ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Ensino de Química
Autores
Andrade, L.V. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS- CÂMPUS ITUMBIARA) ; Santos, J.P.V. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS- CÂMPUS ITUMBIARA) ; Alves, B.H.P. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS- CÂMPUS ITUMBIARA) ; Silva, A.C.O. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS- CÂMPUS ITUMBIARA) ; Mendes, F.C.R. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS- CÂMPUS ITUMBIARA) ; Freitas, T.L. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS- CÂMPUS ITUMBIARA) ; Oliveira, T.F. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS- CÂMPUS ITUMBIARA) ; Gomes, T.C.F. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS- CÂMPUS ITUMBIARA) ; Silva, W.H. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS- CÂMPUS ITUMBIARA)
Resumo
Esta investigação partiu da prática dos alunos licenciandos em Química do estágio curricular supervisionado do Instituto Federal de Goiás, câmpus Itumbiara. Os estudantes de Química realizaram o estágio como pesquisa, visitando o ambiente da escola-campo, assistindo aulas, fazendo pesquisa documental e empírica. Com essa vivência, identificaram as dificuldades do professor de Química ao trabalhar em ambiente improvisado, sem laboratório para aulas práticas, sem reagentes, muitas vezes sem recurso didático algum. E também conseguiram conhecer os alunos da Educação de Jovens e Adultos – EJA e suas dificuldades com a disciplina de Química. Desenvolveram para a escola-campo uma apostila com vários experimentos passíveis de serem realizados em sala de aula com materiais de baixo custo.
Palavras chaves
estágio supervisionado; EJA; experimentos alternativos
Introdução
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n°9.394/96, a Educação de Jovens e Adultos – EJA é destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. A idade mínima de ingresso é de 15 anos para o nível fundamental e 18 para o ensino médio. Há três grandes questões sociais que fazem com que as pessoas desistam de estudar: vulnerabilidade (problemas relacionados à pobreza extrema, uso de drogas, exploração juvenil e a violência), trabalho e gravidez precoce (SILVA; NASCIMENTO; BRASILEIRO, 2013). A Química é comumente considerada pelos alunos uma das ciências exatas de difícil aprendizado, tornando ainda maior o desafio de ensinar química na EJA, pois estes estudantes ainda têm pouco tempo de estudo e muitas responsabilidades familiares, sendo a grande maioria responsável pelo sustento da família. Portanto, para trabalhar com este público, as propostas de ações devem partir da troca de vivências. Deve-se estabelecer uma conexão entre os conceitos químicos ensinados e as experiências pessoais, práticas culturais, comunitárias e sociais destes alunos (BENTLIN, 2010). Pimenta e Lima (2011) explicam que o estágio deve ser realizado em perspectiva de projetos, pressupondo o compromisso de realizar ações significativas para uma escola de melhor qualidade voltada à inclusão social e em constante diálogo entre os participantes. Somada a estas questões existe a realidade da escola-campo onde foram coletados os dados da presente pesquisa: a mesma não dispõe de ambiente para realização de experimentos (laboratório), o que justificou o interesse dos estagiários em criar uma apostila com práticas passíveis de serem realizadas em sala de aula, utilizando materiais acessíveis de baixo custo.
Material e métodos
Os estagiários do curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal de Goiás, câmpus Itumbiara, acompanharam aulas do professor de Química na escola- campo, uma Escola da Rede Pública Estadual, localizada no município de Itumbiara-Goiás. Foram 10 horas-aula acompanhando o professor da escola-campo. Os estagiários registraram as seguintes observações: o professor não usava quase nenhum material didático, escrevendo sempre o conteúdo no quadro. Utilizava também a estratégia didática de resolução de exercícios. Esta escassez de recursos devia-se à própria infraestrutura da escola-campo: não havia laboratório, equipamentos, vidrarias, reagentes, enfim, nada que pudesse otimizar a aprendizagem com aulas práticas. A apostila experimental com materiais de baixo custo foi organizada pelos estagiários, propondo vários experimentos com materiais alternativos. Participaram desta intervenção seis estagiários da licenciatura em Química e 25 alunos da EJA da escola-campo. O objetivo foi de proporcionar ao professor uma alternativa experimental, com materiais de baixo custo, para a ilustração do conteúdo teórico aplicado. Dentre os experimentos da Apostila, encontravam-se: modelo atômico de Dalton representado por bolas de gude ou miçangas; quebra-cabeça da tabela periódica, construído pelos alunos; balões coloridos para representar as estruturas moleculares; extrato de repolho roxo como indicador ácido-base, dentre outras sugestões de práticas possíveis de serem realizadas em sala de aula. Também ocorreu a aplicação de questionário para os 25 alunos da 1ª e 2ª etapa do ensino médio na modalidade EJA.
Resultado e discussão
Mediante análise dos questionários respondidos, foi possível identificar que a
média de idade dos alunos é de 27 anos; a maioria estava afastada da sala de
aula entre 5 a 10 anos, considerando três exceções, que afirmaram estar fora do
ambiente escolar de 20 a 30 anos. Dentre todas as disciplinas que compõe a
matriz curricular, 80% dos alunos respondentes consideraram as disciplinas de
Química, Física e Matemática, as mais difíceis do ensino médio, nesta ordem. Os
alunos da EJA afirmaram, em sua maioria (90%), que nunca haviam participado de
um experimento prático de Química e que não conheciam conceitos como geometria
molecular, eletronegatividade e polaridade. A partir destas informações, foi
escolhido o seguinte experimento, presente na apostila, para realização pelos
estagiários: a aula iniciou-se de forma expositiva, utilizando datashow. Em
seguida, através de balões unidos simulando moléculas, explicou-se a geometria
molecular, a nomenclatura, os tipos de ligações e as fórmulas eletrônicas dos
seguintes compostos: H2O, NH3 e CH4. Esses modelos foram demonstrados também
pela visualização tridimensional através de kit de montagem de moléculas
orgânicas (atomlig 77 educação), conhecido e utilizado por muitos professores do
ensino de Química Orgânica, o que facilitou a representação dos ângulos das
ligações e o formato das moléculas. Por meio de questionários aplicados após o
experimento, os alunos relataram melhoria na compreensão de modelos moleculares
e polaridade. Estes resultados sugerem que os estudantes da EJA, por estarem
afastados da escola há muitos anos, não vão aprender mediante memorização dos
conteúdos apresentados no quadro em sala de aula, e sim, compreendendo conceitos
químicos de forma contextualizada e visualizada na prática experimental.
Conclusões
Os resultados desta investigação promoveram novas indagações: será que os alunos da Educação de Jovens e Adultos perdem o interesse pelas disciplinas consideradas difíceis (Química, Física, Matemática) devido a não compreenderem os conceitos? E se estes conceitos fossem trabalhados em aulas práticas, laboratórios, se diferentes estratégias e recursos didáticos fossem utilizados, haveria melhor aprendizagem dos conteúdos de Química? Na formação de professores, o estágio tem o propósito de incutir no aluno reflexões, que o levem futuramente a transformar o quadro geral da Educação no Brasil.
Agradecimentos
Aos alunos de licenciatura em Química, à escola-campo e toda sua equipe escolar (direção, professores, alunos e comunidade).
Referências
BENTLIN, F.R.S. 2010. Resolução de Problemas como prática de ensino sobre funções inorgânicas para alunos da EJA. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Instituto de Química. Porto Alegre. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/28591/000770953.pdf?...1
PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. 2011. Estágio e docência. In:____. Planejando o estágio em forma de projetos. 6. ed. São Paulo: Cortez.
SILVA, K.S.; NASCIMENTO, M.C.M.; BRASILEIRO, R.M.O. 2013. A Química na educação de jovens e adultos: desafios e perspectivas. 5º Congresso Norte Nordeste de Química, Natal. Disponível em: http://annq.org/eventos/upload/1360172161.pdf
Patrocinadores
Apoio
Realização
