PERFIL CROMATOGRÁFICO POR LC-DAD-MS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DA CASCA DO FRUTO MARI-MARI (Cassia leiandra Benth)

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

S. Costa Sá, I. (UFAM) ; Saraiva Nunomura, R.C. (UFAM) ; Pereira de Saouza, M. (UFAM)

Resumo

O mari-mari (Cassia leiandra Benth) é popularmente conhecida como ingá-mari ou seruaia. O resultado do perfil por LC-DAD-MS da fruta mostrou a presença de uma variedade de substâncias fenólicas e a avaliação do potencial antioxidante dos extratos da casca evidenciou uma boa atividade antioxidante.

Palavras chaves

mari-mari; Perfil cromatográfico; Atividade antioxidante

Introdução

A Amazônia abriga uma vasta diversidade de frutas, que têm despertado interesse no mundo científico devido suas propriedades nutricionais, particularmente relacionadas à presença de compostos antioxidantes (RUFINO et al., 2010). Diversas frutas nativas da região apresentam poucos relatos quanto o potencial antioxidante e à composição química de seus compostos (ALVES et al., 2008). Nesse sentido, um exemplo de fruta nativa da Amazônia pouco explorada quimicamente é o mari-mari (Cassia leiandra Benth) conhecido também como ingá- mari e seruaia, pertencente à família Fabaceae, que não apresenta estudos quanto ao potencial antioxidante e composição química da espécie. Esta espécie não havia sido investigada, apesar de pertencer a um gênero amplamente estudado, sendo relatadas nas espécies deste gênero compostos como antraquinonas, antronas, esteróides e flavonoides (YADAV et al., 2010). O presente trabalho contribuiu para o conhecimento do potencial antioxidante da Cassia leiandra Benth, bem como a caracterização dos constituintes químicos responsáveis por esta atividade.

Material e métodos

O fruto mari-mari foi obtido na feira Coronel Jorge Teixeira popurlamente conhecida como Manaus Moderna. O extrato metanólico foi utilizado para as análises. Na determinação do perfil cromatográfico foi injetada uma solução da amostra na concentração de 1,0 mg/mL em LC-DAD-MS com o sistema de eluição: ácido fórmico aquoso 0,25% (solvente A) e ácido fórmico em metanol 0,25% (solvente B) em gradiente crescente de 0-15 min de 20 a 50% de B. O cromatograma foi monitorado no comprimento de onda de 200 nm a 600 nm. A fonte de ionização utilizada no espectrômetro de massas foi por eletrospray, utilizando o tempo de retenção para a caracterização, considerando suas respectivas razões m/z. Para a avaliação do potencial antioxidante, o extrato foi avaliado pelo método do sequestro do radical livre DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazil) e FRAP (ferric reducing/antioxidant power assay). A determinação do teor de fenólicos totais foi realizada utilizando o reagente Folin-Ciocalteau com valores de fenólicos totais expressos com equivalentes de ácido gálico EAG/g.

Resultado e discussão

A análise dos dados obtidos por LC-DAD-MS(Figura 1) mostrou que o extrato da casca é rica em substâncias fenólicas, onde foi possível detectar a presença de flavonoides como catequina, astilbina e uma grande quantidade de Engeletina, já reportados em outros gêneros da família Fabacea (SILVA et al., 2006) e (TROUSDALE et al., 1983). O resultado da avaliação do potencial antioxidante de DPPH da casca apresentou alta capacidade de inibição (77,96 %) e %CS50 27,66 ± 1,15 μg/mL, demonstrando um boa atividade antioxidante quando comparado com o controle positivo, ácido gálico que apresentou inibição (85,20 %) e %CS50 5,066 ± 0,30 μg/mL. Na avaliação do teor de fenólicos totais dos extratos foram encontrados EAG 0,166 mg na casca, EAG 0,040 mg polpa e EAG 0,039 mg semente. No teste FRAP, a capacidade da redução de Fe (III) a Fe (II) dos extratos foram ainda maiores para extratos da casca 114,84 mg/ml, seguido de extratos da semente 66,76 mg/ml e extratos da polpa 60,61 mg/ml. Com base nesses resultados pode-se perceber uma correlação positiva entres os testes demonstrando alto potencial antioxidante para o extrato da casca podendo está relacionado à presença de flavonoides, como foi evidenciado pela análise por LC-DAD-MS.


Figura 1. Cromatograma de LC-DAD-MS da mistura de flavonóides no extrato da casca do mari-mari.

Conclusões

Os flavonoides identificados neste trabalho contribuem significativamente para o conhecimento do perfil químico da Cassia leiandra benth. Substâncias antioxidantes estão presentes, mostrando que o fruto mari-mari é rico em compostos com potencial antioxidante abundante na casca, agregando valor nessa parte do fruto, uma vez que esta é mero resíduo não sendo aproveitada de forma adequada pela população.

Agradecimentos

UFAM, CNPQ.

Referências

RUFINO, M. S. M.; ALVES, R. E.; BRITO, E. S.; JIMÉNEZ, J. P.; CALIXTO, F. S.; FILHO. J. M. (2010). “Bioactive compounds and antioxidant capacities of 18 non-traditional tropical fruits from Brazil” Food Chemistry 121: 996–1002.
ALVES, R. E.; BRITO, E. A.; RUFINO, M. S. M.; SAMPAIO, C. G. (2008). “Antioxidant activity measurement in tropical fruits: A case study with acerola.” Acta Horticulturae 773, 299–305.
YADAV, J.P.; ARYA, V.; YADAV, S.; PANGHAL, M.; KUMAR, S.; DHANKHAR, S. (2010). “Cassia occidentalis L.: A review on its ethnobotany, phytochemical and pharmacological profile.” Fitoterapia 81: 223–230.
SILVA, V. C.; ALVES, A. N.; SANTANA, A.; CARVALHO, M. G.; SILVA, S. L. DA C.; SCHRIPSEMA, J. “Constituintes fenólicos e terpenoides isolados das raízes de Andira fraxinifolia (Fabaceae) Quim. Nova, Vol. 29, No. 6, 1184-1186, 2006.
TROUSDALE, E. K.; SINGLETON, V. L. “Astilbin and engeletin in grapes and wine” Phyrochemistry, Vol. 22, No. 2, pp. 619-620, 1983.


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