PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA PREMILIMINAR E AVALIAÇÃO DO EFEITO TOXICOLÓGICO DO EXTRATO ETANÓLICO DAS CASCAS DO CAULE DE TERMINALIA FAGIFOLIA

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

e Silva Alves, P. (UESPI) ; Henrique Pinheiro Paz, W. (UESPI) ; Gonzaga Sousa, H. (UESPI) ; Paiva dos Santos, R. (UESPI)

Resumo

As plantas apresentam substâncias biodisponíveis que são capazes de causar alterações metabólicas no organismo, denominadas plantas tóxicas. Tais alterações são reconhecidas como sintomas de intoxicação. A análise fitoquímica tem por finalidade conhecer os constituintes químicos das espécies vegetais, permitindo a identificação dos grupos de metabólitos secundários relevantes. Este trabalho tem como objetivo realizar a investigação fitoquímica e avaliar o efeito toxicológico pelo método em diferentes concentrações no crescimento radicular de <i>Allium cepa</i> L pelo método de Tukey. Constatou-se a presença de esteroides, triterpenóides, flavonoides, taninos e saponinas. Na avaliação toxicológica foi verificada atividade nas concentrações utilizadas.

Palavras chaves

Terminalia fagifolia; avaliação toxicológica; prospecção fitoquímica

Introdução

As plantas medicinais têm ganhado cada vez mais espaço por sua contribuição como fonte natural de fármacos e por indicarem moléculas-protótipos decorrentes da grande diversidade de constituintes presentes [3]. Tem-se observado nas últimas décadas um grande avanço científico no estudo dos vegetais, devido em grande parte, aos processos vitais de biossíntese os quais são responsáveis pela formação, acúmulo e degradação de inúmeras substâncias orgânicas no interior das células que formam os diversos tecidos dos organismos animais e vegetais [5]. O estudo fitoquímico desta planta indicou a presença de compostos como triterpenóides pentacíclicos e seus derivados glicosilados, saponinas, flavonoides (flavononas, chalconas e flavanas), taninos, um esteróide, o silesterol, dentre outros compostos [2]. Entretanto, da grande variedade de compostos produzidos pela atividade humana criou-se a necessidade da ciência denominada toxicologia que define os limites de segurança dos agentes químicos que podem produzir danos em uma situação específica [5]. Entre as diversas plantas utilizadas com fins medicinais encontra-se a Terminalia fagifolia. Na medicina popular a casca do caule é usada no combate a aftas e tumores, para o tratamento de distúrbios intestinais e em processos de cicatrização entre outras [1]. Este trabalho tem como objetivo realizar uma prospecção fitoquímica preliminar e avaliar o efeito toxicológico pelo método em diferentes concentrações no crescimento radicular de <i>Allium cepa</i> L pelo método de Tukey do extrato etanólico das cascas do caule de Terminalia fagifolia.

Material e métodos

O material vegetal foi coletado no município de Itainópolis-PI, e colocadas para secar a temperatura ambiente. Foram pesados 354,2 g do material seco e triturado e submetido a extração com etanol, utilizando a maceração como método. O extrato foi rota-evaporado e em seguida realizou-se os ensaios da avaliação toxicológica e de triagem fitoquímica. A avaliação toxicológica foi feita pelo método estatístico de Tukey. O extrato foi diluído nas concentrações de 0,5; 1,0; 1,5; e 2,0 mg/mL e utilizadas no ensaio com <i>A. cepa</i>. Sementes de cebola cv Vale-Ouro IPA-11 foram germinadas em placas de Petri com água destilada e após 7 dias, as sementes foram colocadas nos tratamentos que variaram de acordo com a concentração do extrato, sendo: T1 (controle negativo) –água destilada; T2: 2,5mg/mL; T3: 5mg/mL; T4: 10mg/mL e T5: (controle positivo) – Trifluralina 0,84ppm. Cada tratamento foi preparado em placas de Petri com 50 sementes e 20 mL de cada solução e após 24h, o comprimento das raízes foi medido com auxílio de uma régua milimétrica. Os dados foram analisados pelo teste de Kruskal - Wallis. As análises estatísticas foram realizadas com auxílio do programa ASSISTAT a 5% de probabilidade, para a análise da toxicidade no qual foram comparadas as médias do comprimento das raízes. Os testes de triagem fitoquímica foram obtidos, de acordo com propriedades físico-químicas das substâncias, tal como as reações qualitativas de coloração e precipitação. Foram realizados os testes para a pesquisa de saponinas (teste de espuma), esteróides e triterpenóides (reação de Liebermann Burchard), flavonóides (reação de Shinoda), taninos (reação com cloreto férrico) e para antocianinas e antocianidinas utilizou-se reações com os respectivos pH: 3, 8,5 e 11 [4].

Resultado e discussão

Na avaliação da toxicidade a análise de variância dos dados de medida mostrou diferenças no comprimento das raízes. Verificou-se que o comprimento médio geral das raízes foi de 2,56 cm, sendo os menores comprimentos e amplitude [1,0 – 2,0 cm] dos dados observados para o T5. Quando submetidos ao teste comparativo de Kruskal-Wallis a 5 % de probabilidade, verificou-se que houve diferença significativa entre as médias de comprimento das raízes. O controle negativo apresentou maior média (3,21 cm) e o controle positivo a menor (1,49 cm). Com o aumento da concentração do extrato observou-se a diminuição do comprimento da raiz, indicando que o extrato etanólico foi tóxico, uma vez que inibiu o crescimento radicular. Os dados foram submetidos à análise de regressão linear no programa GENES. A equação estimada Y = 3,352-0,1702X; R2 90,71, indica que a alteração de 1 unidade de medida (u.m) na concentração do extrato etanólico de T. actinophylla altera o comprimento médio das raízes em 5,08%. Na triagem fitoquímica foram detectados os constituintes como mostra a figura 1, concordando com o que já é conhecido na literatura, que caracteriza saponinas e taninos, como os principais constituintes do extrato da casca do caule de T. fagifolia [2]. A reação com anidrido acético + ácido sulfúrico concentrado) resultou na presença de triterpenóides pentaciclicos livres caracterizada pela coloração vermelha. Na reação com FeCl3, apresentou coloração verde indicando a presença de taninos condensados. Para a reação de clorofórmio, resultou na presença de saponinas, caracterizada pela presença de espuma persistente e abundante, já na reação de magnésio com HCl concentração resultou na presença de flavonóis, flavononas e xantonas indicados pela coloração vermelha mostrada na figura 1 [4].

Tabela 1:

Resultado da prospecção fitoquímica preliminar do extrato etanólico de Terminalia fagifolia, (+) composto presente (-) composto ausente.

Figura 1:

Constituintes químicos presentes no extrato etanólico T. fagifolia.

Conclusões

O teste para avaliação do efeito toxicológico comprovou-se que o extrato etanólico foi tóxico, uma vez que inibiu o crescimento radicular. Na triagem fitoquímica constatou-se a presença de taninos, flavonóis, flavononas, xantonas, esteróides, triterpenóides e saponinas. Com isso fica evidente que novos estudos devem ser realizados com a Terminalia fagifolia para investigar propriedades farmacológicas.

Agradecimentos

A Universidade Estadual do Piauí pelo apoio financeiro, e a Prof. Dr. Renata Paiva dos Santos pela orientação e compreensão.

Referências

[1] ALMEIDA, S. P.; PROENÇA, C. E. B.; SANO, S. M.; RIBEIRO, J. F.; Cerrado: espécies vegetais úteis, EMBRAPA-CPAC: Planaltina, Distrito Federal, 1998.
[2] GARCEZ, F. R.; GARCEZ, W. S.; SANTANA, A. L. B. D.; ALVES, M. M.; MATOS, M. F. C.; Scaliante, A. M.; J. Braz. Chem. Soc. 2006.
[3] MARTINS, E. R.; CASTRO, D. M.; CASTELLANI, D. C.; DIAS, J.E.; Plantas medicinais. Viçosa: UFV, 2000.
[4] MATOS, F. J. A. Introdução à Fitoquímica Experimental. 2 ed. Fortaleza: Edições UFC, 1997.
[5] SANTOS, E. M. Floristica Etnobotânica e Tipagem Fitoquímica de espécies medicinais de uso popular nos cerrados dos municípios de Caxias e Timon, Maranhão. Seminário de Iniciação Científica da UEMA, 2002.
[6] SCHVARTSMAN, S. Intoxicações Agudas. São Paulo: Sarvier, 1985. p.355.
[7] SILVA N. L. A, Miranda F. A. A, Conceição GM. Triagem Fitoquímica de Plantas de Cerrado, da Área de Proteção Ambiental Municipal do Inhamum, Caxias, Maranhão. Scientia Plena, 2010.

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