiro foi pulverizado diretamente sobre discos de cladódios de palma forrageira, infestados previamente com colônias da cochonilha do carmim (Figura 1b).

Resultado e discussão

A mortalidade das ninfas que foram expostas a cladódios previamente pulverizados com os extratos de Juazeiro variou de 75 a 90%, conforme o aumento das concentrações (Figura 2). A avaliação foi feita durante quatro dias, mas já nas primeiras 24 horas, já se observou mortalidade de 50% da população de insetos. Entretanto, quando os extratos de Juazeiro foram pulverizados nos cladódios já infestados, observou-se que em todas as concentrações utilizadas a mortalidade das colônias foi de 100 %, resultado que se observou 48 horas após o inicio do experimento (Figura 2). Foi observada a presença de saponinas no extrato de juazeiro, e os valores de pH encontrados (4,2; 4,2; 4,4; nas concentrações de 0,10; 0,15 e 0,20 g/mLde água) indicaram o caráter ácido do extrato. O juazeiro é rico em saponinas, que funcionam na defesa contra insetos e patógenos e também na manutenção do crescimento. As saponinas representam o principal grupo de terpenóides, e são tóxicas e deterrentes para herbívoros em geral. A estrutura da saponina tem caráter anfifílico, parte da estrutura com característica lipofílica (triterpeno ou esteróide) e outra hidrofílica (açúcares). Essa característica determina a propriedade de redução da tensão superficial da água e suas ações detergentes e emulsificante (SCHENKEL et al., 2001). Como a cochonilha do carmim desenvolve uma proteção de cera e de gordura que envolve os indivíduos e as colônias, a característica detergente da saponina quebrou a tensão superficial da cera, fazendo com que o extrato chegasse até o inseto, ocasionando sua morte, que provavelmente pela complexação das saponinas com biomoléculas (esteróides e fosfolipídios) da membrana celular do inseto causando sua destruição (SIMÕES et al., 2001).

figura 1

Arenas de avaliação do efeito bioinseticida dos extratos sobre a palma previamente infestada com cochonilhas do carmim(b e com posterior infestação(a.

figura 2

Mortalidade de cochonilhas submetidos a extratos aquosos de Zizihus Joazeiro. Os dados foram submetidos -ANOVA,significativo 1% de probabilidade p<0.1

Conclusões

Independentemente do método de aplicação utilizados (direta ou indiretamente sobre discos de palma forrageira), a ação inseticida do Juazeiro (Ziziphus joazeiro) afeta ninfas e colônias da cochonilha, já que foram observadas mortalidades superiores a 70% para todos os extratos utilizados. Esses resultados indicam que o extrato e as concentrações utilizadas são promissores como bioinseticidas para o controle da cochonilha do carmim na cultura da palma forrageira no semiárido.

Agradecimentos

UFRPE, UAST, Laboratorio entomologia/ ecologia

Referências

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LONGO, S.; RAPISARDA, C. Pragas daPalma Forrageira. In: BARBERA,G.;INGLESE,P.(Eds.).Agroecologia, cultivo e usos da
palma forrageira.Paraíba:SEBRAE/PB, 2001. p. 103-111.

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