ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Produtos Naturais
Autores
Siqueira, S.L. (UFPE) ; Silva, A.T. (UFPE) ; Vicalvi, M.C.V. (UFPE) ; Araujo, R.O. (UFPE) ; Sena, K.X.F.R. (UFPE) ; Albuquerque, J.F.C. (UFPE)
Resumo
A espécie Enterolobium contortisiliquum (Leguminosae-Mimosoideae), encontra-se distribuída em muitas regiões do Brasil. Trata de uma árvore melífera e frondosa. Essa espécie é empregada na construção civil e paisagismo, na extração de celulose e na medicina popular. É conhecida vulgarmente como Tamboril pela população do sertão nordestino. Foi coletada com o intuito de avaliar a atividade antimicrobiana do extrato de casca. Para a determinação da atividade antimicrobiana foi utilizado o método de difusão em disco de papel. A avaliação foi realizada frente a micro-organismos Gram-positivos, Gram-negativos, álcool ácido resistente e levedura. Os resultados foram comparados com os padrões usuais ciprofloxacina e cetoconazol. O extrato apresentou atividade para micro-organismos Gram positivos.
Palavras chaves
Tamboril; Orelha de macaco; Atividade antimicrobiana
Introdução
A espécie Enterolobium contortisiliquum (Leguminosae-Mimosoideae) é conhecida como Tamboril. Trata de uma árvore melífera e frondosa cujos frutos se assemelham a orelhas, por isso é chamada de orelha de macaco, É originária da América do Sul, está incluída entre as árvores ornamentais. (Lorenzi, 1992). Esta espécie apresenta outros nomes comuns: orelha de negro, araribá, árvore das patacas, cambanambi, chimbó, chimbuva, flor de algodão, orelha de macaco, orelha de onça, orelha de preto, pacará, pau sabão, pau de sabão, tamboi, tambor, tambori, tamboril, tamboril do campo, tamboril pardo, tamborim, tamburé, tamburil, tamburiúva, tambuvé, tambuvi, timbaíba, timbaúva, timbaúba, timbaúva branca, timbaúva preta, timbó, timboíba, timborana, timbori, timboril, timboúba, timbouva, timbuíba, timburi, timburil, timbuva, ximbiuva, ximbó, ximbuva. A enorme variedade de seus nomes é resultado da distribuição da espécie presente nos estados da Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goias, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e S. Paulo. Os frutos são do tipo vagem, indescentes, seco e de cor preta, as sementes são glabras, elipsóides, com tegumento liso e duro, e pequenos, alcançando em média 2 cm e dispersas por zoocoria. O período de floração vai de agosto a janeiro, e de frutificação de maio a outubro. Essa espécie é empregada na construção civil e paisagismo, na extração de celulose e na medicina popular. Esta planta é muito usada na área de conhecimento do urbanismo que surgiu na Europa após a revolução industrial no final do século XIX. Este trabalho teve como finalidade estudar a atividade antimicrobiana da planta Enterolobium contortisiliquum popularmente chamada em Pernambuco por Tamboril.
Material e métodos
A casca de Enterolobium contortisiliquum foi coletada no distrito de Guarani em Terra Nova próximo a BR 232 em Pernambuco, O material botânico seco foi triturado em moinho, pesado e extraído com hexano três vezes consecutivas até esgotamento dos componentes químico apolares. Após filtração o resíduo foi extraído com etanol três vezes consecutivas até esgotamento dos seus componentes químicos polares. O solvente foi evaporado e o extrato seco, pesado e submetido aos testes de atividade antimicrobiana com diferentes micro-organismos da coleção de culturas do Depto de Antibióticos da UFPE. O teste incluiu nove micro-organismos de diferentes classes. Quatro micro-organismos Gram-positivos: Staphylococcus aureus, Micrococcus luteus, Bacillus subtilis, e Enterococcus faecalis; e três Gram-negativos: Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli, e Serratia marcescens e um micro-organismo álcool ácido resistente Mycobacterium smegmatis e a levedura Candida albicans. A atividade antimicrobiana foi avaliada qualitativamente pelo método de difusão em disco de papel com 6 mm de diâmetros, embebidos com 10 µL/mL de soluções dos produtos (solubilizados em DMSO) à concentração de 2000 µg/mL. Os discos foram colocados em placas de Petri sobre a superfície do meio Müeller-Hinton, semeados com os micro-organismos teste e suspensos previamente em soro fisiológico até turbidez de 0,5 da escala McFarland. DMSO foi o controle e as drogas ciprofloxacina e cetoconazol o padrão. As placas foram incubadas a 37 °C durante 24 horas (bactérias) e 30 °C durante 24-48 horas (para leveduras). Os testes foram realizados em triplicatas e os resultados expressos em mm foram calculados pela média aritmética do diâmetro dos halos de inibição formado ao redor dos discos nas três repetições (Bauer et al., 1966).
Resultado e discussão
O extrato hexânico das cascas secas da planta Enterolobium contortisiliquum foi pesado e submetido aos testes de atividade antimicrobiana. Os resultados foram expressos em milímetros para os micro-organismos empregados nesta avaliação. Os resultados encontrados foram os seguintes: para os micro-organismos Gram-positivos Staphylococcus aureus (15 mm), Micrococcus luteus (20 mm) e Bacillus subtilis (15 mm) e Enterococcus faecalis (0 mm). Para o micro-organismo álcool ácido resistente Mycobacterium smegmatis o resultado apresentado foi de 15 mm. Dos quatro micro-organismos Gram-positivos testados, três apresentaram atividades frente ao extrato hexânico da casca de Enterolobium contortisiliquum, porém o Micrococcus luteus mostrou melhor ação antimicrobiana por apresentar o maior halo de inibição entre todos, (20 mm). Para o grupo dos micro-organismos Gram-negativos Pseudomonas aeruginosa, Esherichia coli, e Serratia marcescens não foi evidenciado nenhum halo de inibição frente ao extrato testado, isto demonstra que o material não foi eficiente frente aos micro-organismos testados. O representante do grupo álcool ácido resistente Mycobacterium smegmatis foi inibido com halo de (15 mm). Este halo inibitório foi visto como considerável. O extrato hexânico de casca de tamboril também não foi eficiente á levedura Candida albicans, visto que, não houve formação de halo. Foi observado que não houve inibição de crescimento para nenhum dos Gram-negativos, nem para o Gram-positivo Enterococcus faecalis e tampouco para a levedura C. albicans. Segundo alguns padrões da literatura halos iguais ou superiores a 10 mm de diâmetro são tidos como satisfatórios no processo de inibição de micro-organismos sendo os demais números abaixo de 10 desconsiderados como ativo (AWADH-ALI et al., 2001).
Conclusões
O extrato etanólico da casca do Enterolobium contortisiliquum possui substâncias ativas para bactérias Gram-positivas S. aureus, M. luteus, e B. subtilis, e para o representante do grupo álcool ácido resistente M. smegmatis. Nenhum dos Gram-negativos testados apresentou sensibilidade. O extrato também não formou halo frente à levedura Candida albicans. O micro-organismo Gram-positivo Micrococcus luteus foi o mais inibido pelo extrato, com o maior halo de inibição (20 mm). O solvente polar, etanol, possibilitou a extração de princípios ativos antimicrobianos que produziram halos consideráveis.
Agradecimentos
Ao CNPq pelo financiamento. Aos alunos do laboratório de Microbiologia do Departamento de Antibióticos da UFPE pela cooperação nos testes realizados.
Referências
1. BAUER, A.W.; KIRBY, W.M.M. SHERRIS, J. C.; TURCK, M. Antibiotics susceptibility test by a standardized single disk method. Am J Clinl Pathl 45:.493-494, 1966.
2. AWADH-ALI, N. A., JULICH, W.D., KUSNISCK, C., LINDEQUIST, U. Journal of ethnophamacology 74-173, 2001.
3. LORENZI, H. Árvores Brasileiras, São Paulo, Ed. Plantarum, 1: 440, 1992.