Determinação das atividades antimicrobiana e antioxidante e dos teores de fenóis e flavonoides em extratos orgânicos de Campomanesia guazunifolia

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Silva, E.R.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MATO GROSSO DO SUL) ; Aliatti, L.N.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS) ; Brait, D.R.H. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS) ; Queiroz, E.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MATO GROSSO DO SUL) ; Batistote, M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MATO GROSSO DO SUL) ; Negrão, F.J. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS) ; Cardoso, C.A.L. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MATO GROSSO DO SUL)

Resumo

A Campomanesia guazunifolia ainda apresenta poucos estudos com relação à composição química e ao seu potencial biológico. Este estudo foi avaliado as atividades antimicrobiana e antioxidante empregando o DPPH, e os teores de fenóis e flavonoides presentes em extratos de folhas e frutos de C.guazunifolia. O material vegetal in natura foi triturado e foram preparados extratos das folhas e frutos, com hexano, acetato de etila e etanol. Os extratos etanólicos das folhas e frutos foram os que apresentaram os maiores teores de fenóis e também os maiores percentuais de inibição. Nos extratos de folhas todos apresentaram inibição aos microrganismos testados enquanto nos extratos dos frutos nenhum apresentou inibição nas condições testadas.

Palavras chaves

bactérias; fungos; potencial biológico

Introdução

No Brasil, a família Myrtaceae possui representantes de grande interesse medicinal. Estudos relatam a presença de substâncias químicas com potenciais farmacológicos presentes em folhas, flores, frutos, caule e raiz de várias plantas dessa família (Cardoso e Ré-Poppi, 2009; Donati, 2009; Rocha, 2011). Na medicina popular, Campomanesia sp.são utilizadas para o tratamento de diarreias, leucorreia, problemas estomacais, problemas do trato urinário, dentre outros. Esta potencialidade farmacológica pode ser devido à presença de flavonoides e polifenóis encontrados em espécies deste gênero, substâncias estas que possuem atividade antioxidante e anti-inflamatória (Barbosa, 2009). A variação sazonal nos teores de flavonóides pode aumentar ou diminuir a atividade antioxidante deC. adamantiun(Coutinho et al.,2010). A espécie Campomanesia guazumifolia (Cambess.) O. Berg (Myrtaceae) é empregada na medicina popular em alguns tratamentos. Neste trabalho foram avaliadas as atividades antimicrobiana e antioxidante, e os teores de fenóis e flavonoides presentes em extratos de folhas e frutos deC. guazunifolia.

Material e métodos

A espécie foi coletada na cidade de Dourados-MS e a exsicata foi depositada no Herbário da UFGD em Dourados-MS. O material vegetal in natura foi triturado e foram preparados extratos de suas folhas e frutos. As amostras, separadamente, foram colocadas em contato com hexano, acetato de etila e etanol, sequencialmente, para extração de seus constituintes. Efetuou-se a separação por filtração simples e os extratos obtidos foram secos em capela. Os extratos na foram diluídos em metanol para realização dos testes. Para determinação da atividade antimicrobiana foram usadas 3 cepas de bactérias Staphylococcus aureus,Escherichia coli, Enterococcus sp. e um fungoCandida albicans empregado o método da difusão em Agar (Bauer et al., 1966) nas concentração de 3000 µg/mL, 300 µg/mL, 30 µg/mL, 3 µg/mL. Para determinação de flavonoides, empregando a concentração de 1000 µg/mL foi empregado cloreto de alumínio 10% (Lin; Tang, 2007) e leitura 415nm e para fenóis foi empregada a mesma concentração do teste de flavonoides e foi utilizado reagente Folin- Ciocalteau (1:10 v/v) com leitura 760nm (Djeridane et al., 2006) para a atividade antioxidante empregou-se como reagente o DPPH (1,1-difenil-2-picril- hidrazila) com a leitura em espectrofotômetro de 517nm (Mokbel; Hashinaga, 2006).

Resultado e discussão

Os resultados obtidos mostram que os teores de fenóis foram maiores que os teores de flavonoides para o extrato etanólico de folhas e frutos. Para o extrato hexânico dos frutos esta relação é similar ao extrato etanólico, porém para o extrato hexânico das folhas esta relação é inversa (Figura 1). Os maiores percentuais de inibição foram obtidos para o extrato etanólico dos frutos e os menores para o extrato hexânico das folhas (Figura 2). A atividade antioxidante é influenciada pelos flavonoides, estes mesmos podem colaborar com outras atividades farmacológicas (Coutinho et al., 2010; Barbosa el al., 2009). Todos os extratos de folhas apresentaram inibição aos microrganismos. O extrato etanólico de folhas apresentaram halos de inibição de 20 mm na concentração de 3000 µg/mL para E.coli, e 10 mm para E. sp e S. aureaus. O extrato acetato de etila apresentou halos de inibição de 10 mm frente à bactéria E. coli, S. aureaus e o fungo C.albicans em 3000 µg/mL. O extrato hexânico na concentração de 3000 µg/mL apresentaram halos de inibição de 2 mm para a bactéria E. sp. e S. aureaus. Nenhum dos extratos dos frutos apresentou inibição aos microrganismos testados. Nos extratos das folhas e em óleos essenciais de Campomanesia xanthocarpafoi observado à ação antifúngica e antibacteriana (Silva, 2011; Cavalcanti et al., 2012).

FIGURA 1

Teores de fenóis e flavonóides em extratos de folhas e frutos de C. guazunifolia.

FIGURA 2

Atividade antioxidante dos extratos de folhas e frutos de C. guazunifolia.

Conclusões

Os extratos etanólicos das folhas e frutos foram os que apresentaram os maiores teores de fenóis e também os maiores percentuais de inibição. Nos extratos dos frutos quanto maior o teor de fenóis maior foi o teor de flavonoides enquanto nos extratos das folhas esta relação não foi diretamente proporcional. A atividade antioxidante em todos os extratos foi maior nas concentrações mais elevadas. Todos os extratos das folhas na maior concentração apresentaram halo de inibição para S. aureus. Os extratos dos frutos não apresentaram atividade antimicrobiana nas condições testadas.

Agradecimentos

A CAPES e CNPq pelas bolsas concedidas e ao CNPQ e FUNDECT pelo apoio financeiro e ao Programa de Recursos Naturais pela oportunidade.

Referências

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