ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Ensino de Química
Autores
Garcês, R.V.F. (IFTM) ; Garcês, B.P. (IFMT)
Resumo
O livro didático é a principal ferramenta dos alunos para o estudo no ensino médio, não só para sala de aula, mas também para o estudo dirigido. Anualmente as escolas recebem livros aprovados no Programa Nacional do Livro Didático para distribuir aos alunos e facilitar o processo de ensino-aprendizagem, porém a Educação de Jovens e Adultos de nível médio recebe os mesmos livros do ensino médio regular. Foi feito um estudo sobre a adequação dos livros de Química aprovados no PNLD 2012 para a utilização na Educação de Jovens e Adultos e foi constatado que todas as coleções apresentam linguagem pouco apropriada para este nível de ensino, não levando em consideração a condição educacional destes alunos.
Palavras chaves
Material Didático; Livro Didático; EJA
Introdução
Desde 1938, os livros didáticos já são considerados como ferramentas da educação política e ideológica no Brasil, sendo o estado o responsável pela disponibilização destes livros para a população (BRASIL, 1938). Porém a partir de 2000, foi oficializada no Brasil uma nova modalidade de ensino, a Educação de Jovens e Adultos (EJA), cujo objetivo principal é fornecer a educação básica necessária para alunos que não completaram a mesma em idade apropriada. Sabe-se que o livro didático não é o único recurso disponível para o professor utilizar em suas aulas, porém este livro é o recurso que o aluno leva para casa e pode ter contato diariamente, portanto, os livros devem ser escritos de forma clara, objetiva e com uma abordagem contextualizada, para que os alunos possam entender o livro em um estudo dirigido após orientações do professor. Haddad (2007) realizou um estudo completo sobre a ação dos governos locais nas polí-ticas de Educação de Jovens e Adultos e, alguns dados são bastante relevantes para este trabalho principalmente no que diz respeito à utilização de materiais didáticos pela e-quipe pedagógica. Apenas 25% dos professores utilizam os livros didáticos fornecidos pelo MEC, 23,84% utilizam materiais didáticos elaborados pela equipe técnica da escola e 23,84% não utilizam livros didáticos. Apesar desta cultura de cada equipe montar o seu material didático, vale ressaltar que muitas equipes em lugares mais carentes do Brasil não possuem sequer profissionais com nível de escolaridade de graduação para ensinar os alunos, portanto o material didático fundamental deve ser o livro didático, o que evidencia a necessidade de adequação destes livros ao perfil da Educação de Jovens e Adultos.
Material e métodos
Foram analisados as cinco coleções de livros de química aprovadas no Programa Nacional do Livro Didático de 2012. Os critérios analisados foram: I. Adequação da linguagem científica à linguagem popular para facilitar o entendimento dos alunos; II. Abordagem contextualizada dos conteúdos dos livros; III. Relação dos conteúdos com o cotidiano dos alunos; IV. Presença de textos e reportagens que evidenciem a presença da química na sociedade; Nestes quatro critérios os livros receberão notas de 1 a 5 e serão relatados os principais pontos fortes e fracos de cada um. Os livros a serem estudados serão: A. CANTO, E. L.; PERUZZO, F. M.; Química na abordagem do cotidiano. v. 1, 2 e 3, Editora Moderna. 2011. B. LISBOA, J. C. F.; Ser Protagonista Química. v. 1, 2 e 3, Editora SM. 2011 C. MACHADO, A. H.; MORTIMER, E. F.; Química. v. 1, 2 e 3, Editora Scipione. 2011. D. MOL, G. S.; et al; Química para a nova geração – Química cidadã. v. 1, 2 e 3, Editora Nova Geração, 2011. E. REIS, M.; Química – Meio Ambiente – Cidadania – Tecnologia. v. 1, 2 e 3, Edi-tora FTD, 2011.
Resultado e discussão
Todos os livros foram analisados de acordo com os critérios pré-estabelecidos.
Em relação à adequação da linguagem científica à linguagem popular, os livros
das coleções A e B, apresentam linguagem excessivamente técnica para alunos da
Educação de Jovens e Adultos. Os livros da coleção C apresentam o conteúdo de
uma forma totalmente diferenciada, na forma de textos e reportagens para
transmitir o conteúdo o que faz que a linguagem seja mais próxima da linguagem
dos alunos, facilitando a compreensão do mesmo. Os livros das coleções D e E
apresentam a linguagem científica balan-ceada com a linguagem popular, porém
esta aproximação é bem discreta.
Quanto à abordagem contextualizada dos livros, os livros C e E são os mais
contextualizados, seguidos pelos livros da coleção A. As coleções B e D não
abordam todo conteú-do de forma contextualizada. Os livros da coleção A
apresentam contextualizações po-rém é bastante desatualizado, com reportagens e
textos bastante antigos, diferentemente da coleção C, onde as reportagens são
totalmente atuais.
Apenas os livros da coleção B não apresentam uma abordagem no cotidiano de forma
eficiente.
Os livros da coleção C apresentam muitas reportagens que evidenciam a
importância da química na sociedade, ou seja, mostra realmente a importância
desta ciência para o de-senvolvimento da sociedade. Os textos são atualizados e
com linguagem adequada para os alunos. A coleção A também apresenta textos
mostrando a importância da química na sociedade de forma bem acentuada. Já os
livros B, D e E apresentam estes textos porém em pouca quantidade, não
explorando o máximo do potencial deste recurso didático para fornecer
informações importantes para os alunos.
A nota atribuída aos livros está presente na Tabela 1 e no Gráfico 1
Média das notas das coleções A a E de acordo com os critérios estabelecidos.
Conclusões
Nenhuma coleção é completamente adequada para se trabalhar com a EJA. Entre os livros analisados, o mais adequado para se trabalhar de acordo com os critérios estabe-lecidos são os livros da coleção C. Porém, apesar de ser uma coleção com uma grande contextualização, presença de muitos textos, a linguagem ainda é um grande problema a ser resolvido. Enquanto esta adequação não for feita pelos autores, a melhor forma de se trabalhar com a EJA ainda é a preparação de material didático pelos próprios professo-res, que conhecem a realidade da região que estão trabalhando e as necessidades dos aluno
Agradecimentos
Agradecemos ao IFTM e ao IFMT.
Referências
BRASIL, Câmara dos Deputados, Decreto-Lei nº 1006, de 30 de Dezembro de 1938. Estabelece as condições de produção, importtação e utilização do livro didático. 2008.
CANTO, E. L.; PERUZZO, F. M.; Química na abordagem do cotidiano. v. 1, Editora Moderna. 2011.
HADDAD, S.; A ação de governos locais na educação de jovens e adultos. Revista Brasileira de Educação, v. 12, n. 35, p. 197-211, 2007.
LISBOA, J. C. F.; Ser Protagonista Química. v. 1, Editora SM. 2011
MACHADO, A. H.; MORTIMER, E. F.; Química. v. 1, Editora Scipione. 2011.
MOL, G. S.; et al; Química para a nova geração – Química cidadã. v. 1, Editora Nova Geração, 2011.
REIS, M.; Química – Meio Ambiente – Cidadania – Tecnologia. v. 1, Editora FTD, 2011.