ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Ensino de Química
Autores
Carmo, G.S. (IF SERTÃO) ; Brito, V.B. (IF SERTÃO) ; Vieira, G. (IF SERTÃO) ; Costa, K.B.S. (IF SERTÃO) ; Aguiar, L.O. (IF SERTÃO)
Resumo
O trabalho teve por objetivo despertar nos alunos com deficiência, a capacidade que eles têm em compreender a disciplina de química e relacionar o conteúdo ao seu cotidiano. O desenvolvimento do trabalho se deu de maneira sustentável no processo de aprendizagem, que está voltado para as necessidades do educando em obter uma modalidade diferenciada ao atendimento; sendo assim surgem intervenções interdisciplinares na área de química, não uma química conceituada e sim, uma química vivenciada, que faça parte do cotidiano dessas pessoas, despertando o interesse pela área em atividades laboratoriais e ocupacionais, atraindo a atenção de todos e fazendo-os entender que a química e a importância da sustentabilidade são um bem comum na sociedade em que se habita.
Palavras chaves
Pessoa com deficiência; Química; Aprendizagem
Introdução
O processo educacional da espécie humana abrange todos os indivíduos, onde as interações entre o homem e o objeto de aprendizagem os tornam aptos a compreender os processos químicos do cotidiano e a importância da sustentabilidade para a conservação do Planeta. Como cita Padilha (2001), é preciso vencer as barreiras de sua deficiência, expandir possibilidades, diminuir limites, encontrar saídas para estar no mundo, mais do que ser apenas uma pessoa do mundo. Nascida no Rio de Janeiro em 1954, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE se destaca no Brasil pelo seu pioneirismo e seu envolvimento com o Atendimento Educacional Especializado, sendo ela considerada a maior rede de atenção à pessoa com deficiência no país. Em suas finalidades, a APAE de Petrolina mantem e incentiva a criação de estabelecimentos especializados destinados ao tratamento, educação, habilitação, reabilitação e inserção social das pessoas com deficiência; esclarece, orienta e auxilia os pais e amigos na conduta relativa à pessoa com deficiência e desenvolve a cultura especializada. Assim, a APAE de Petrolina-PE, foi escolhida para o desenvolvimento desse trabalho, cujo objetivo foi contribuir para a introdução do estudo da química no processo de ensino-aprendizagem do aluno dessa instituição.
Material e métodos
O presente trabalho foi realizado com alunos e professores da APAE de Petrolina- PE. Trabalhou-se com 36 alunos, de faixa etária variada e 4 professores. Com o tema “O mundo da química” foram ofertadas sete oficinas, e os alunos divididos em 6 grupos, utilizando materiais reciclados e de baixo custo, tais como: garrafas PET, isopor, cartolina, copo de vidro, folha de papel ofício A4, EVA, cola, papel madeira, jornal, leite, pastilhas de antiácido, óleo vegetal, detergente, copo de plástico, papel filtro, álcool 70%, amido de milho, pote de sorvete vazio, canudo, luva, tinta de caneta, tinta para papel e bolas de látex. As experiências trabalhadas foram “afunda ou não afunda”, para exploração do conteúdo de densidade; “sobe e separa”, para aplicação de um método de separação; “leite psicodélico”, para trabalhar o poder de emulsão do detergente; “areia movediça”, para explorar os estados físicos sólidos e líquidos; “cartolina grudenta”, para explicação da pressão atmosférica; “lâmpada de lava”, para explanação da polaridade das ligações químicas e da densidade e “inflando a luva” para demonstrar uma reação química com liberação de gás. Foram utilizados materiais do cotidiano para realizar experiências simples, de fácil aplicação e compreensão, que pudesse estar ao alcance dos alunos, onde além de eles poderem ver, tocar e fazer parte da realização das oficinas.
Resultado e discussão
Baseado em falas dos alunos durante e após a apresentação da oficina, tais como:
“essa água é líquida”, “essa garrafa é para usar de novo”, “essa pedra afunda na
água e o “barquinho de papel não afunda”, observou-se que apesar das limitações
cognitivas, os alunos com deficiência possuem interesse em explorar caminhos
novos, à medida que lhes são propostos desafios no mundo da aprendizagem. Como
cita Facci et al. (2006), a educação das pessoas com deficiência não deveria
limitar-se à reabilitação ou à educação profissional, mas sim, está centrada no
desenvolvimento da capacidade dos indivíduos de pensar e agir consciente ou
planejadamente, participando dos desafios postos àquela sociedade, fazendo
compensações das áreas ou funções afetadas, a partir de órgãos ou funções
íntegros.
Os alunos com deficiências interpretaram as questões abordadas, durante o
trabalho, de forma privada. Mas, a compreensão do conteúdo de química e onde ela
atua, foi necessário à preparação de um vocabulário simples, para que eles se
sentissem a vontade em se expressar.
Portanto, fez necessário estudar o ambiente onde foi aplicada a atividade,
levando em consideração o público alvo – os alunos, que fazem parte da
diversidade humana com personalidades, tendências e capacidades distintas. O
trabalho exercido obteve pontos positivos tais como, pretender alcançar a
atenção dos alunos, estimulá-los e minimizar as desvantagens, ou seja, procurar
tornar o ambiente mais prático e dinâmico.
Alunos da APAE observando as apresentações da oficina "O mundo da química".
Grupo de alunos da APAE após as apresentações da oficina.
Conclusões
Tendo em vista os aspectos observados, evidencia-se que pessoas com deficiência não devem ser subestimadas. Após adaptar as estratégias de ensino – aprendizagem notou-se que a deficiência do aluno não o impede de absorver o conteúdo, ou seja, sua deficiência não limitou seu potencial e sua capacidade de aprender. Envolvendo o estímulo necessário e incentivando os alunos de maneira adequada, percebe-se que as dificuldades deixam de persistir e eles passam a adquirir conhecimento, envolvendo processos do cotidiano.
Agradecimentos
Agradecemos primeiramente a Deus e a nossa família, aos professores que nos auxiliaram, ao IF Sertão - PE e a direção da APAE.
Referências
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FACCI, M. G. D.; TULESKI, S. C.; BARROCO, S. M. S. Psicologia histórico-cultural e educação especial de crianças: do desenvolvimento biológico à apropriação da cultura. Encontro: Revista de Psicologia, São Paulo, v. 13, n. 10, p. 23-35, 2006.
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PADILHA, A. M. O que fazer para não excluir. In: GOÉS, M. R.; LAPLANG, A. F. Políticas e práticas de educação inclusiva. São Paulo: Autores Associados, 2001.
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