ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Produtos Naturais
Autores
Santos, T.C.M. (IQB-UFAL) ; Nazário, J.L. (DQ-UNEAL) ; Conserva, L.M. (IQB-UFAL) ; Lemos, R.P.L. (IMA-AL)
Resumo
O mosquito Aedes aegypti é o vetor que transmite as arboviroses responsáveis pela dengue,doença considerada atualmente um importante problema de saúde pública mundial. A estratégia mais amplamente utilizada para diminuir a incidência dessa doença consiste principalmente em controlar a população de larvas do mosquito através do uso de bactérias (Bacillus spp.),reguladores de crescimento de insetos e, principalmente de organofosforados.A ocorrência cada vez maior de populações de mosquitos resistentes, devido ao uso contínuo deste e outros inseticidas, além da poluição ambiental e toxicidade, tem estimulado a procura por métodos de controle alternativos. Deste modo,o presente trabalho descreve a avaliação frente larvas do 4º instar do A.aegypti de extratos da Sideroxylon obtusifolium.
Palavras chaves
Sideroxylon obtusifolium; Aedes aegypti; Larvicida
Introdução
A dengue é uma infecção re-emergente que vem preocupando o setor de Saúde Pública, em todo o mundo, dada a sua circulação e seu grande potencial em causar formas graves e letais. É causada por quatro sorotipos de arbovírus do gênero Flavivirus, família Flaviviridae, cuja transmissão é feita pela fêmea do mosquito Aedes aegypti (Gubler, 2004). Atualmente é uma das mais importantes arbovirose e constitui um sério problema de saúde pública. Estima-se que entre 50 a 100 milhões de pessoas se infectem anualmente em todo o mundo e cerca de 550 mil doentes necessitam de hospitalização e 20 mil morrem devido às complicações (Garcez et al., 2013). De acordo com o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, dados de até a 20ª semana de 2014 apontam para 450.091 casos em todo o país, onde o maior número de casos está concentrado na Região Sudeste (57,6%), seguida das regiões Centro-Oeste (19,5%), Nordeste (9,6%), Sul (7,9%) e Norte (5,4%). Somente neste ano, já foram confirmados 217 casos de dengue grave e 2.816 casos com sinais de alarme. A espécie Sideroxylon obtusifolium, conhecida popularmente como “quixabeira, quixaba, sacutiaba, coronilha, maçaranduba-da-praia, rompe gibão”, entre outros, é uma frutífera de ocorrência frequente na caatinga do Nordeste, Vale do São Francisco e na restinga litorânea desde o Ceará até o Rio Grande do Sul (Agra et al., 2007; Silva et al., 2012). É amplamente utilizada na medicina popular como analgésica e anti-inflamatória (Araújo-Neto et al., 2010), adstringente, tônica, e antidiabética, sendo as cascas a parte mais utilizada (Agra et al., 2007; Pedrosa et al., 2012). Seus frutos e folhas têm sido utilizados na alimentação humana e animal e nas construções rurais (Silva et al., 2012).
Material e métodos
Cascas de S. obtusifolium foram coletadas em fevereiro de 2012, no município de Arapiraca-AL. As serragens das cascas (2,72 kg), obtidas após secagem e trituração, foram extraídas através de maceração com EtOH 90%. O extrato bruto obtido (2,21 g) foi suspenso em solução MeOH-H2O (3:2) e extraído sucessivamente com hexano [ssb (13,68 g) e ppt (67,59 g)], CHCl3 (5,48 g), AcOEt (5,28 g) e hidroalcoólica (245,67 g). Estas frações, bem como o ppt, foram avaliadas na concentração de 250 ppm, em duas repetições, com 15 larvas do 4o instar, conforme metodologia descrita por Oliveira e cols. (2010). Larvas de A. aegypti foram criadas e mantidas no insetário a uma temperatura média de 27 +/- 2oC e umidade relativa do ar de 80 +/- 4%, com fotoperíodo de aproximadamente 12 horas.
Resultado e discussão
Dentre as amostras avaliadas, somente as frações em CHCl3 (100% de mortalidade em
24h) e em hexano (60% em 24h e 66,67% em 48h) apresentaram resultados promissores.
A fração em CHCl3 (DL50 100,08 ppm; LC95 88,74-110,93 ppm) foi fracionada em gel
de sílica e em Sephadex LH-20 conduzindo ao isolamento de dois compostos que no
momento se encontram em fase de obtenção de dados espectrais.
Conclusões
Os resultados até então obtidos com os extratos e frações das cascas sugerem que a espécie S. obtusifolium tem potencial como um possível larvicida.
Agradecimentos
CNPq, FAPEAL, IMSEAR e CAPES pelo apoio financeiro e Bolsa de estudo.
Referências
AGRA, M.F.; BARACHO, G.S.; BASÍLIO, I.J.; Freitas, P.F.; Barbosa-Filho, J.M. Sinopse da flora medicinal do Cariri Paraibano. Oecologia Brasiliensis v.13 (3), 323-330, 2007.
ARAUJO-NETO, V.; BOMFIM, R.R.; OLIVEIRA, V.O.B.; PASSOS, A.M.P.R.; OLIVEIRA, J.P.R.; LIMA, C.A.; MENDES, S.S.; ESTEVAM, C.S.; THOMAZZI, S.M. Therapeutic benefits of Sideroxylon obtusifolium (Humb. ex Roem. & Schult.) T.D. Penn., Sapotaceae, in experimental models of pain and inflammation. Revista Brasileira de Farmacognosia v.20 (6), 933-938, 2010.
GARCEZ, W. S.; GARCEZ, F. R.; SILVA, L. M. G. E.; SARMENTO, U.C. Substâncias de origem vegetal com atividade larvicida contra Aedes aegypti. Revista Virtual Quimica v.5 (3), 363-393, 2013.
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PEDROSA, K.; GOMES, D.S.; LUCENA, C.M.; PEREIRA, D.D.; SILVINO, G.S.; LUCENA, R.F.P. Uso e disponibilidade local de Sideroxylon obtusifolium (Roem. & Schult.) T.D. Penn. (Quixabeira) em três regiões da depressão sertaneja da Paraíba, Nordeste do Brasil. BIOFAR, ISSN 1983-4209, Vol. Especial, 158-183 (www.uepb.edu.br/biofar), 2012.
OLIVEIRA, P.V.; FERREIRA JÚNIOR, J.C.; MOURA, F.S.; LIMA, G.S.; OLIVEIRA, F.M.; OLIVEIRA, P.E.S.; CONSERVA, L.M.; GIULIETTI, A.M.; LEMOS, R.P.L. Larvicidal activity of 94 extracts from ten plant species of northeastern Brazil against Aedes aegypti L. (Diptera: Culicidae). Parasitologiy Research v.107, 403-407, 2010.
SILVA, K.B.; ALVES, E.U.; DE OLIVEIRA, A.N.P. Avaliação de sementes de Sideroxylon obtusifolium sob diferentes condições de armazenamento. Revista de Ciências Agro-Ambiental, Alta Floresta-MT, v.10 (1), 69-80, 2012.
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