ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Ensino de Química
Autores
Santiago, J.C.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Sousa, R.S.R. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Botelho, D.A. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Leder, P.J.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Silva, M.D.B. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)
Resumo
Como ensinar as principais diferenças entre compostos orgânicos e inorgânicos para alunos do Ensino Médio? Com base nesse questionamento, este trabalho apresenta os resultados obtidos através da realização de vários experimentos que trataram de diferenciar essas duas classes de compostos químicos. O trabalho foi realizado com uma turma do 3º ano do Ensino Médio de uma escola localizada na cidade de Santa Izabel do Pará. Verificou-se que o uso de atividades experimentais é capaz de instigar o aluno a buscar explicações científicas sobre o fenômeno que se é observado, além de facilitar o processo de assimilação do conteúdo ministrado em sala de aula.
Palavras chaves
Experimentação; Química Orgânica; Química Inorgânica
Introdução
Quais diferenças existem entre os compostos orgânicos e os inorgânicos? Possivelmente, este questionamento faz parte da dúvida de muitos alunos do Ensino Médio ao estudarem a Química Inorgânica e a Química Orgânica. Em termos gerais, os compostos inorgânicos não possuem o carbono coordenado em cadeias e são organizados em quatro grupos principais: ácidos, bases, sais e óxidos. Já os compostos orgânicos, por definição, contém Carbono (C) em sua composição, podendo conter outros elementos como Hidrogênio, Oxigênio, Nitrogênio, Halogênios e mais raramente, Fósforo e Enxofre (Carvalho, 2003). Além dessa diferenciação, esses dois compostos apresentam outras particularidades quanto a sua natureza química como solubilidade, temperatura de fusão e ebulição, condutividade elétrica entre outros. Porém, ao se abordar essas características nas aulas de Química, faz-se necessária a utilização de metodologias que auxiliem os alunos na construção de conceitos. Para Ferreira, Hartwig e Oliveira (2010), a experimentação é uma metodologia capaz de despertar o interesse do aluno em interpretar os fenômenos existentes na natureza. Mas para que isso aconteça, “o professor deve considerar a importância de colocar os alunos frente a situações-problema adequadas, propiciando a construção do próprio conhecimento”. Já os autores Santana, Santos e Carvalho (2011) ressaltam que a experimentação, quando bem utilizada, auxilia no processo de ensino-aprendizagem de ciências, facilitando a compreensão de conteúdos. Nessa perspectiva, objetivou-se com este trabalho demonstrar para os alunos do 3º ano do Ensino Médio as principais diferenças entre os compostos orgânicos e os inorgânicos através da experimentação.
Material e métodos
O presente trabalho foi realizado com 20 alunos do 3º ano da Escola Estadual de Ensino Médio Prof.ª Marieta Emmi, na cidade de Santa Izabel do Pará. Para que fossem alcançados resultados significativos, o trabalho foi divido em duas etapas. A primeira etapa consistiu em uma aula expositiva para reforçar o conteúdo referente à Química Inorgânica e a Química Orgânica, abordando conteúdos como a composição elementar qualitativa, a natureza das ligações químicas e as representações das duas classes de compostos químicos. A segunda etapa consistiu na realização de várias experiências tratando da diferença entre os compostos orgânicos e os inorgânicos quanto à solubilidade de ambos em água e em solventes orgânicos, a condutividade elétrica e a inflamabilidade. Para a realização do teste de solubilidade, foram utilizados tubos de ensaio (9), óleo mineral derivado de petróleo, sacarose (C12H22O11), cloreto de sódio (NaCl), enxofre (S2), iodo 2% (I2), etanol (CH3CH2OH), querosene, Tíner (solvente orgânico). Para a realização do teste de condutividade elétrica, utilizou-se um circuito elétrico aberto e copos transparentes (5) contendo solução de cloreto de sódio, iodo 2%, sacarose, ácido etanoico (CH3COOH) e acetato de sódio (CH3COONa). As experiências que envolveram a solubilidade e a condutividade elétrica dos compostos foram realizadas com o auxílio dos estudantes. Já os experimentos que envolveram a inflamabilidade de compostos orgânicos, como a parafina e o gás etino, foram de caráter demonstrativo, para evitar a ocorrência de acidentes. Após a discussão sobre os experimentos executados, os alunos tiveram que responder um questionário para coleta de dados.
Resultado e discussão
Durante a realização dos experimentos foi possível verificar o entusiasmo dos
alunos e a busca por explicações científicas sobre os fenômenos observados. Com
relação à aula expositiva, foi perguntado aos alunos se eles já haviam estudado
as diferenças entre os compostos orgânicos e os inorgânicos, 97% responderam que
“não”. Esse resultado demonstra que muitas vezes os conteúdos de Química
Orgânica e Química Inorgânica são trabalhados isoladamente, sem que haja um
estudo sobre as diferenças e as aproximações entre essas duas classes de
compostos. Quando questionados se a experimentação contribui para a fixação do
conteúdo visto em sala de aula, 100% responderam que “sim”, comprovando que a
experimentação possui grande potencial pedagógico, melhorando a participação e o
entendimento dos alunos. A imagem 1 mostra os materiais utilizados para a
realização dos procedimentos experimentais. São materiais de baixo custo e que
podem ser adquiridos no comércio comum. A imagem 2 apresenta a realização de
alguns experimentos na segunda etapa do procedimento, como o teste de
solubilidade e de inflamabilidade. Após a discussão sobre os experimentos
executados, foi pedido que os alunos respondessem quais as principais diferenças
entre as duas classes de compostos estudados, 90% responderam satisfatoriamente,
compreendendo que a diferença entre os compostos orgânicos e os inorgânicos é,
na verdade, uma diferença entre compostos moleculares e iônicos. Finalmente foi
questionado se esses alunos gostariam de estudar outros temas auxiliados pelo
uso da experimentação, 100% afirmaram que “sim”, confirmando que a
experimentação é capaz de despertar o interesse dos alunos em estudar o conteúdo
ministrado.
Materiais utilizados para a execução dos procedimentos experimentais.
Teste de solubilidade e inflamabilidade de compostos orgânicos e inorgânicos.
Conclusões
Conclui-se que os alunos em sua maioria ainda não tinham estudado as diferenças existentes entre os compostos orgânicos e os inorgânicos. Verificou-se que os alunos que participaram do trabalho tiveram suas duvidas esclarecidas acerca das diferenças existentes entre as duas classes de compostos através da utilização de atividades experimentais. Ressalta-se a necessidade de se buscar novos métodos de ensino que aproximem os alunos dos fenômenos observados, destacando-se a experimentação como um recurso capaz de alcançar tal objetivo.
Agradecimentos
À direção e aos alunos da Escola Estadual Prof.ª Marieta Emmi, pelo espaço cedido para a realização desse trabalho.
Referências
CARVALHO, G. C. Química: de olho no mundo do trabalho. São Paulo: Scipione, 2003.
FERREIRA, L. H.; HARTWIG, D. R. e OLIVEIRA, R. C. Ensino experimental de química: uma abordagem investigativa contextualizada. Química Nova na Escola. Vol. 32, N° 2, Maio 2010.
SANTANA, C. J.; SANTOS, C. e CARVALHO, L. C. A EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA E FÍSICA: CONCEPÇÕES DE PROFESSORES E ALUNOS DO ENSINO MÉDIO. In: V Colóquio Internacional: “Educação e Contemporaneidade”. São Cristovão – SE, setembro de 2011.