A HISTÓRIA DA QUÍMICA E O INTERESSE DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO PELA DISCIPLINA QUÍMICA.

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ensino de Química

Autores

Ramos, J.C. (UFPE) ; Sobrinha, I.G.S. (UFPE) ; Queiroz, J.D.S. (UFPE) ; Nascimento, K.T.O. (UFPE) ; Lira, K.S. (UFPE) ; Lima, B.S.M.C. (UFPE) ; Alves, E.D. (UFPE) ; Silva-junior, A.A. (UFPE) ; Silva, A.G. (UFPE) ; Vasconcelos, I.R. (UFPE)

Resumo

No presente trabalho realizamos um levantamento a respeito da abordagem histórica da química numa escola pública de ensino médio, utilizando a aplicação de um questionário aos alunos de 1º e 2º anos. Por ser uma disciplina que necessita de abstração por vezes é comum que os alunos vejam a química de forma muito distante de sua realidade, um dos fatores que contribui para esta visão é a falta de contextualização e uma concepção de ciência como algo alheio ao meio e aos sujeitos. Com os resultados obtidos com a pesquisa, constatamos que a história da química é um dos meios de aproximar do aluno os conceitos e mostrar uma visão de ciência mais humana.

Palavras chaves

Ensino de química; História da química; Aprendizagem

Introdução

A revista Química Nova na Escola, uma das mais importantes publicações nacionais no ensino de química, possui desde 1995 uma sessão destinada à História da química, os artigo desta sessão trazem os aspectos históricos importantes acerca de descobertas e desenvolvimento de conceitos de química, desde 1995 até hoje são centenas de artigos já publicados, estes e outros materiais podem ser uma fonte de conhecimento a respeito da história da química para alunos e professores. Vivenciar os aspectos históricos da ciência é uma forma de superar a forma como os alunos concebem a própria ciência, assim como destaca Pereira (2008) “[...] o mundo dos cientistas, apresentado aos alunos, parece ser regulado por uma lógica implacável, fria e desumana [...]”(PEREIRA, 2008, p.18), deste modo, muitos alunos não percebem que as descobertas científicas são permeadas por diversas questões relacionadas ao próprio cientista e ao meio. Neste mesmo sentido Neves (2008) destaca que a formulação de uma teoria se dá de forma contínua, não ocorre ao acaso, de repente. As Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais destacam em diversos momentos a importância do aspecto histórico no ensino de ciências, num desses é afirmado que “esse exercício histórico daria aos estudantes uma oportunidade de questionar e compreender melhor processos sociais, econômicos e culturais passados e contemporâneos e, além disso, auxiliaria a construir uma visão das Ciências da Natureza associada a outras dimensões da vida humana.”(BRASIL, 2002). Outro fator é que a abordagem histórica promove um maior interesse por parte dos alunos e “o interesse, é capaz de levar o indivíduo ao aprendizado e ao descobrimento de algo inédito para o seu conhecimento” (VERONESSE NETO et al, 2013).

Material e métodos

Este trabalho apresenta uma investigação realizada a respeito da abordagem histórica da química para alunos do ensino médio de uma escola pública estadual situada no município de Caruaru, Agreste de Pernambuco, objetivando obter um diagnóstico sobre a contextualização histórica do ensino de química analisando sua importância para os processos de ensino e aprendizagem. A pesquisa foi realizada através da aplicação de um questionário, 47 alunos de primeiros e segundos anos do ensino médio responderam, não obtivemos um maior número de participantes, pois se tratavam dos últimos dias de aulas do primeiro semestre letivo e havia poucos alunos na escola. O questionário possuía oito questões ao todo, sendo seis fechadas com as alternativas: sim, não e talvez, e duas abertas. A análise dos resultados a ser realizada neste trabalho estará concentrada em quatro destas questões, são elas: Há interesse/curiosidade por sua parte de descobrir/pesquisar a origem de conteúdos de química vistos em sala de aula? Na disciplina de Química é possível relacionar a história da química aos conteúdos abordados? Se sim, cite um momento em que isso foi observado. Você gosta da disciplina Química?

Resultado e discussão

Através da aplicação do questionário obtivemos as respostas apresentadas na figura 1. Pode-se observar que poucos dos alunos entrevistados possuem interesse pela disciplina de química. Uma consideração a ser feita é em relação a resposta da terceira questão, que, todos os alunos deixaram em branco, possivelmente por ser uma resposta aberta, ou talvez por não lembrarem do momento. Quase 32% dos alunos afirmaram que é possível a relação da química com a história, é um percentual pequeno comparado a gama de recursos didáticos e diferentes estratégias de ensino e aprendizagem que podem ser utilizados para inserir o contexto histórico na abordagem do conteúdo. É possível que estes alunos não tenham tido acesso à história da química durante as aulas, tampouco tiveram interesse de pesquisar, como os próprios afirmaram não ter interesse por pesquisar os conteúdos. Para esses alunos uma abordagem contextualizada com aspectos históricos pode ter um impacto duplamente positivo: melhorar o interesse pela química, e por consequência melhorar o aprendizado dos conceitos, pois, assim como cita Santos e Mortimer (1999), o uso da contextualização no ensino de Química deve nortear três características: A) contextualização como estratégia para facilitar a aprendizagem; B) como descrição científica de fatos e processos do cotidiano do aluno; C) como desenvolvimento de atitudes e valores para a formação de um cidadão crítico.

Figura 1

Respostas obtidas através de aplicação do questionário.

Conclusões

Concluímos que o contato dos alunos da escola com os aspectos históricos da química ainda não são muito frequentes, o que distancia e contribui para que os alunos gostem menos e se interessem menos pela química, porém podemos também pensar que uma abordagem que atraia o aluno pode fazê-lo compreender mais rápido ou melhor determinado conteúdo. Fugir de práticas conteudistas exige esforço e pesquisa, porém os resultados obtidos são suficientemente compensatórios.

Agradecimentos

À UFPE-CAA e a equipe da Escola Estadual Profª Elisete Lopes.

Referências

BRASIL. PCN+ do Ensino Médio: orientações educacionais complementares aos PCN. Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias. Brasília: MEC; SEMTEC, 2002. p. 87-111. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/CienciasNatureza.pdf > Acesso em: 28/07/2014
NEVES, L. S; FARIAS, R. F. História da Química: um livro-texto para graduação. São Paulo: Átomo, 2008.
PEREIRA, C. L. N. A História da Ciência e a Experimentação no Ensino de Química Orgânica Brasília – DF, 2008, 125 p.
VERONESE NETO, Alcides; BRINGHENTI, Fernanda; PRETO, Guilherme Pereira; SILVA, Jaqueline Lima da; PEREIRA, Mireli Pandolfo; OLIVEIRA, Rômulo Fraga de. Ações para despertar o interesse no ensino de química. 33º Encontro de Debates sobre o Ensino de Química "Movimentos curriculares da educação química - o permanente e o transitório". 2013.
SANTOS, W.L.P. e MORTIMER, E.F. Concepções de professores sobre contextualização social do ensino de química e ciências. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA, 22, 1999. Anais... Poços de Caldas: Sociedade Brasileira de Química, 1999.

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