COMO ENSINAR QUÍMICA SEM FAZER UMA “VIAGEM” EM SUA HISTÓRIA?

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ensino de Química

Autores

Ramos, J.C. (UFPE) ; Lima, B.S.M.C. (UFPE) ; Nascimento, K.T.O. (UFPE) ; Lira, K.S. (UFPE) ; Silva, E.C. (UFPE) ; Sobrinha, I.G.S. (UFPE) ; Queiroz, J.D.S. (UFPE) ; Alves, E.D. (UFPE) ; Sil, A. (UFPE)

Resumo

O presente trabalho visou analisar a abordagem da História da Química no processo de ensino-aprendizagem para construção de conceitos químicos de forma contextualizada e significativa. Para esta finalidade foram aplicados questionários direcionados aos alunos do primeiro ano do ensino médio de duas unidades escolares para comparar os resultados apresentados pelos discentes. Os dados coletados mostraram que a maioria dos alunos se interessa pela parte histórica da química, mas é papel do professor despertar nos alunos este interesse e fazer com que através da “viagem” na história da química os conteúdos abordados tenham uma maior relação com o cotidiano dos discentes.

Palavras chaves

História da química; Ensino de química; Contextualização

Introdução

A disciplina de História da Química abrange ideias, conceitos, leis, modelos e procedimentos científicos que foram marcados e desenvolvidos ao longo da história da humanidade, podendo ser uma ferramenta importante para a formação humana que expande os horizontes culturais e a autonomia no exercício da cidadania, e ainda como construção histórica, relacionada ao desenvolvimento tecnológico e aos muitos aspectos da vida em sociedade (PCN+, 2002). Sendo assim a História da Química possibilita ao aluno entender melhor a evolução dos acontecimentos da ciência para relacioná-los aos acontecimentos cotidianos. Compreendendo que o conhecimento histórico é o entendimento dos processos humanos em suas relações em diferentes tipos e espaços, ensinar Química em seu contexto social é não abandonar seu passado. A elaboração de qualquer teoria Química só foi possível através da contribuição contínua de hipóteses que precedem a formulação de leis finais (NEVES e FARIAS, 2008). Assim também como afirma Piccoli (2011, p. 9) “atribuir sentido à aprendizagem de alguns conceitos pode motivar os alunos e, uma das alternativas para atribuir sentido é desafiá-los a se transportarem no tempo, através da história”.

Material e métodos

A pesquisa foi realizada em duas unidades escolar do agreste de Pernambuco, no intuito de analisar diferentes realidades. A primeira unidade escolar consiste em uma Escola de Referência em Ensino Médio em Caruaru-PE (Escola A), na qual os sujeitos da pesquisa foram 17 alunos de diferentes turmas de primeiro ano do Ensino Médio. A segunda unidade escolar, Escola Estadual em Camocim de São Felix – PE (Escola B), a pesquisa foi realizada com 19 alunos de uma mesma turma de primeiro ano. Foi aplicado um questionário direcionado aos alunos, no qual as perguntas estão dispostas no quadro 1. O questionário teve a maioria das perguntas objetivas, tendo como respostas as alternativas sim, não e talvez, exceto para as questões 3, 5 e 6, onde os alunos teriam que comentar as questões.

Resultado e discussão

Nesse momento iremos nos deter apenas as quatro primeiras perguntas do questionário, as quais estão ligadas a visão dos alunos sobre história da química. Observando a figura 1a e 1b podemos ver que há interesse dos alunos em pesquisar sobre a origem dos conteúdos, visto que 76% dos alunos da escola A e 47,4% da escola B disseram que sim. Já quando é perguntado sobre se é possível relacionar a história da química aos conteúdos, 23,5% da escola A afirma que sim e a maioria 47,1% afirma que não. Já na escola B 89,5% dos alunos dizem que sim, contra 5, 26% que dizem que não. Quando realizado o questionamento 3, os resultados obtidos foram: Na Escola A, relataram que viram na aula de leis da química e quando abordada a Tabela Periódica e alguns, apesar de terem dado uma resposta afirmativa na questão anterior não souberam descrever o momento. Na Escola B alguns alunos falaram sobre um folder elaborado por eles envolvendo os conteúdos de modelos atômicos e história da química, outros da Tabela Periódica e outros não explicaram com clareza em que momento ocorreu. Quando realizado o questionamento 4, 52,9% dos alunos da escola A responderam que sim e 11,7% responderam que não. Diferentemente da escola B, onde 100% dos alunos responderam sim. Analisando as respostas como um todo, podemos perceber que os alunos se interessam pela parte histórica da química e cabe ao professor correlacionar a história com o conteúdo de química, se ele conseguir tal proeza os alunos conseguirão dar um sentido ao conteúdo aprendido. Assim como relata Cebulski e Matsumoto (2014, p. 13) “professores afirmam que os resultados são realmente superiores quando os alunos passam a conhecer a forma como a Ciência se desenvolve, com erros e acertos, com pesquisas, estudos, formulação de teorias e modelos”.

Quadro 1

Questionário aplicado aos alunos

Conclusões

Concluímos que apesar da disciplina de química apresentar ricos detalhes históricos, muitos professores se detêm principalmente nos conteúdos conceituais fazendo com que a disciplina não tenha um sentido concreto para os alunos e que a sua relação com o cotidiano não seja percebida por estes. Portanto este trabalho trouxe contribuição no âmbito da formação dos discentes de graduação em licenciatura em Química, comprovando que a abordagem histórica da disciplina é imprescindível para o enriquecimento cultural, o desenvolvimento científico e tecnológico de todos os envolvidos.

Agradecimentos

À direção, ao corpo docente das Escolas, aos alunos e professores. A UFPE- Campus Agreste.

Referências

CEBULSKI, E. S.; MATSUMOTO, F. M. A história da química como facilitadora da aprendizagem do ensino de química. Disponível em: < http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2035-8.pdf>. Acesso em 28 de julho de 2014.
NEVES, L. S; FARIAS, R. F. História da Química: um livro-texto para graduação. São Paulo: Átomo, 2008.
PICCOLI, F. A história da química pode ajudar os alunos a atribuir sentido para a tabela periódica?. 2011. 40 p. Dissertação (Graduação). Porto a legre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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