ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Ensino de Química
Autores
Mendes, A.M.V. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO (UFRPE)) ; dos Santos, I.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO (UFRPE)) ; Regueira, J.L.L.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO (UFRPE)) ; Gomes, R.L. (EREM-PCD) ; Batinga, V.T.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO (UFRPE))
Resumo
Esta pesquisa tem como objetivo diagnosticar as concepções iniciais de dezenove estudantes do segundo ano do ensino médio de uma escola pública de Recife-PE, sobre alguns aspectos relativos à cinética química. Com intuito de, posteriormente, elaborar e implementar uma estratégia didática que supra as dificuldades de aprendizagem encontradas. Para isto foram elaboradas e aplicadas quatro questões abertas. As categorias definidas para analisar as respostas dos alunos basearam-se no conhecimento químico abordado no ensino médio: RS, RPS, RI e NR. Os resultados apontaram que os alunos apresentam concepções iniciais que se distanciam do conhecimento sobre cinética química discutido nos livros didáticos do ensino médio.
Palavras chaves
CONCEPÇÕES INICIAIS; CINÉTICA QUÍMICA; ENSINO MÉDIO
Introdução
O ensino da cinética química é tido como de difícil aprendizagem para os estudantes. Atribui-se a isto, o elevado nível de abstração exigido para a compreensão dos aspectos microscópicos envolvidos nas reações químicas (JUSTI e RUAS, 1997). Uma possível explicação, é que muitos docentes priorizam o ensino de transmissão-recepção de informações, não considerando a contextualização, articulação a outros conteúdos e nem as concepções iniciais dos discentes. Diagnosticar as concepções iniciais dos alunos quanto ao conteúdo de cinética química, implica em compreender se há um entendimento sobre conceitos fundamentais, como por exemplo: “o entendimento sobre a natureza particular da matéria e o caráter interativo e dinâmico das reações químicas” (JUSTI e RUAS 1997, apud MARTORANO 2007). Mas, apesar de necessários para a compreensão da velocidade das reações químicas e dos fatores que as altera, a literatura relata que a integração desses conhecimentos é, muitas vezes, de difícil compreensão para estudantes do ensino médio. Portanto, é um obstáculo que o professor poderá enfrentar. No cotidiano existem varias reações químicas que se processam com diferentes velocidades, e na maioria das vezes nos passam despercebidas, como a preparação dos alimentos. Se conhecermos os fundamentos da teoria das colisões, os métodos de conservação e cocção dos alimentos, e os fatores que influenciam na rapidez das reações químicas, torna-se possível controlar a velocidade destas reações. O objetivo deste trabalho foi diagnosticar concepções iniciais dos estudantes sobre alguns aspectos da cinética química para a posteriori elaborar e implementar uma sequência didática inovadora e contextualizada, a fim de suprir as lacunas de aprendizagem diagnosticadas.
Material e métodos
Os procedimentos metodológicos adotados para o desenvolvimento desta pesquisa foram organizados em quatro etapas: 1) Levantamento bibliográfico; 2) Elaboração do questionário; 3) Aplicação do questionário; 4) Análise das concepções iniciais. O estudo e leitura dos artigos selecionados durante o levantamento bibliográfico possibilitou a elaboração do questionário e a criação das categorias para análise das respostas. Foram elaboradas e aplicadas quatro questões abertas, sobre alguns aspectos referentes à cinética química, buscando introduzir uma contextualização com o tema "Cocção e Conservação de Alimentos", a fim de diagnosticar as concepções iniciais de dezenove alunos do segundo ano do ensino médio de uma escola pública de Recife-PE. Segue as questões: Q1- Para você o que é uma reação química?; Q2- O que você entende por cinética química?; Q3- Quais os métodos utilizados para acelerar a velocidade das reações químicas nos alimentos, durante a realização de atividades na cozinha de sua casa? e Q4- Quais os métodos utilizados para retardar a velocidade das reações químicas nos alimentos, durante a realização de atividades na cozinha de sua casa? Para realizar a análise dos dados foram estabelecidas categorias com base no conhecimento químico sobre cinética discutido em livros didáticos do ensino médio, intituladas de: resposta satisfatória (RS), onde o aluno responde com base nos conhecimentos químicos, descritos na literatura prevista para o Ensino Médio; resposta parcialmente satisfatória (RPS), aquela em aluno demonstra um domínio mínimo do conhecimento químico; resposta insatisfatória (RI), aquela que não respondia o que foi solicitado, ou quando, distanciava do conhecimento químico; e não respondeu (NR), quando os alunos deixavam a questão em branco, sem resposta.
Resultado e discussão
Na Q1, ponderamos ser uma RS quando o aluno apontou que há modificações na natureza íntima da matéria ou mencionou ser formação de produtos a partir de reagentes. 5 alunos apresentaram RS, exemplo: A5- Reação química é quando dois reagentes reagem entre si para a formação de um produto. 2 alunos expressaram RPS, exemplo: A4- É quando há um choque efetivo entre as moléculas de um elemento. 9 alunos apresentaram RI, exemplo: A3- É a mistura de dois reagentes para criar um produto final. Três alunos NR. Na Q2, consideramos uma RS quando o aluno respondeu ser o ramo da ciência que estuda a velocidade das reações químicas e os fatores que as influencia. Apenas um aluno obteve RS. 8 alunos apresentaram RPS, exemplo: A3- Parte da química que mede a velocidade da reação. 8 estudantes apresentaram RI, exemplo: A5- É o estudo onde observa o tempo que os reagentes passam. 2 alunos NR. Para a Q3 adotamos como resposta satisfatória quando o estudante citou que o fator temperatura, auxilia no preparo e cocção dos alimentos, por estar associado à agitação das partículas que formam os corpos. 8 alunos apresentaram RS, exemplo: A2- Aumentar a temperatura do fogo. 7 alunos expressaram RPS, exemplo: A5- Para acelerar o processo costuma expor os alimentos em um local com calor maior que o do ambiente. 4 alunos obtiveram RI, exemplo: A7- Água, fogo do fogão, o óleo de cozinha. Na Q4, avaliamos como RS quando o aluno considera frutas e temperos de caráter ácido (vinagre), como fatores que retardam a velocidade das reações químicas nos alimentos. 11 alunos apresentaram RS, exemplo: A15- Colocar nos alimentos limão ou vinagre que são ácidos. 4 alunos expressaram RPS, exemplo: A18- Gelo. 2 alunos apresentaram RI, por exemplo: A11- Deixar os alimentos de molho para conserva mais. 2 alunos NR.
Conclusões
Os resultados sugerem que os alunos apresentam concepções iniciais que se distanciam do conhecimento sobre cinética química discutido nos livros do ensino médio. Identificamos, em alguns alunos, dificuldades de aprendizagem quanto à distinção entre: fenômenos físicos e químicos; reação química e mistura; calor e temperatura, as quais são discutidas na literatura. Na Q3 observamos que quando existe contextualização, os aspectos químicos são mais bem compreendidos. É importante destacar que o desenvolvimento de didáticas, envolvendo a contextualização, pode contribuir para o ensino de química.
Agradecimentos
UFRPE, CNPq, PIBIC e EREM-PCD.
Referências
JUSTI, R. da S.; RUAS, R. M. “Aprendizagem de química: reprodução de pedaços isolados de conhecimento?”. Química Nova na Escola, n. 5, maio de 1997, p. 24-27;
MARTORANO A. A.S; As concepções de ciência dos livros didáticos de química, dirigidos ao ensino médio, no tratamento da cinética química no período de 1929 a 2004. 2007. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências) – Instituto de Química, Universidade de São Paulo, 2007.
Patrocinadores
Apoio
Realização
