ESTUDO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE DE MÉIS SILVESTRES DISTINTOS E ORIUNDOS DE CEARÁ E ESPANHA

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Neto, A.E.V. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Oliveira, W.F.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Felix, J.E.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ)

Resumo

O trabalho consiste na caracterização e comparação do mel vindo do Ceará com outro mel vindo da Espanha. O mel cearense vem do semiárido e da florada do marmeleiro e o mel espanhol é oriundo de climas temperados e vem da florada da laranjeira. O propósito analítico é poder quantificar as concentrações de fenóis totais, flavonóides e a atividade antioxidante de méis vindos de continentes e floradas diferentes. O mel do Ceará se mostrou mais eficiente que o mel da Espanha indicando um melhor potencial antioxidante. Já o mel espanhol mostrou melhores concentrações de Zinco

Palavras chaves

potencial antioxidante; mel; caracterização

Introdução

A pesquisa envolvendo méis silvestres da abelha Apis mellifera de diferentes regiões e de diferentes floradas torna-se relevante por propor um estudo comparativo que relacione o produto da região cearense com outro padrão de mel, nesse caso da Espanha. O mel é o produto das abelhas melíferas a partir do néctar das flores, das secreções de partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores que ficam sobre as plantas. A maioria das plantas produz néctar, usado pelas abelhas para originar o mel e seus componentes bioativos. A composição e a capacidade antioxidante variam com a fonte floral usada para a coleta de néctar e com fatores externos como clima, ambiente e processamento pelo qual tenha passado (BALTRUŠAITYTĖ et al., 2007). A flora da caatinga é diversificada e rica em néctar e pólen. A característica da grande diversidade botânica e diferenciado comportamento fenológico da vegetação de caatinga propicia um escalonamento das floradas durante o ano. A cidade de Madrid é exemplo de cidade com produção melífera. Sendo uma zona densamente povoada, existem muitos consumidores potencialmente interessados em méis de qualidade, produzidos artesanalmente e com específicas características. Vários tipos de mel são produzidos, devido à grande variedade de fontes botânicas associadas a diferentes variações climatológicas e orográficas que podem ser observados em áreas rurais. O mel é uma complexa mistura de carboidratos e de compostos minoritários, produzidos na natureza. Os açúcares representam a porção maior da composição do mel enquanto que as proteínas, aldeídos aromáticos, ácidos carboxílicos aromáticos e seus ésteres, derivados de carotenóides, terpenóides, flavonóides e outros aparecem em menores proporções. (MUÑOZ & COPAJA, 2007).

Material e métodos

As amostras do mel oriundo de Fortaleza-CE foram obtidas através de contato direto com apicultores e o mel de origem espanhola foi adquirido no mercado informal da cidade. As análises físico-químicas dos méis também visam comparar os dois resultados obtidos com padrões ditados por órgãos oficiais internacionais e com os estabelecidos pelo próprio país de origem. Para a obtenção do teor de fenóis totais, foi usado o método de Folin-Ciocalteau Cada amostra de mel (5 g) é diluída em 50 mL de água destilada. Após filtração, a 0,5 mL de cada solução são adicionados 2,5 mL do reagente Folin–Ciocalteau 0,2 N (Sigma-Aldrich Chemie, Steinheim, Germany). Após 5 minutos, são adicionados 2mL de uma solução de Carbonato de Sódio (75g/L) (Na2CO3) e depois de duas horas, a absorbância é determinada a 760nm, contra um branco de metanol (Biomate Spectrophotometer). Uma curva de calibração de Ácido Gálico (Sigma-Aldrich Chemie, Steinheim, Germany) é determinada para que se obtenha o resultado do teor de fenóis em equivalentes de Ácido Gálico. São realizadas análises em triplicata e sua média é expressa em mg de equivalentes de Ácido Gálico (EAG)/100g de mel (SINGLETON, 1999). O teor de flavonóides foi determinado pelo método de Dowd (1959) com adaptações. Uma alíquota de 5 mL de Cloreto de Alumínio (AlCl3) a 2% em metanol será misturada ao mesmo volume de uma solução de mel (0,02mg/mL). As leituras das absorções serão feitas a 415nm tomadas depois de 10 min contra um branco consistindo de 5 mL de solução de mel com 5 mL de metanol sem AlCl3. O conteúdo total de flavonóides será determinado usando uma curva padrão de Quercetina. A atividade antioxidante das amostras de méis foi determinada usando-se o método do DPPH.

Resultado e discussão

A amostra de 5g do mel cearense apresentou aproximadamente 0,75g da massa total, ou seja, aproximadamente 75 mgEAG/100g, do mel possui características de fenóis isolados ou ligados a algum tipo de proteína, enquanto a amostra de mel oriundo da Espanha, apresentou resultados de aproximadamente 37 mgEAG/100g. Pode-se dizer que a eficiência de um antioxidante é determinada, prioritariamente, pelos grupos funcionais presentes, pela posição que ocupam no anel aromático e pelo tamanho da cadeia desses grupos (MELO e GUERRA, 2002). A atividade antioxidante destes compostos fenólicos contribui significativamente para a saúde humana e como o objetivo desse trabalho foi analisar o teor total de fenóis, de flavonóides e a atividade antioxidante de dois méis heteroflorais produzido pela abelha Apis mellifera na cidade de Fortaleza-CE e na Espanha, pode-se dizer que o saldo das análises foi positivo, já que na determinação do conteúdo total de fenóis, usando-se o ácido gálico como padrão para a construção da curva de calibração, os resultados se apresentaram dentro dos padrões encontrados em outros méis brasileiros (LIBERATO et al). Pesquisas relatam na literatura estudos que indicam a análise de 53 méis oriundos da Espanha, que usaram o método de Folin-Ciocalteau para obtenção do Conteúdo Total de Fenóis e o método do DPPH para encontrar a Atividade Antioxidante. De acordo com os autores, a correlação obtida entre a capacidade antioxidante e o conteúdo total de fenóis sugere que os compostos fenólicos são em parte responsáveis pelos efeitos antioxidantes do mel, embora outros fatores também possam estar envolvidos. (PÉREZ et AL, 2007).

Conclusões

A pesquisa proporcionou resultados reais de que existe atividade antioxidante nos méis silvestres de Apis mellifera. Também foi possível observar que as análises indicam uma melhor atividade antioxidante no mel oriundo do Ceará. O clima de cada região diverge em vários aspectos já que a região de apicultura da Espanha é de clima temperado. Já na região nordeste do Brasil, de clima semi-árido, há uma produção de caráter anual, com méis oriundos de diversos tipos de flores. Essa divergência faz com que o teor de compostos fenólicos possa variar, oscilando também a atividade antioxidante.

Agradecimentos

Referências

BALTRUŠAITYTĖ, V., VENSKUTONIS, P. R., ČEKSTERYTĖ, V. Radical Scavenging Activity of Different Floral Origin Honey and Beebread Phenolic Extracts. Food Chemistry. n.101. p.502-514. 2007.

MUÑOZ, O.; COPAJA, S. Contenido de Flavonoides y Compuestos Fenólicos de Mieles Chilenas e Índice Antioxidante. Química Nova, v. 30, n. 4, p. 848-851, 2007.

SINGLETON, V. L.; ORTHOFER, R.; LAMUELA-RAVENTOS, R. M. Analysis of total phenols and other oxidation substrates and antioxidants by means of Folin-Ciocalteu reagent. Methods of Enzymology 299, 152-178, 1999.

LIBERATO, M. da C. T. C. ; MORAIS, S. M. de ; SIQUEIRA, S. M. C. ; MENEZES, J. E. S. A. de ; RAMOS, D. N. ; MACHADO, L. K. A. ; MAGALHAES, I. L. ; Phenolic Content and Antioxidant and Antiacetylcholinesterase Properties of Honeys from Different Floral Origins, JOURNAL OF MEDICINAL FOOD, v. 14 (6), p. 658–663, 2011.

PÉREZ, R. A., IGLESIAS, M. T.; PUEYO, E.; GONZÁLEZ, M.; DE LORENZO, C. Amino Acid Composition and Antioxidant Capacity of Spanish Honeys. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 55, 360-365, 2007.

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