O ENSINO DE QUÍMICA: DIFICULDADES, NECESSIDADES E MOTIVAÇÕES EM ESCOLAS DO INTERIOR DO ESTADO DO PERNAMBUCO

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ensino de Química

Autores

Silva, F.D.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO) ; Gomes, M.C.N.V. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO) ; Rezende, L.R.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO) ; Alves, A.L.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO) ; Moreira, C.P.F. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA) ; Silva, E.C.N. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO)

Resumo

A presente pesquisa tem por finalidade discutir o ensino de química abordando as necessidades e dificuldades ainda presentes no século XXI, levando em consideração as motivações, as aulas experimentais e perpassando algumas concepções que os alunos possuem a respeito da área. Ela foi realizada por meio da coleta de dados em duas escolas de referência em ensino médio do interior do Pernambuco em turmas do terceiro ano. Verificou-se que 82,5% de alunos afirmaram que os professores se preocupavam em contextualizar o assunto de química com o cotidiano dos alunos buscando estratégias de motivações como elaborações de paródias musicais. Enfim, é atribuído ao professor habilidades e competências, além das oferecidas pelo Estado, pela instituição formadora e pela condição salarial.

Palavras chaves

ENSINO; DIFICULDADES; MOTIVAÇÕES

Introdução

Silva e Del Pino (2003) demonstraram que os alunos de ensino médio têm dificuldades de compreensão dos fenômenos que constituem a ciência química. As suas dificuldades repousam nas limitações do ensino-aprendizagem em estimular a curiosidade do educando para compreender a dimensão da disciplina na prática e vivência de sua realidade no cotidiano. No âmbito da escola básica, os educadores utilizam poucas metodologias aplicadas na prática que dimensionam experiências e contextualizam com a realidade e cultura do aluno. Além disso, frequentemente, as informações veiculadas pelos meios de comunicação são superficiais, errôneas ou exageradamente técnicas. Dessa forma, as informações recebidas podem levar a uma compreensão unilateral da realidade e do papel do conhecimento químico no mundo contemporâneo. Transforma-se a Química na grande vilã do final do século, ao se enfatizar os efeitos poluentes que certas substâncias causam no ar, na água e no solo. Entretanto, desconsidera-se o seu papel no controle das fontes poluidoras, através da melhoria dos processos industriais, tornando mais eficaz o tratamento de efluentes (BRASIL, 2004). Este trabalho pretende revelar as dificuldades, necessidades e motivações do ensino de Química presente em escolas do interior do Pernambuco segundo o ponto de vista dos discentes.

Material e métodos

A pesquisa foi realizada em duas escolas de Ensino Referência no Médio (doravante, EREM) em uma cidade do interior de Pernambuco (Brasil). Nela, foram escolhidos alunos do terceiro ano e que cursaram no mesmo colégio o primeiro e segundo ano do ensino médio. Assim, 81 discentes configuraram-se como nossos colaboradores para a realização da pesquisa. Utilizou-se como instrumento para o levantamento dos dados um questionário (Figura 1), contendo perguntas envolvendo os seguintes assuntos: Contextualização do ensino de Química com acontecimentos do cotidiano, aceitação da disciplina de Química, motivações para estudarem tal disciplina, dificuldades enfrentadas, metodologias de ensino consideradas mais eficiente para aprendizagem, frequência de utilização do laboratório de química para aulas, estratégias para compreenderem os assuntos e qual importância da disciplina em sua vida. Desse modo, tal instrumento tem como finalidade diagnosticar o grau de conhecimento dos colaboradores. O questionário foi entregue a cada colaborador, explicado e recolhido no mesmo dia. Orientados pela ética em pesquisa com pessoas, foi mantido o sigilo e anonimato acerca das identidades dos entrevistados e da instituição de ensino. Nas turmas do terceiro ano do Ensino Médio havia 81 alunos sendo 62,5% do sexo feminino e 37,5% do sexo masculino de faixas etárias entre 16 a 18 anos de idade As análises dos dados ocorreram através da avaliação das respostas ao questionário para a formulação e sistematização em planilhas eletrônicas, com o auxílio do programa Microsoft Office Excel 2010®, e analisadas estatisticamente por meio de frequência.

Resultado e discussão

Eram poucos os recursos disponibilizados para realizar aulas dinâmicas e interativas, faltava capacitação dos docentes para uso de softwares e jogos didáticos e virtuais de ensino. Uma das formas de motivações encontrada por um dos professores foi elaborar paródias musicais a respeito dos assuntos abordados em sala de aula. 53,66% dos alunos afirmaram que isso tornava mais interessantes e fácil a assimilação dos conteúdos, não garantindo a total compreensão dos conceitos abordados. Cerca de 34% dos alunos demonstraram dificuldade na disciplina Química Orgânica. Além disso, os assuntos que envolviam cálculos estequiométricos, balanceamento de reações e tabela periódica tiveram baixa aceitação pelos alunos, pois questionavam-se a complexidade destes em seu cotidiano. Revelou-se que cerca de 67% dos alunos afirmaram que as aulas eram tradicionais e sem motivação com uso de excessivo de conceitos. Poucas eram as aulas experimentais, 72% dos alunos acreditam que estas são eficientes e auxiliavam no entendimento da teoria. Assim, "como aprendemos com nossas experiências de vida, torna-se mais fácil aprender com a prática experimental do ensino teórico", pois estimula a curiosidade em entender reações acontecendo devido às mudanças de cores, formação de precipitados, liberação ou absorção de calor e desprendimentos de gases, tornando o conhecimento intuitivo e dedutivo mais sofisticado à medida que atribuem "corpo" ao que antes não era percebido anteriormente, obtendo o conhecimento cabal do fato ao passo de quererem buscar formação de nível superior em tal área.

Figura 1: Questionário elaborado pelos pesquisadores.



Conclusões

Segundo os alunos 47% dos docentes contextualizavam os fatos do dia a dia em sala de aula, como desastres ambientais e efeito estufa, mas não tomavam a química (sua estruturação, seu funcionamento e sua prática) como crítica no ensino. O conhecimento especializado isolado é necessário, mas não suficiente para o entendimento do mundo físico e o contexto escolar muitas vezes não possibilita uma maior discussão entre os alunos acerca dos conhecimentos adquiridos, seja por limitação de tempo ou ainda devido à inadequação dos currículos e práticas pedagógicas.

Agradecimentos

À Unidade Acadêmica de Serra Talhada - UAST/UFRPE

Referências

Brasil. Ministério da Educação (MEC), Secretaria de Educação Básica (SEB), Departamento de Políticas de Ensino Médio. Orientações Curriculares do Ensino Médio. Brasília: MEC/SEB,2004.

SILVA, J.; DEL PINO C. Análise do capítulo ligação química nos manuais didáticos de Química Geral. In: XVI Salão de Iniciação Científica da UFRGS. Resumos. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2003.

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