EMPREGO DO EXTRATO DE REPOLHO ROXO COMO INDICADOR NATURAL DE ÁCIDOS E BASES

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ensino de Química

Autores

Chagas, A.C.S. (EXÉRCITO BRASILEIRO)

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo determinar o uso do extrato de repolho roxo como indicador de pH, e tem como principal vantagem para tal experimento a utilização de poucos reagentes e materiais que propicia sua difusão em escolas de qualquer nível econômico-social. O emprego do extrato de repolho roxo proporcionou uma boa participação dos alunos durante a aula, os quais revelaram grande interesse e curiosidade ao aferirem o pH das soluções e testarem sua variação de cor. Conclui-se que é um experimento simples e de fácil compreensão. Entretanto, observamos que é possível obter um indicador de boa qualidade e usufruir do mesmo em sala de aula para demonstração do comportamento de indicadores de pH e para facilitar a abordagem didática sobre os conceitos de acidez e basicidade.

Palavras chaves

repolho roxo; ensino de química; indicador natural

Introdução

O ensino da química torna-se mais atraente quando relaciona conteúdos de experimentação e de cotidiano, facilitando o entendimento entre os alunos que estudam e conhecem sua aplicação no dia a dia (Terrazzan, 1994). Para isso, necessita-se do laboratório didático para aulas práticas nas escolas. Segundo Hodson (1988), os laboratórios são construções que demandam dinheiro e técnicos para mantê-los funcionando. Talvez por isso os laboratórios de Química têm se tornado cada vez mais escassos, bem como as aulas experimentais. As aulas experimentais, implantadas nas escolas a mais de um século, são uma ferramenta poderosa para adquirir e testar conhecimentos. O tema deste estudo tem como base um projeto de baixo custo: a utilização de pigmento de planta como indicador de ácido-base. A classificação ácido-base é uma prática bem antiga. Foi introduzida no século XVII por Robert Boyle, que observou a mudança de tonalidades nas soluções (TERCI & ROSSI, 2002). Segundo Cardoso et al. (2012), os compostos fitoquímicos presentes nas substâncias naturais sofrem interações físicos-químicas com o teor de íons de hidrogênio presentes na solução, facilitando a visualização da mudança de coloração. De acordo com Gross (1987), antocianinas são as formas glicosiladas das antocianidinas que conferem coloração azul ou vermelha aos tecidos vegetais. Assim, por meio de experimentos práticos e teóricos realizados em laboratório, é apresentado um estudo da viabilidade do uso de extrato de repolho roxo como indicador de pH. A principal vantagem do uso de extrato de repolho roxo é que este envolve poucos reagentes e materiais; o baixo custo da atividade propicia sua difusão em escolas de qualquer nível econômico-social, contribuindo para um conceito químico presente em sua vida diária.

Material e métodos

O presente trabalho foi desenvolvido no laboratório de Química do Colégio Militar de Belo Horizonte – CMBH, localizado em Belo Horizonte, Minas Gerais. Neste experimento foi empregado o extrato de repolho roxo para construção de uma escala de pH. Para a realização do extrato de pigmento vegetal como indicador, foi utilizado 500 g de repolho roxo cortados em pedaços pequenos e colocados em um béquer de aproximadamente 1 L, adicionando 500 mL de água destilada ao sistema, obedecendo à proporção de 1:1 m/v e aquecendo a mistura utilizando o bico de Bunsen, fervendo até que o volume de água fosse reduzido à terça parte do volume inicial. Logo após, a solução foi filtrada utilizando uma peneira e mantida sobre refrigeração até sua utilização. Para conservar o extrato por longo período, foram adicionadas 2 gotas de formol após seu esfriamento. As soluções foram preparadas utilizando ácido clorídrico (HCl), ácido acético (CH3COOH), hidróxido de sódio (NaOH) diluídos em água destilada. Os valores aproximados de pH foram medidos com indicadores comerciais como a fita indicadora universal de pH e o peagômetro. Em tubos de ensaio devidamente numerados, colocou-se 3 mL da solução diluída com seu pH conhecido nas faixas de 0 a 14 e 3 mL de extrato de repolho roxo. Foram testados também alguns materiais de uso doméstico como o leite, suco de limão, detergente líquido, seguindo o mesmo procedimento: 3 mL do material e 3 mL de extrato de repolho roxo. Os resultados obtidos com o extrato de repolho roxo apresentaram valores dentro da faixa aceitável, quando comparados aos valores obtidos de cada solução.

Resultado e discussão

O extrato de repolho roxo exibe colorações que podem ser observadas visualmente em diferentes pHs. Essa variação de cores observadas indica a funcionalidade do extrato como solução indicadora de pH. Assim, o extrato de repolho roxo apresentou colorações extremas variando desde o vermelho, passando pelo violeta, azul, verde até o amarelo alaranjado (CARDOSO et al,2012). Considerando os resultados, tanto em meio ácido como básico houve colorações significativas que podem indicar o pH exato da solução avaliada. Essa variação é apresentada na tabela 1. O emprego do extrato de repolho roxo proporcionou uma boa participação dos alunos durante a aula, os quais revelaram grande interesse e curiosidade ao aferirem o pH das soluções e testarem sua variação de cor. Portanto o extrato de repolho roxo se tornou eficaz e um excelente indicador natural de ácido-base. Somado a esse exemplo, o experimento demonstrou-se simples, seguro, de baixo custo e com duração adequada para uma aula de química (50 min).

Tabela 1: comparação dos valores de pH obtido utilizando extrato de repolho roxo.

Conclusões

A utilização de extratos obtidos de espécies vegetais, que são facilmente encontrados, apresentam grande variação de cor em função do pH. Portanto, o extrato de repolho roxo, indicador natural, mostrou-se muito eficiente para determinar o caráter ácido ou básico das substâncias. É um experimento simples e de fácil compreensão. Entretanto, observamos que é possível obter um indicador de boa qualidade e usufruir do mesmo em sala de aula para demonstração do comportamento de indicadores de pH e para facilitar a abordagem didática sobre os conceitos de acidez e basicidade.

Agradecimentos

Referências

CARDOSO, P.H.F.; SILVA, A.S.; COSTA, A. N. S.; SANTOS, J. M.A; SILVA, P. C.L., SILVA, R. A.; O extrato de brassica oleracea var. capitata ( repolho roxo) para substiuição dos indicadores convencionais de pH. Disponível em: http://www.abq.org.br/cbq/2012/trabalhos/7/1276-14534.html. Acesso em 10 julho 2014

GROSS, J.; Pigments in Fruits, Academic Press: London, 1987, p. 59.

HODSON, D., Experiments in science teaching, in: Educational Philosophy & Theory, 20, 1988, pp. 53-66.

TERCI, D. B. L.; ROSSI, A. V. Indicador natural de pH: usando papel ou solução? Quím. Nova, v. 25, n. 4, p. 684-688, 2002.

TERRAZZAN, E. A. Perspectivas para inserção da Física moderna na escola média. Tese de doutorado apresentada no Programa de Pós-Graduação do Instituto de Física e Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo / FEUSP, Brasil, 1994.