ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Produtos Naturais
Autores
Silva, S.G. (UFPA) ; Bichara Junior, T.W. (MPEG) ; Andrade, E.H.A. (UFPA) ; Santos, L.S. (UFPA) ; Maia, J.G.S. (UFPA) ; Nascimento, L.D. (MPEG) ; Pinheiro, R.O. (UFPA) ; Cardoso, J.L.V. (UFPA) ; Dias, S.L.C. (UFPA)
Resumo
Os constituintes voláteis obtidos das folhas/ramos (fresco e seco) da espécie Lippia thymoides Mart. & Schauer (VERBENACEAE) cultivada no Município de Abaetetuba, Pará, por hidrodestilação e destilação e extração simultânea, foram analisados por cromatografia de fase gasosa/espectrometria de massas (CG/EM). O melhor rendimento de óleo foi encontrado nas folhas/ramos frescos (2,53%). Os constituintes químicos majoritários identificados nos óleos e concentrados voláteis foram timol (59,1-74,8%), γ-terpineno (3,52-9,54%), p-cimeno (3,77-9,15%), acetato de timol (6,71-7,99%) e β-cariofileno (1,99-4,3%).
Palavras chaves
Lippia thymoides ; Óleo essencial; Timol
Introdução
Lippia é o segundo maior gênero da família Verbenaceae, possuindo cerca de 254 espécies localizadas, em especial, nas regiões tropical e temperada do Brasil, Paraguai, Argentina, África e América Central (PASCUAL et al., 2001, PIMENTA et al., 2007, GOMES et al., 2011, SOARES & TAVARES-DIAS, 2013). O território brasileiro é um dos grandes centros de diversidade do gênero Lippia com 70-75% das espécies conhecidas, as quais estão localizadas em áreas como: Chapada Diamantina (Bahia), Campos Rupestres (Goiás) e Cadeia do Espinhaço (Minas Gerais), (PIMENTA et al., 2007 apud SALIMENA, 2002; VICCINI, 2005). A utilização dessa espécie em vários tratamentos na medicina tradicional desencadeou uma série de estudos realizados, em várias áreas, com óleos e extratos comprovando que o gênero Lippia tem ação sedativa, antiespamódica, estomáquica, anti-inflamatória e antipirética, efeito antisséptico e cicatrizante, ação contra a malária, no tratamento de hipertensão e combate à sarna (PASCUAL et al.; 2001, GOMES et al., 2011; SOARES & TAVARES-DIAS, 2013). Lippia thymoides é um arbusto ca. 1,0 m altura (SALIMENA & SILVA, 2009), conhecida popularmente como alecrim-do-mato ou alecrim-do-campo, a qual é usada na medicina popular como digestivo e antirreumático, assim como nos banhos (amacis) e no candomblé (ALMEIDA, 2011). Na região Amazônica, em especial em Abaetetuba-PA, é conhecida como manjerona e o chá de folhas e ramos é utilizado tradicionalmente como antitérmico. Essa planta aromática é endêmica brasileira dos estados da Bahia e Minas Gerais, sobretudo nas áreas de vegetação da caatinga e cerrado desses estados (SALIMENA & MULGURA, 2014). O objetivo deste trabalho foi avaliar a composição química dos voláteis e o rendimento de óleo essencial das folhas/ramos de L. thymoides.
Material e métodos
A espécie L. thymoides foi cultivada no município de Abaetetuba, Pará. Folhas/ramos (fresca e seca) foram submetidas à hidrodestilação em sistema de vidro do tipo Clevenger modificado, e Destilação Extração Simultânea (DES), em um extrator tipo Nickerson & Likens utilizando n-pentano como solvente, ambos acoplados a sistema de refrigeração para manutenção da água de condensação entre 05-15 oC, durante 3 e 2 h, respectivamente. Os óleos essenciais obtidos foram centrifugados, desidratados com Na2SO4 anidro. A composição química dos voláteis foi analisada através de Cromatografia de Fase Gasosa/Espectrometria de Massas em sistema Thermo DSQ-II equipado com coluna capilar de sílica DB-5MS (30 m x 0,25 mm; 0,25 mµ de espessura do filme) nas seguintes condições operacionais: programa de temperatura: 60°-240°C, com gradiente de 3° C/min); temperatura do injetor: 250° C; gás de arraste: hélio (velocidade linear de 32 cm/s, medida a 100° C); injeção sem divisão de fluxo (0,1 µL de uma sol. 2:1000 de n-hexano); temperatura da fonte de íons e outras partes 200° C. O filtro de quadrupolo varreu na faixa de 39 a 500 daltons a cada segundo. A ionização foi obtida pela técnica de impacto eletrônico a 70 eV. A identificação dos componentes químicos foi baseada no índice retenção linear (Índice Kováts) calculado em relação aos tempos de retenção de uma série homóloga de alcanos e no padrão de fragmentação observados nos espectros de massas, por comparação destes com amostras autenticas existentes nas bibliotecas do sistema de dados e da literatura (ADAMS, 2007).
Resultado e discussão
O rendimento do óleo essencial (mL/100g) obtidos por hidrodestilação foi de 2,53% para folhas/ramos frescos e 1,56% para os secos. Na Tabela 1, encontram-se relacionados os componentes químicos e os índices de retenção (IR), em ordem crescente, obtidos dos óleos essenciais (HD) e concentrados voláteis (DES) das folhas/ramos (seco e fresco). Foram identificados 41 constituintes representando de 92,3 a 99,4% do conteúdo total dos constituintes voláteis. Nos óleos essenciais e concentrados pentânicos analisados predominaram monoterpenos, principalmente, timol (59,1 a 74,8%), seguido de γ-terpineno (3,52 a 9,54%) e p-cimeno (3,77-9,15%), além do acetato de timol (6,71 a 7,99%) e do hidrocarboneto sesquiterpênico β-cariofileno (1,99 a 4,3%).
Tabela 1: Constituintes voláteis de folhas/ramos (fresco e seco) de L. thymoides obtidos por HD e DES
Conclusões
O maior rendimento de óleo essencial foi obtido das folhas/ramos frescos. Os voláteis do óleo essencial e concentrado pentânico apresentaram perfil químico semelhante, cujo constituinte principal foi timol, o qual é reportado na literatura como um potente antimicrobiano e inseticida, empregado no controle de ácaros e micoses (dedo e unha), além de outros usos como aromatização de alimentos, anestésico, antisséptico bucal, etc.
Agradecimentos
UFPA; MPEG; SEDUC-PA
Referências
ADAMS, R.P. Identification of essential oil components by gás chromatography / mass spectrometry. Illinois: AlluredPublishing Corporation, 2007.
ALMEIDA, MARA ZÉLIA DE. Plantas medicinais. 3. ed. - Salvador : EDUFBA, 2011.221 p.
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PIMENTA, M.R; FERNANDES L.S.; UANDERSON J. PEREIRA, U.J.; GARCIA, L.S.; LEAL, S.R.; LEITÃO S.G.; SALIMENA, F.R.G.; VICCINI, L.F. e PEIXOTO, P.H. Floração, germinação e estaquia em espécies de Lippia L. (Verbenaceae). Revista Brasil. Bot., V.30, n.2, p.211-220, 2007
SALIMENA, F.R.G. & SILVA, T.R.S. Flora de Grão-Mogol, Minas Gerais: Verbenaceae. Bol. Bot. Univ. São Paulo 27(1): 119-120. 2009.
GOMES, S.V.F; NOGUEIRA, P.C.L e MORAES, V.R.S. Aspectos químicos e biológicos do gênero Lippia enfatizando Lippia gracilis Schauer. Ecletica. Química, São Paulo, v.36, n.1 ,2011.
PASCUAL, M.E.; SLOWING, K.; CARRETERO, M E.; VILLAR, A. Lippia: tradicional uses, chemistry and pharmacology: a review. Journal of Ethnopharmacology, v.76, p. 201-214, 2001.
SALIMENA, F.R.G.; MULGURA, M. Lippia in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB21457>. Acesso em: 17 Mar. 2014
SOARES & TAVARES-DIAS. Espécies de Lippia (Verbenaceae), seu potencial bioativo e importância na medicina veterinária e aquicultura. Biota Amazônia, v. 3, n. 1, p. 109-123, 2013.