ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Ensino de Química
Autores
Moraes, R. (UFRJ) ; Takase, I. (UFRJ) ; Lorençatto, T. (UFRJ)
Resumo
"Oficinas temáticas" é um método de conhecimento com foco na ação e no envolvimento, tendo por base uma teoria, um conceito curricular. Essas oficinas constituem uma boa forma de atualização de professores. No entanto, não existem dados que mostrem se estas oficinas são reproduzidas em sala de aula. Utilizando- se de dois questionários direcionados aos professores este trabalho teve como objetivo realizar esta avaliação. A pesquisa mostrou que apenas uma pequena parte dos professores que frequentam as oficinas temáticas oferecidas pelo Museu Ciência e Vida, localizado em Duque de Caxias -RJ, aplicam a mesma em sua sala de aula, e os que o fazem, reproduzem integralmente o conteúdo visto, negligenciando fatores ímpares da escola em que lecionam.
Palavras chaves
oficinas didáticas; Aprendizagem significativ; Contextualização
Introdução
Hoje considera-se que praticamente qualquer ambiente possa promover aprendizado. Porém, a escola ainda encontra-se como a grande promotora do ensino. Em uma sociedade cada vez mais informatizada é crescente entre os discentes o desestímulo às aulas tradicionais [1,2] onde o aluno é frequentemente tratado como um mero ouvinte das informações expostas pelo docente. Tais informações não se relacionam com os conhecimentos prévios que o aluno construiu ao longo de sua vida. E quando não há relação entre aquilo que ele já sabe e aquilo que ele está aprendendo, a aprendizagem não é significativa [3]. Ao docente cabe a responsabilidade de abordar o conteúdo com práticas interessantes e aprazíveis de modo que seja possível atrair a atenção do aluno e despertar neste o interesse pelo o que esta sendo apresentado em sala de aula, ou seja, contextualizar. Visando facilitar este tipo de abordagem é interessante que docente passe por atualizações contínuas. Um desses processos de atualização é "as oficinas didáticas". "Oficinas didáticas" é um método de construção de conhecimento com foco na ação e no envolvimento, tendo por base uma teoria, um conceito curricular. As oficinas se mostram como uma forma de vivenciar problemáticas concretas e significativas, esta muda a ênfase clássica do aprendizado pela apropriação ativa e reflexiva dos conteúdos teóricos. Instituições como o Museu Ciência e Vida oferecem oficinas didáticas aos docentes como forma de atualização. No entanto, não se conhece dados referentes às reproduções das oficinas em ambiente escolar, assim como seu real efeito sobre o aprendizado. Assim, o objetivo do presente trabalho é conhecer estes dados.
Material e métodos
As oficinas são compostas de dois momentos, no primeiro momento é realizada uma conversa com os professores onde estes podem se apresentar contar suas experiências em sala de aula trabalhando o tema. Posteriormente há a exposição de uma problemática, e como trabalhá-la utilizando os conteúdos didáticos aplicados no ensino formal. No segundo momento é realizado a instrumentalização, por exemplo, a confecção de um produto final, este podendo variar desde um instrumento que baseie seu funcionamento em conceitos e leis vistas durante a oficina até jogos lúdicos confeccionados utilizando aplicações de conteúdos didáticos. Utilizando materiais de fácil acesso, baixo custo e na maioria das vezes utilizado material reaproveitado tais como, garrafas pet, latas de alumínio, papel etc. A metodologia empregada para esta avaliação contou com a aplicação de dois questionários para um grupo de 58 professores participantes de três oficinas. O primeiro, aplicado ao final de cada oficina, visava conhecer o perfil do profissional que procura às oficinas como forma de atualização. O segundo questionário foi aplicado meses após a realização das oficinas, por ligação telefônica, e tinha como objetivo saber se os professores reproduziram as oficinas em sala de aula, como esta proposta foi recebida pelos alunos e qual foi o seu desempenho.
Resultado e discussão
A pesquisa mostrou a predominância de professores jovens (65%), já motivados e
dispostos a utilizar o ensino contextualizado, a experimentação e a
instrumentação. Boa parte dos participantes já tiveram experiências prévias
aplicando esse modelo de aula (80%), e relatam grande êxito, sendo esta a
principal motivação que os leva às dependências do museu para participar das
oficinas.
Apesar de haver motivação por parte dos professores em trabalhar com
contextualização e instrumentalização de conceitos abordados em sala de aula,
poucos são os profissionais que de fato aplicam este modelo em suas aulas
(17,4%). Além disso, a pequena parcela que utilizou esta ferramenta, o fizeram
como uma cópia exata da oficina assistida, negligenciando fatores impares da
escola em que lecionam e a sua própria bagagem cultural, mostrando assim que
estes profissionais mesmo que dispostos ainda não dominam plenamente o
conhecimento das bases do ensino significativo.
Embora os professores sejam unanimes em afirmar que percebem um maior
interesse e uma melhora no aprendizado por parte dos alunos com este modelo de
aula. De acordo com as respostas avaliadas, a falta de diálogo entre direção e
professores, bem como a falta de infraestrutura das escolas podem representar
grandes barreiras para que este tipo de prática ganhe maior espaço nas salas de
aula. No entanto, a viabilidade das aulas contextualizadas é indiscutível, e o
bom desempenho dos alunos deve ser levado em consideração.
Conclusões
As oficinas didáticas são uma alternativa ao modelo padrão através de um eixo temático que tanja a realidade do aluno, promovendo um aprendizado significativo. Este modelo torna-se um terreno fértil para a interdisciplinaridade que não só estão em evidência em pesquisas pedagógicas e epistemológicas como consta nas próprias diretrizes do ensino nacional. A instrumentalização com materiais de baixo custo e materiais reaproveitados permite que este modelo de aula seja aplicado praticamente em qualquer escola do ensino básico e médio de distintas realidades sociais.
Agradecimentos
Museu Ciência e Vida
Referências
[1]ROCHA, S.C.B;TERÁN, A.F. O uso de espaços não formais como estratégia para o ensino de ciências, Manaus, 2010.
[2]VESENTINI, J.W. O Ensino de geografia no século XXI. Campinas: Papirus, 1992. 281 p.
[3] GUIMARÃES, C.C. Química Nova na Escola 31 (2009) 198-202.