EFEITO ALELOPÁTICO DA FRAÇÃO SEMI PURIFICADA DO CROTON RHAMNIFOLIOIDES PAX & K. HOFFM EM FASE ACETATO DE ETILA NA GERMINAÇÃO E CRESCIMENTO INICIAL DE LACTUCA SATIVA L.

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Barbosa Bezerra, G. (UFRPE/RECIFE) ; Lopes Bandeira Delmiro Santana, A. (UFRPE/SERRA TALHADA) ; Oliveira de Sousa, K.M. (UFRPE/SERRA TALHADA)

Resumo

Para avaliar o efeito alelopático da fração semi purificada da fase em acetato de etila obtida da partição do extrato etanólico das folhas de C. rhamnifolioides. Fracionamos e estudamos a fase através das técnicas de cromatografia, do teste de germinação, e avaliação do potencial alelopático. Deste modo, analisamos alguns parâmetros de germinação das sementes, e o crescimento inicial (hipocótilo e radícula) das plântulas de Lactuca sativa L.. Os quais foram submetidos à análise de variância pelo teste de Tukey à 5%. Mostrando uma diferença significativa na germinação e crescimento inicial das plântulas de L sativa L.. Assim, a fração 5-7 do C. rhamnifolioides apresentou efeito alelopático sobre o crescimento inicial das plântulas de L. sativa L.

Palavras chaves

Caatinga; Croton rhamnifolioides; Alelopatia

Introdução

As plantas competem por luz, água e nutrientes, revelando uma concorrência constante entre as espécies que vivem em comunidade. Essa concorrência contribui para a sobrevivência das espécies no ecossistema, e algumas desenvolvem mecanismos de defesa que se baseiam na síntese de determinados metabólitos secundários, liberados no ambiente e que irão interferir em alguma etapa do ciclo de vida de outra planta (Sampietro, 2001 apud Alves et al. 2004). Essa interferência é devida a um processo chamado alelopatia, que segundo Goldfarb et al. (2009) é qualquer efeito direto ou indireto, benéfico ou prejudicial, de uma planta sobre outra, mediante produção de compostos químicos que são liberados no ambiente. No bioma Caatinga, que abrange todos os estados da região Nordeste, há presença de algumas plantas com essas características. Podemos destacar o gênero Croton, o maior representante da família Euphorbiaceae. Dentro desse gênero, damos realce à espécie do Croton rhamnifolioides Pax & K. Hoffm., que segundo Randau et al. (2004) é “conhecido popularmente como quebra faca ou caatinga branca, sendo bastante utilizado no tratamento de dores no estômago, mal estar gástrico, vômitos, diarréia com sangue e para atenuar febres”. De acordo com Torres (2008), estudos fitoquímicos, sobre o gênero Croton no Brasil, indicaram a presença de 109 compostos de diferentes classes químicas como os diterpernos, alcaloides, flavonoides e triterpenos. Mas ainda há escassez de estudos sobre o potencial alelopático dessa espécie nativa. Diante do exposto, temos por objetivo avaliar o efeito alelopático de extratos semi purificados da fase em acetato de etila obtida da partição do extrato etanólico das folhas de C. rhamnifolioides como fonte natural para produção de aleloquímicos.

Material e métodos

Utilizamos 0,7302g do extrato orgânico da fase Acetato de Etila do C. rhamnifolioides, e submetemos a testes cromatográficos, obtendo 20 frações. Posteriormente as que apresentaram semelhanças foram reunidas, sendo elas: 2-4 (4mg), 5-7 (247mg), 8-9 (19mg), 10-11(69mg), 12-14 (40mg), 15-17 (3mg), e 18-20 (9mg). Em seguida foi realizado teste de germinação com as mesmas, onde foram distribuídos em placas de Petri revestidas com duas folhas de papel filtro, previamente autoclavadas, 5mL das frações previamente reunidas e dissolvidas em CH3OH (100%), com concentração de 1mg/mL para todas. As placas permaneceram abertas por 12 horas para que todo solvente fosse evaporado. Em seguida foram selecionados 20 aquênios de Lactuca sativa L.. As placas fechadas foram colocadas em estufa D. B. O. sob temperatura de 20º C, na ausência da luz. A germinação dos aquênios foi monitorada durante 7 dias consecutivos, com a primeira contagem após 24horas. Foram considerados germinados os aquênios que possuíam 2 mm ou mais de radícula segundo Brasil (1992). Após, foram escolhidas as frações 5-7 e 10-11 para serem utilizadas no bioensaio de germinação, por estas apresentarem melhor inibição dos aquênios de L. sativa. Assim, submetemos a fração 5-7 nas concentrações 0,01; 0,1 e 1,0 mg.mL-1 a três tratamentos com quatro repetições totalizando doze tratamentos, ainda quatro controles de cada concentração e o controle (água destilada).Os parâmetros analisados foram o índice de velocidade de germinação (IVG) e percentagem de germinabilidade (%G) segundo Ferreira e Borghetti (2004). Os valores de percentagem da germinação foram transformados, utilizando-se a função arco seno √(x/100) (LABOURIAU, 1983 apud SANTOS et al. 2013).Consideramos o crescimento inicial da radícula e do hipocótilo.

Resultado e discussão

A partir da análise disposta em quadruplicata para as frações 5-7 e 10- 11(1mg/mL), obtivemos para a primeira um total de 3 aquênios germinados e para a última 9 aquênios germinados, em relação ao controle com apenas 11. Desta forma, percebemos que a fração 5-7, apresentou melhor inibição aos aquênios da L. sativa L. O que estar de acordo com Rice (1984) “quando os ensaios são realizados em placa de petri ou caixas tipo gerbox, a extensão da radícula, que deve ser no mínimo 50% do tamanho da semente, é o critério usual para germinação.” Ainda Brasil (1992) que considerada germinados apenas os aquênios com 2 mm ou mais de radícula. Para o bioensaio obtivemos os resultados que estão inseridos na Tabela 1. As letras iguais apresentadas na tabela indicam que em relação à %G e o IVG não houve diferença significativa entre as concentrações utilizadas. Pois, segundo Ferreira e Borghetti (2004) frequentemente o efeito alelopático não ocorre através da redução da germinabilidade, mas sobre o IVG. Como este também não teve alteração significativa nas concentrações utilizadas, possivelmente não ocorreu o fenômeno de detoxificação. Em relação ao crescimento inicial do hipocótilo, esse foi afetado quando se utilizou a concentração 1,0 mg/mL, já a radícula foi afetada em todas as concentrações. Tais resultados corroboram com os obtidos por Santos et al. (2013) que observaram o mesmo comportamento para a fase acetato de etila obtida do extrato etanólico do C. rhamnifolioides. Segundo Pires et al. (2001) altas concentrações prejudica o crescimento das plantas. E para Ferreira e Áquila (2000) as sementes de alface apresentam grande sensibilidade a aleloquímicos.

Tabela 1

Tabela 1: Principais parâmetros das sementes e do crescimento inicial (hipocótilo e radícula) das plântulas de Lactuca sativa L.

Conclusões

A fração 5-7 apresentou atividade alelopática sob os aquênios da Lactuca sativa L., para o hipocótilo e para a radícula. Assim, o C. rhamnifolioides apresenta um potencial inibitório, podendo ser empregado na produção de herbicidas análogos. Como neste estudo não foram elucidadas as estruturas das substâncias presentes na fração 5-7, responsáveis pela ação alelopática, faz-se necessária a realização de estudos estruturais posteriores, uma vez que foi observado que a Lactuca sativa L. é sensível ao efeito alelopático do extrato etanólico do C. rhamnifolioides em fase acetato de etila.

Agradecimentos

CAPES, Laboratório de Química UFRPE/UAST e Grupo de Instrumentação de Análises Químicas – GIAQ/UFRPE, UAST.

Referências

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FERREIRA, A. G.; BORGUETTI, F. Germinação do básico ao aplicado. Porto Alegre: ARTMED, 2004. 323p.
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PIRES, N. M. et al. Atividade Alelopática da Leucena sobre Espécies de Plantas Daninhas. Scientia Agricola, v.58, n.1, p.61-65, jan./mar. 2001
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RICE, E. L. Allelopathy. 2ª edição. New York, EUA: Academic Press, 1984. 422p.
SANTOS, L. M. L. et al. Avaliação do Potencial Alelopático de Croton blanchetianus Baill e Croton rhamnifolioides Pax & K. Hoffm. sobre a Germinação de Lactuca sativa L. Biofar, Rev. Biol. Farm. Campina Grande/PB, v. 9, n. 1, p. 27-35, março/maio, 2013.
TORRES, M.C.M. 2008 Estudo químico e biológico de Croton regelianus var. matosii (Euphorbiaceae) (Dissertação). Universidade Federal do Ceará-CE

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