ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Ensino de Química
Autores
Silva, E.O. (LABQUIM/UFPB) ; Ventura, W.S.N. (LABQUIM/UFPB) ; Medeiros, J.A. (LABQUIM/UFPB) ; Lima, M.C. (LABQUIM/UFPB) ; Melo, A.M. (LABQUIM/UFPB) ; Lucena, G.L. (LABQUIM/UFPB) ; Marques, D.I.D. (LABQUIM/UFPB) ; Quirino, M.R. (LABQUIM/UFPB)
Resumo
Neste trabalho buscou-se uma alternativa didática para que o discente possa aprimorar o conhecimento trabalhado em sala de aula através de momentos pedagógicos teóricos e práticos sobre o reaproveitamento do bagaço de cana para obtenção de papel. Foi feita uma pré-avaliação com questões acerca do tema e as características químicas do bagaço. Em seguida foi ministrada uma aula expositiva teórica e prática. Neste momento pedagógico ocorreu um debate aprofundado acerca dos conteúdos de química intrínsecos ao bagaço de cana e papel; como celulose, funções orgânicas, inorgânicas etc.. Para finalizar os educados foram reavaliados. O resultado obtido foi positivo, o que ficou claro a importância desta técnica não só para a obtenção do papel, mas também para o aprimoramento do aprendizado.
Palavras chaves
Ensino; Bagaço de Cana-de-açúcar; Papel reciclado
Introdução
Nos dias atuais é notória a falta de interesse por parte do aluno em sala de aula, isso reafirma a carência de práticas educativas durante o período de ensino médio. De acordo com BRUXEL, J.(2012) a realização de aulas experimentais que contextualizam o conhecimento dos estudantes é uma prática pedagógica que vem sendo defendida por diversos autores como um método de ensino facilitador do aprendizado. O interesse do aluno pela química deve ser estimulado através de atividades práticas contextualizadas, visando estabelecer inter-relações entre teoria e prática (SALVADEGO et al, 2009). Com a finalidade de acentuar o conhecimento dos alunos e aguçar seus interesses para novas técnicas de aprendizado, o importante trabalho trouxe para essa aula o tema de reaproveitamento de resíduo orgânico, o uso do bagaço de cana-de-açúcar para a obtenção do papel reciclado. Para a produção da celulose, matéria-prima para a obtenção de papel, milhares de árvores são derrubadas anualmente causando devastação ao meio ambiente resultando no aquecimento global. Segundo (FERRAZ, 2010) para cada 50 kg de papel reciclado, é menos uma árvore a ser derrubada e menos de 50% de água no consumo para essa produção. Esta temática de forma contextualizada associa de maneira objetiva, diversos conteúdos voltados não só para a disciplina de química, mas também para a problemática ambiental. Mediante ao caos que vivenciamos hoje, não podemos de desperdiçar uma oportunidade de agregar conhecimento e promover a desenvolvimento sustentável (OLVEIRA et al 2003). Diante do exposto o objetivo deste trabalho foi obter o papel celulósico a partir do bagaço de cana e explorar esta atividade experimental como tema organizador do ensino de química contextualizado.
Material e métodos
As atividades foram realizadas no Laboratório de Química (LABQUIM) pertencente ao Centro de Ciências Humanas Sociais e Agrárias, campus III da UFPB localizado na cidade de Bananeiras-PB com discentes do 1º período do curso de Ciências Agrárias. A aula foi dividida em quatro momentos pedagógicos de acordo com PAIM et al. (2004). O primeiro momento denominado de pré-intervenção consistiu uma pré-avaliação a respeito do tema abordado, contendo estruturas químicas dos componentes existentes no bagaço de cana; definição de celulose, motivo pelo qual o humano não consegue digerir a celulose; dentre outras relacionadas à reutilização do bagaço de cana e a química dos reagentes envolvidos. Em seguida uma contextualizada, onde foi possível os aprendizes interagirem e se aprofundarem no assunto abordado. A terceira etapa foi seguida de uma aula experimental interativa executando passo a passo o processo de obtenção do papel reciclado do bagaço de cana. Sendo o primeiro o aquecimento do resíduo com soda cáustica (NaOH), que tem a função de acelerar a separação da lignina e celulose. Feito isso o bagaço foi lavado e triturado para a obtenção da polpa da celulose que foi passada por uma tela de náilon e exposta ao sol até a secagem por completa. Por último, foi realizado o quarto momento pedagógico, ou seja, uma pós-intervenção avaliativa para observamos o rendimento adquirido pelos discentes como consequência dessa didática alternativa. As notas da pré- e pós- intervenções foram calculadas através da média aritmética da turma.
Resultado e discussão
Analisando o primeiro e quarto momento pedagógico, ou seja, pré- e pós-
intervenção, as médias destas avaliações apresentaram valores de 0,93 e 8.10,
respectivamente. Com este resultado pode-se inferir que este tipo de didática
abordada contribuiu positivamente no aprendizado dos educandos como observa-se
na figura 1. Foi possível observar durante os momentos pedagógicos de aulas
expositivas e práticas que os alunos estavam bastante motivados podendo ser
mostrado na figura 2. Aproveitando este momento de interesse para explorar
conteúdos da química intrínsecos ao processo prático da obtenção de papel
celulósico. Foram explorados assuntos como funções inorgânicas e orgânicas,
estruturas químicas, ligações alfa e beta dos carboidratos e concentração das
soluções. Foi plausível também contextualizar com a importância de reaproveitar
um material potencialmente poluente, pois, de acordo com Bueno et al (2013), a
função do experimento é fazer com que a teoria se adapte à realidade, com
atividade educacional isso poderia ser feito em vários níveis, dependendo do
conteúdo, da metodologia adotada ou do objetivo que se quer com as atividades.
Notou-se que o discente conscientizou-se de que existe um propósito, pois, esta
metodologia diferente das usuais, estanques e acríticas, que acarretam em
decorar tabelas e fórmulas, proporcionou ao aprendiz uma motivação justificada
pela atividade prática contextualizada.
Momento expositivo/obtenção do papel procedido do bagaço de cana-de-açúcar
Alunos aprendendo na pratica o processo de obtenção da polpa da celulose para a confecção do papel.
Conclusões
Com base nos resultados obtidos neste presente trabalho, fica clara a certeza de que este pode ser um método de ensino promissor, com a alternativa de aprimorar o conhecimento e despertar o interesse do aluno pela química. Levando em consideração a obtenção do papel reciclado a partir do bagaço de cana, nota-se que está é uma proposta viável do ponto de vista ambiental, que pode ser agregada ao conhecimento do discente com intuito de incentivá-lo às novas pesquisas.
Agradecimentos
Referências
BUENO L. et al. Ensino de Química por meio de atividades experimentais. Published by; Fabiana A. Hencklein, on May 2013.
BRUXEL J. Atividades experimentais no ensino de Química. Defesa de dissertação de mestrado apresentada ao Centro Universitário Univates-Rio Grande do Sul, 2012.
FERRAZ, J. M. G.; TÍTULO: O PAPEL NOSSO DE CADA DIA, ANO DE PUBLICAÇÃO 2010.
OLIVEIRA D. et al 2003- Gerenciamento sustentável do bagaço de cana de açúcar-Universidade Estadual de Maringá-UEM
PAIM, G. R.; MORAES, T. S., FENNER, H. PIMENTAL, N. L. Longas Correntes, Grandes Uniões, XXIII Encontro Nacional de Estudantes de Química, SÃO CARLOS, 2004, Cd. Rom.
SALVADEGO, W. N.; C.et al. Uma análise das relações do saber profissional do professor do ensino médio com a atividade experimental no ensino de química. Química Nova na Escola. v.31, n.3, p. 216-223, 2009.