ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Ensino de Química
Autores
Cardoso, C.M. (UFRA) ; da Silva e Souza, S.H. (SEDUC PA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA)
Resumo
O presente trabalho teve por objetivo avaliar o perfil dos professores que ministram aulas da disciplina de Lições de Ciências Naturais III - Química (LCN III), no curso de Licenciatura em Ciências Naturais (LCN), da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Os dados foram obtidos por meio da análise dos planos de aula dos docentes e de seus registros cadastrais na UFRA, a partir destes dados, traçou-se o perfil dos professores. Observou-se que a maioria dos professores prioriza as aulas expositivas ao invés das metodologias de ensino ativas, o que pode ser atribuído a falhas na formação dos docentes.
Palavras chaves
PARFOR; Formação profissional; Ensino de química
Introdução
O curso de Licenciatura em Ciências Naturais (LCN) é oferecido pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), através do Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR). O objetivo principal do curso é formar professores que atuem, prioritariamente, no Ensino Fundamental lecionando a disciplina Ciências do 6° ao 9° ano. No seu desenho curricular, o curso possui a disciplina Lições de Ciências Naturais III - Química, a qual tem o intuito de fornecer conhecimentos básicos de química, como, por exemplo, estrutura atômica, tabela periódica, ligações químicas, funções inorgânicas, reações químicas, etc, além de fornecer habilidades práticas. Esta disciplina é ministrada por professores efetivos da UFRA ou professores convidados eventualmente para tal atividade, ambos vinculados ao PARFOR como bolsistas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), instituição de fomento do referido Programa. Com intuito de avaliar as metodologias de ensino destes profissionais, realizou-se um estudo nos planos de aula e dos registros cadastrais de tais professores para se obter o perfil destes.
Material e métodos
A coleta de informações referente à formação e tempo de experiência no ensino superior dos docentes foi realizada consultando o sistema de cadastro dos professores do PARFOR, na UFRA. Utilizou-se informações de oito professores que já ministraram a disciplina de LCN III - Química, em oito municípios do Estado do Pará (Benevides, Bragança, Capanema, Capitão Poço, Gurupá, Marapanim, Parauapebas e Salvaterra), no curso de Licenciatura em Ciências Naturais/PARFOR/UFRA. Também consultou-se os planos de aula dos respectivos professores, extraindo-se destes documentos as metodologias utilizadas pelos profissionais durante a execução da referida disciplina. Posteriormente, calculou-se as porcentagens de cada metodologia utilizada pelos profissionais, formação acadêmica e tempo de experiência no ensino superior com intuito de traçar o perfil dos docentes.
Resultado e discussão
Verificou-se que 45% dos professores possuem tempo de experiência no ensino superior entre 0 a 2 anos; 33% tem de 2 a 4 anos e 22% de 4 a 6 anos (Figura 1). No que diz respeito à graduação dos docentes, 78% são graduados em química (Licenciatura em Química e/ou Química Industrial) e 22% são graduados em outras áreas (Agronomia ou Zootecnia), conforme Figura 2. Quanto à formação acadêmica em nível de pós-graduação, 78% têm mestrado e 22% especialização, e nenhum professor possui doutorado (Figura 3). Nota-se na Figura 4 que, quanto às metodologias adotadas, a aula expositiva perfez 65% das aulas destinadas ao repasse de conteúdos e apenas 10% das aulas foram destinadas a aulas práticas, 12% a seminários, 7% ao uso de vídeos, 5% em forma de debate e 1% usou jogos, isto é, apenas 35% das aulas foram de caráter mais ativo, o que permite dizer que predominou o ensino tradicional, sendo que este fato vai de encontro aos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino de Ciências (PCN), pois este documento sugere a adoção de metodologias ativas em substituição às metodologias tradicionais. Vale ainda ressaltar que, conforme Mortimer (2003 apud OLIVEIRA, 2004), inúmeras pesquisas na área do ensino de química alertavam que há necessidade de mudanças nas formas de abordar os conteúdos científicos desta ciência, e, conforme Torres (1998), é necessário voltar os olhares para o professor, não como um apêndice das reformas educacionais, mas enquanto sujeito fundamental do processo de mudança na educação.
Conclusões
A baixa porcentagem de aulas não expositivas no ensino da disciplina LCN III-Química pode ser atribuída à formação acadêmica dos docentes, alguns não são formados em Química e os que são, às vezes, têm falhas em sua formação quanto ao uso de metodologias mais ativas, como a experimentação e o uso de atividades lúdicas, sendo tal lacuna atribuída a diversas questões: falta de interesse dos docentes por tais temas e de disciplinas que abordem tais aspectos no currículo do referido curso, entre outros. Discussões como essa podem contribuir para a melhoria da qualidade das aulas de Química.
Agradecimentos
Os autores agradecem à Coordenação do Curso de Licenciatura em Ciências Naturais da UFRA pelos dados fornecidos e a CAPES.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. MEC. Secretaria de Educação Fundamental (SEF). Parâmetros curriculares nacionais: Ciências Naturais. Brasília: MEC/SEF, 1998.
OLIVEIRA, Paulo Roberto Silva de. O ensino de química e as novas abordagens no ensino médio. In: Sepex-Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão, 4., 2004, Santa Catarina. Anais... Santa Catarina: 2004. Disponível em: <http://anais.sepex.ufsc.br/anais_4/index_fixo800600.html>. Acessado em: 24 Ago. 2014.
TORRES, Rosa Maria. Melhorar a qualidade da educação básica? As estratégias do Banco Mundial. In: TOMMASI, Lívia de, et al.. (orgs.) O Banco Mundial e as políticas educacionais. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1998.