ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Ensino de Química
Autores
Lima, A.C. (UEPA) ; Freitas, A.M. (UEPA) ; Nogueira, M.N.G. (UEPA) ; Pereira, P.R.M. (UEPA) ; Silva, L.O. (DOCENTE DA UEPA) ; Albuquerque, M.R.N. (DOCENTE DA SEDUC)
Resumo
Esta pesquisa desenvolveu-se a partir da aplicação do experimento “Testes de Chama” numa turma de 1° ano do ensino médio da Escola Estadual Abraão Simão Jatene, município de Cametá-Pa, com o objetivo de avaliar a compreensão de conceitos sobre a teoria de Bohr, bem como verificar de que forma o experimento contribuiu para o aprendizado. Os procedimentos adotados foram: observação, realização do experimento e aplicação de questionários. Os resultados evidenciaram que o público investigado apresentava grande dificuldade de compreensão do conceito químico, no entanto, ao se utilizar a metodologia proposta, o rendimento da aprendizagem foi proveitoso. Verificou-se também que o uso do alternativo propiciou a possibilidade de ensinar a Química experimental sem o acesso a equipamentos adequados.
Palavras chaves
Experimentação; Material Alternativo; Testes de Chama
Introdução
A educação em química enfrenta grandes barreiras, entre elas está a dificuldade de relacionar o abstrato/microscópio com o concreto/macroscópico, impedindo que o aluno compreenda os conceitos e modelos científicos desenvolvidos. A partir desta problemática, Guimarães (2009) defende que no ensino de ciências, a experimentação pode ser uma estratégia eficiente para a criação de problemas reais que permitam a contextualização e o estímulo de questionamentos de investigação, pois o conteúdo a ser desenvolvido caracteriza-se como resposta aos questionamentos feitos pelos educandos durante a interação com o contexto criado. Sendo assim, o presente trabalho caracteriza-se pela aplicação do experimento “Testes de Chama” utilizando alguns materiais alternativos, no caso as latas de bebidas, que substituíram o equipamento Bico de Bunsen ausente no laboratório da escola. Tal experimento fundamentou-se no trabalho de Gracetto, Hioka e Filho (2006), onde explicam que a origem das cores geradas pela presença de metais nas chamas está na estrutura eletrônica dos átomos. Com a energia liberada na combustão, os elétrons externos dos átomos de metais são promovidos a estados excitados e, ao retornarem ao seu estado eletrônico inicial, liberam a energia excedente na forma de luz, gerando assim as cores características de cada cátion.
Material e métodos
A metodologia adotada para a realização deste trabalho ocorreu em dois passos, sendo estes realizados na Escola Estadual de Ensino Médio Abraão Simão Jatene, município de Cametá-Pa, com um total de 35 alunos de uma turma de 1º ano regular. O primeiro passo esteve relacionado à breve apresentação de uma aula teórica abordando os diferentes modelos atômicos, enfatizando o modelo atômico de Bohr. O segundo passo consistiu na aplicação de uma aula prática no laboratório de ciências, onde se realizou o experimento “Teste de Chama”, tendo como referência Gracetto, Hioka e Filho (2006). Para a realização do experimento dividiu-se a turma em quatro grupos; em seguida cada grupo preparou soluções com os seguintes sais: Cloreto de Sódio (NaCl), Sulfato de Cobre (CuS04), Cloreto de Lítio (LiCl), Cloreto de Bário (BaCl2). Foram utilizadas latinhas de alumino recicladas para substituir o equipamento Bico de Bunsen, previamente preparadas e entregues aos grupos. Solicitou-se que cada grupo, com o auxilio de uma pequena haste feita de cobre e revestida com algodão em uma das pontas, mergulhasse a ponta revestida nas soluções, aproximando-as da chama para assim observar a coloração e anotar as observações. Encerrado o experimento, foram entregues os questionários contendo três perguntas, como método de avaliar se os objetivos foram alcançados.
Resultado e discussão
De acordo com as respostas dos questionários obtiveram-se os seguintes resultados: quando os alunos foram questionados sobre o porquê que quando a solução de Cloreto de Sódio (NaCl) ao se aproximar da chama apresentou coloração amarela, aproximadamente 91% dos alunos responderam corretamente, evidenciando uma compreensão do efeito produzido pelo salto quântico do elétron; 80% dos alunos conseguiram dar exemplos da aplicação da teoria de Bohr no seu cotidiano, mostrando assim o entendimento de que o conteúdo químico está relacionado a sua realidade; com relação à classificação do nível de dificuldade de entender o experimento, 51,5% dos alunos responderam como fácil, 31,4% como moderado e apenas 17,1% responderam ser de difícil entendimento. Sendo assim, pode-se conferir a eficiência da experimentação como método de promover a habilidade investigativa dos educandos, sendo notada não somente pelas respostas, mas pelas perguntas feitas por eles e suas posteriores conclusões, que assim possibilitou a construção do conhecimento e o desenvolvimento dos conceitos.
Outra situação observada foi que a escola não apresenta um laboratório adequado para as práticas, sendo assim a proposta aplicada evidenciou que é possível ensinar química mesmo com a ausência dos materiais apropriados. Nessa linha de pensamento, Valadares (2001) complementa dizendo que o uso de experimentos simples e de baixo custo permite ao aluno e professor desenvolverem novas habilidades e a capacidade de buscarem soluções alternativas, permitindo o desenvolvimento de atitudes científicas, tornando a experimentação acessível a todas as escolas, especialmente aquelas carentes de recursos financeiros.
Conclusões
A realização do experimento “Teste de Chamas” durante o estágio supervisionado teve excelentes resultados, pois houve uma clara participação dos alunos na atividade, aumentando o interesse pelas aulas práticas e pela própria química, que na maioria das vezes é vista como uma ciência “complicada”, sendo assim, houve a compreensão da teoria de Bohr e sua aplicabilidade no cotidiano. Além disso, a prática experimental proporcionou aos estagiários vivenciar situações da docência no Ensino Médio, e evidenciar em mais uma pesquisa as contribuições significativas do uso de experimentos no ensino.
Agradecimentos
A Deus, a Universidade do Estado do Pará e a cada integrante deste trabalho, pelo seu esforço e dedicação.
Referências
GRACETTO, Augusto Cézar; HIOKA, Noboru; FILHO, Ourides Santi. Combustão, Chamas e Testes de Chama para Cátions: Proposta de Experimento. Química Nova na Escola, n. 23, p. 43-48, 2006.
GUIMARÃES, Cleidson Carneiro. Experimentação no Ensino de Química: Caminhos e Descaminhos Rumo à Aprendizagem Significativa. Química Nova na Escola. v. 31, n. 3, p. 198-202, 2009.
VALADARES, Eduardo de Campos. Propostas de Experimentos de Baixo Custo Centradas no Aluno e na Comunidade. Química Nova na Escola, n. 13, p. 38-40, 2001.