ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Ensino de Química
Autores
Santos, K.A. (UFRPE/UAST) ; Silva, E.L.R. (UFRPE/UAST) ; Gaia, C.T.A. (UFRPE/UAST) ; Nascimento, G.T.A. (UFRPE/UAST) ; Souza, C.A. (UFRPE/UAST)
Resumo
Os medicamentos são uma importante ferramenta para facilitar o processo ensino aprendizagem de funções orgânicas, por apresentarem em sua estrutura compostos que podem ser identificados através de reações químicas. Nesse contexto, foram desenvolvidos alguns experimentos para identificação de grupos funcionais utilizando medicamentos como reagente, a fim de tornar a experimentação acessível e viabilizar o processo ensino aprendizagem. Este trabalho foi realizado em dois momentos, inicialmente foram realizados estudos dirigidos sobre o tema e posteriormente realizaram-se experimentos para confirmar as hipóteses levantadas. Através deste trabalho verificou-se que é possível produzir materiais didáticos utilizando produtos do cotidiano que torna acessível e significativo o ensino.
Palavras chaves
Ensino aprendizagem; Medicamentos; Experimentação.
Introdução
Atualmente, é frequente o debate sobre novas metodologias que viabilizem o processo de ensino aprendizagem, em algumas áreas como, a química, isso se torna ainda mais evidente, visto que os alunos apresentam certa dificuldade na compreensão dos conteúdos. Neste sentido, uma ferramenta facilitadora deste processo é o uso da experimentação, pois a disciplina se constitui com bases experimentais, porém muitas escolas brasileiras ainda não conseguem utilizar este recurso como ferramenta de ensino, devido a alguns problemas tanto de ordem estrutural, quanto de ordem profissional. Em busca de suprir essas necessidades, este trabalho, teve como foco principal o desenvolvimento de um experimento acessível, capaz de ser realizado em sala de aula sem oferecer riscos aos envolvidos. A experimentação foi desenvolvida para auxiliar no ensino das funções orgânicas, devido a grande importância do conteúdo e de sua complexa interpretação e relação com o cotidiano, para isto, levou-se em consideração alguns aspectos dentre eles a sugestão das OTM’s, que é trabalhar o conteúdo, funções orgânicas, a partir da contextualização com o tema medicamentos. É possível trabalhar dentro desta temática, pois, os medicamentos são constituídos por substâncias químicas que tem em sua estrutura funções orgânicas com propriedades físico- químicas que permitem a ação biológica desejada (Korolkovas, 1988). Alguns medicamentos como tylenol, losartana potássica e aspirina foram testados a partir de experimentos desenvolvidos que permitem a identificação de grupos funcionais utilizando outros medicamentos como reagentes de baixo custo, que tem como principal finalidade tornar a experimentação acessível e viabilizar o processo de ensino aprendizagem.
Material e métodos
Este trabalho foi realizado em dois momentos, inicialmente foram realizados estudos dirigidos, sobre o tema funções orgânicas assim como as propriedades e composição de alguns medicamentos, a fim de verificar a possibilidade de desenvolver experimentos utilizando medicamentos ao invés de reagentes químicos. A partir dessa primeira etapa foram definidas algumas hipóteses sobre quais medicamentos poderiam ser usados para essa substituição, com isso fez-se necessário à realização de testes experimentais para validar a técnica desenvolvida o que constitui a segunda etapa do trabalho. Os grupos funcionais que se pretendeu identificar foram: fenol, alceno e ácidos carboxílicos. Para identificação do grupo funcional fenol preparou-se uma solução contendo 40 gotas de tylenol e 40 gotas de água destilada, após foi adicionado à solução, 5 gotas de noripurum (composição: Ferro III a 5 %). Para identificação de alcenos preparou-se uma solução com 1 comprimido de losartana potássica (10mg) em 1mL de água destilada e outra solução com 1 comprimido (10 mg) de permanganato de potássio em 1 mL de água destilada, após a preparação das soluções adicionou-se 3 gotas da solução de permanganato de potássio à solução de losartana potássica. Para identificação do ácido carboxílico preparou-se uma solução com 1comprimido de aspirina (10 mg) dissolvido em 1mL de água destilada, em seguida foi preparada outra solução com 1g de bicarbonato de sódio dissolvido em 3mL de água, após preparada as duas soluções foram adicionadas 5 gotas da solução de bicarbonato de sódio a solução de aspirina.
Resultado e discussão
Com o estudo dirigido da etapa inicial, verificou-se a possibilidade do
desenvolvimento do experimento proposto e com isso foram realizados os
testes de confirmação. A partir dos testes validou-se o método
proposto, tendo em vista que foi possível identificar os três grupos
funcionais: fenol, alceno e ácido carboxílico. Para a identificação do
fenol, foi feita uma reação a partir do noripurum que contém 5% de ferro III
e o tylenol que apresenta o grupo funcional a ser identificado (fenol) em
sua composição, ao reagir a solução apresentou um precipitado de coloração
avermelhada que é característico da reação de identificação desse grupo, no
entanto dependendo da concentração de fenol tanto a coloração quanto a
velocidade da reação podem variar. Na identificação de alcenos ocorreu uma
reação de oxidação, onde a ligação pi da dupla presente na estrutura da
losartana potássica é quebrada através da adição do agente oxidante que
insere duas hidroxilas nos carbonos da dupla ligação, obtendo como produto
final um diol e o precipitado dióxido de manganês que apresentou coloração
marrom, obtendo resultado positivo na identificação. Essa reação não ocorreu
imediatamente, pois o meio reacional é alcalino, já para meio ácido a reação
tende a se processar rapidamente quebrando a dupla ligação para formar ácido
carboxílico. A identificação de ácido carboxílico se deu a partir da reação
entre uma solução de aspirina e uma solução de bicarbonato de sódio, sendo
possível perceber que após a adição do bicarbonato de sódio houve um
desprendimento de gás carbônico indicando a presença de ácido na composição
da solução de aspirina.
Conclusões
A realização deste trabalho demonstra que é possível desenvolver novas metodologias de ensino que facilitem o processo ensino aprendizagem, visto que se faz necessário à contextualização dos conteúdos, permitindo uma relação entre o abstrato e o concreto, neste sentido a experimentação torna-se essencial ao ensino de química. A partir do exposto foi elaborado uma série de experimentos tendo como base materiais do cotidiano, que são acessíveis a todos, viabilizando e possibilitando a realização de uma aula experimental, mesmo que a escola não disponha de um laboratório de química.
Agradecimentos
Referências
KOROLKOVAS, A.; BURCKHALTER, J. H. Química Farmacêutica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988.