Dificuldades de aprendizagem dos alunos de química da UFRN relacionadas ao conteúdo de soluções.

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ensino de Química

Autores

Ferreira, J. (UFRN) ; Oliveira, O. (UFRN) ; Silva, M. (UFRN) ; Brito, A. (UFRN)

Resumo

Esta pesquisa destina-se a diagnosticar fatores que causam dificuldade de aprendizagem relacionadas ao conteúdo de soluções por parte de estudantes da UFRN. Observou-se que essas dificuldades devem-se à complexidade do tema e a concepções preexistentes nos estudantes sobre a química. As dificuldades de aprendizagem relacionadas ao conteúdo de soluções devem ser objeto de uma reflexão crítica, possibilitando ao professor compreender o processo de ensino, para planejar e organizar atividades que superem os obstáculos na aprendizagem. E aos alunos, aprender com os próprios erros, ao serem estimulados a apresentar, questionar, testar as suas ideias, para que as mesmas sejam desenvolvidas ao invés de constituírem barreiras à aprendizagem.

Palavras chaves

dificuldade aprendizagem; alunos; solução

Introdução

O termo dificuldade de aprendizagem, segundo Kempa (1991), pode existir em qualquer situação onde o aluno não consegue compreender um conteúdo relativamente fácil, o qual seria adquirido como resultado de alguma intervenção didática. Essas dificuldades podem ser justificadas através de argumentos relacionados à própria disciplina de química, ao pensamento dos alunos e ao processo de instrução recebido, identificadas através de questionários, entrevistas e desenhos (JIMÉNEZ, 2007). A concepção contínua e estática da matéria, indiferenciação entre mudança física e química, atribuição de propriedades macroscópicas a átomos e moléculas, dificuldades para compreender o conceito de quantidade de substância e para estabelecer as relações quantitativas com a massa são algumas dificuldades de aprendizagem dos alunos de química, determinadas pela forma como os mesmos organizam seus conhecimentos a partir de suas próprias teorias implícitas (POZO e CRESPO, 2009). Vários estudos recentes mostram que os alunos têm, sobre os diversos fenômenos que envolvem reações em soluções aquosas, concepções diferentes daquelas aceitas pela comunidade científica, pois envolve o domínio de uma série de conceitos como íons, moléculas, átomos e elementos (NERY et al. 2007). O conteúdo de soluções é muito importante, pois a maioria dos experimentos é realizada com os reagentes no meio aquoso, sendo também necessário para o entendimento de outros conteúdos como transformações químicas, eletroquímica e equilíbrio químico. Sendo assim, esta pesquisa destina-se a levantar as dificuldades de aprendizagem dos alunos de química da UFRN relacionadas ao conteúdo de soluções, possibilitando aos mesmos refletirem sobre a estratégia de organização de conhecimento que utilizam.

Material e métodos

Para levantar as dificuldades de aprendizagem dos alunos de química da UFRN relacionadas ao conteúdo de soluções, foram selecionados 14 alunos participantes de um minicurso, cujo tema introdutório tratava-se da contaminação por nitrato da água de abastecimento da cidade de Natal/RN. O instrumento de coleta dos dados foi o questionário. O primeiro foi aplicado após a exposição de um vídeo sobre o tema, contendo a seguinte pergunta: “Por que não é possível retirar o nitrato da água contaminada através da fervura ou filtragem?”. O segundo foi aplicado após a aula expositiva dialogada sobre os aspectos teóricos, onde os alunos responderam duas questões sobre solubilidade e cálculo de concentração e descreveram os critérios que utilizaram na resolução e as dificuldades que encontraram. O objetivo dessa ferramenta de pesquisa foi fazer com que os alunos refletissem sobre a estratégia de organização de conhecimento que utilizaram para responder as questões. E ainda, elencar que dificuldades tiveram, para assim, melhor organizar os assuntos que precisavam estudar.

Resultado e discussão

Ao analisar as respostas do primeiro questionário, foi verificado que cinco alunos responderam corretamente, afirmando que os sais de nitrato são solúveis. No entanto, os demais alunos apresentaram respostas com erros conceituais, afirmando que os sais de nitrato são insolúveis, formam sólidos, e o processo de fervura deixa a água menos concentrada. Também foram verificadas dificuldades relativas aos pensamentos dos alunos, por atribuírem comportamento macroscópico às partículas, onde, por exemplo, três alunos afirmaram que os sais de nitrato são solúveis por conter íons no estado líquido. Apresentaram também dificuldades intrínsecas da própria disciplina de química, pois dois alunos afirmaram que os sais de nitrato são solúveis por conter íons difíceis de serem quebrados e outros dois alunos por formar um complexo. Em relação ao segundo questionário, as respostas da questão sobre solubilidade mostraram que todos os alunos associavam a solubilidade às cargas e aos tamanhos dos íons, às entalpias e entropias de rede e de hidratação. Isto mostra que o conteúdo foi realmente assimilado e não memorizado. Utilizaram como critérios, a observação dos dados e a operacionalização de variáveis da tabela, sendo também as principais dificuldades citadas. As respostas da questão sobre cálculo de concentração, também mostraram que todos responderam corretamente, utilizando como método de resolução a regra de três e a estequiometria. A maioria dos alunos relatou que a dificuldade inicial foi interpretar o enunciado da questão e dois alunos afirmaram que não tiveram dificuldades.

Conclusões

As dificuldades de aprendizagem relacionadas ao conteúdo de soluções devem ser objeto de reflexão crítica, pois levantam hipóteses sobre as causas dos erros dos alunos. Essas informações possibilitam ao professor compreender o processo de ensino, para planejar e organizar atividades que superem os obstáculos na aprendizagem. Em relação aos alunos, pelas respostas apresentadas, pôde-se concluir que serem estimulados a apresentar, questionar e testar suas ideias, funcionou não como barreira e sim como elemento importante para o aprendizado, possibilitando aprender com os próprios erros.

Agradecimentos

Ao Programa de Pós-Graduação em Química e à Secretaria de Educação à Distância da UFRN.

Referências

JIMÉNEZ, M. P. A. Enseñar ciencias. Barcelona: Graó, 2007.
KEMPA, R. Students learning difficulties in science: causes and possible remedies. Enseñanza de las Ciencias, v. 9, n. 2, p. 119-128, 1991.
NERY, A. L. P.; LIEGEL, R. M.; FERNANDEZ, C. Um olhar crítico sobre o uso de algoritmos no Ensino de Química no Ensino Médio: a compreensão das transformações e representações das equações químicas. Revista Eletrônica de Enseñanza de lasCiencias, v. 6, n. 3, 587-600, 2007.
POZO, J. I.; GÓMES CRESPO, M. A. A aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. Porto Alegre: Editora Artmed, 2009.

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