ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Ensino de Química
Autores
Cavalcanti, J. (UFRPE) ; Silva, E.A. (UFRPE) ; Simões Neto, E. (UFRPE)
Resumo
O ensino de ciências passa por mudanças, estas baseadas em estratégias didáticas inovadoras, que muitas vezes não são utilizadas nas escolas da maneira apresentada como efetiva na literatura. Para analisar de que forma os professores de química, formados ou em formação inicial no estado de Pernambuco entendem o uso de estratégias como experimentação, vídeos e interdisciplinaridade, realizamos uma entrevista rápida com seis professores. Nenhum dos professores investigados utilizou qualquer uma das estratégias da forma em que a literatura defende como a mais potencialmente válida.
Palavras chaves
estratégia; ensino de química ; interdisciplinar
Introdução
Muito tem se falado em mudanças no ensino das ciências, baseado em estratégias inovadoras e que poderiam influenciar de maneira positiva o processo de ensino e aprendizagem. Assim, é importante para os professores façam uso dessas estratégias inovadoras. No entanto, ocorre que os professores não possuem preparo para utilizar essas estratégias em suas aulas. Os docentes acreditam que o uso da ferramenta é suficiente para a aprendizagem, por exemplo: acreditam que a simples realização de um experimento implica na aprendizagem (SILVA e ZANON, 2000). Neste sentido, Bizzo (2002) mostra que o experimento, por si só, não garante a aprendizagem, “pois não é suficiente para modificar a forma de pensar dos alunos, o que exige acompanhamento constante do professor”. Tal problema ocorre de forma semelhante para outras estratégias didáticas, como por exemplo o uso de vídeos na sala de aula e a construção de propostas interdisciplinares: existe uma diferença entre o que diz a literatura e a visão de senso comum que chega às escolas. O objetivo desta pesquisa é analisar de que forma os professores de química, formados ou em formação inicial no estado de Pernambuco entendem o uso de estratégias como experimentação, vídeos e interdisciplinaridade.
Material e métodos
Realizamos uma entrevista rápida com estudantes de licenciatura em química de duas instituições (UFPE e UFRPE), todos bolsistas do PIBID, e dois profissionais já formados, um pela UFPE e outro pela UNICAP. A entrevistada foi direcionada com a intenção de descobrir se os profissionais em suas aulas usavam, e de que forma, algumas estratégias inovadoras, a saber: experimentação, vídeos e atividades interdisciplinares. A entrevista apresentava as seguintes questões: 1.Você usa experimentos em suas aulas? De que forma? 2.Você costuma trabalhar com vídeos em suas aulas? Como? 3.Já trabalhou com atividades interdisciplinares? Como foi sua experiência?
Resultado e discussão
Apenas um entrevistado (PIBID – UFPE) afirma não utilizar experimentos. Os
outros participantes descrevem abordagens demonstrativas, nas quais o aluno
apenas assiste a execução do experimento. Todos afirmam que realizam
experimentos após explicação teórica dos conceitos. De acordo com a literatura
(CAMPOS e NIGRO, 1999; SILVA e ZANON, 2000), é essencial assumir uma postura
investigativa nas atividades experimentais, além de evitar a separação entre
teoria e prática.
Os dois professores já graduados não usam vídeos. Dois bolsistas (ambos da
UFRPE) utilizam o vídeo antes da aula, na introdução do assunto, e os outros
utilizam no final, para revisão. Os vídeos são tratados como elementos externos
ao planejamento da aula, como motivador ou para revisão de conceitos.
Por fim, com relação as atividades interdisciplinares, dois bolsistas do PIBID-
UFRPE nunca trabalharam com esse tipo de atividade, enquanto outro afirma que já
trabalhou, mas não deu detalhes da natureza do projeto. Os demais entrevistados
afirmam que trabalham de maneira interdisciplinar, principalmente em relação ao
ENEM e de maneira independente. As práticas descritas se situam mais no contexto
da multidisciplinaridade (CARLOS, 2007).
Conclusões
Todos os entrevistados revelaram possuir concepções alternativas sobre a natureza, finalidade e aspectos teórico-metodológicos para as estratégias didáticas analisadas. Percebemos que os termos “experimentação”, “vídeos” e “interdisciplinaridade” são conhecidos dos professores, mas as utilizações dessas estratégias não são convergentes com as ideias encontradas na literatura. Acreditamos que na formação inicial e continuada, o professor deve ser apresentado a estas estratégias de maneira adequada, e que experiências exitosas sejam discutidas, para fortalecer os aspectos de cada estratégia
Agradecimentos
Deus e CAPES – PIBID – QUÍMICA - UFRPE
Referências
BIZZO, Nélio. Ciências: fácil ou difícil. São Paulo: Ática, 2002.
CAMPOS, M. C.C. e NIGRO, R. G. Didática de Ciências: o ensino-aprendizagem
como investigação. São Paulo: FTD, 1999.
CARLOS, J. G. Interdisciplinaridade no Ensino Médio: desafios e potencialidades.
2007.Dissertação (Mestrado) - UNB,Brasília, 2007.
SILVA, L. H. A.; ZANON, L. B. A experimentação no ensino de Ciências. In:
SCHNETZLER, R. P.; ARAGÃO, R. M.R. Ensino de Ciências: Fundamentos e
Abordagens. Campinas-SP: UNESP, 2000