ATIVIDADES LÚDICAS: UM MÉTODO ALTERNATIVO E EFICAZ PARA O ENSINO DE QUÍMICA NO ENSINO MÉDIO-TÉCNICO

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ensino de Química

Autores

Schäfer, M. (IFRS - CAMPUS CAXIAS DO SUL) ; Scherer, T. (IFRS - CAMPUS CAXIAS DO SUL) ; Bitencourt, P. (IFRS - CAMPUS CAXIAS DO SUL) ; Silva, E. (IFRS - CAMPUS CAXIAS DO SUL) ; Vieira, M. (IFRS - CAMPUS CAXIAS DO SUL)

Resumo

A utilização de atividades lúdicas pode ser uma boa escolha para diminuir a rejeição da Química por parte dos alunos. Além de ser uma forma diferenciada de trabalhar os conteúdos, é também um instrumento que os motiva, atrai e estimula, divertindo-os e criando um aprendizado mais prazeroso e interessante. Teve- se como objetivo adaptar diferentes jogos, aplicando-os a turmas do IFRS – Câmpus Caxias do Sul, e avaliar o seu papel no aprendizado dos estudantes. Durante a confecção dos jogos foi levado em conta os conteúdos trabalhados e buscou-se utilizar materiais alternativos. Era notável a dedicação dos alunos, já que os mesmos se mostraram participativos durante as oficinas e demonstraram interesse em realizar outros encontros. Outras atividades serão aplicadas no decorrer do ano.

Palavras chaves

Ensino; Lúdico; Química

Introdução

O ensino de Química no Brasil sofre há décadas com problemas metodológicos, como mostram diversas pesquisas (Schnetzler e Aragão, 1995; Krasilchik, 1987; Gil- Perez, 1993). Ainda hoje, segundo Benite & Benite, um dos maiores desafios do ensino de Química é construir uma ponte entre o conhecimento escolar e o mundo cotidiano dos alunos. Isso, aliado ao fato de, em geral, as discussões durante as aulas se limitarem apenas a mera exemplificação dos conceitos sem relação com o cotidiano, segundo Lima e cols. (2000), contribui para a rejeição da disciplina pelos estudantes. Isso acontece muitas vezes porque as aulas de Química não têm um diferencial para torná-las mais atrativas, sendo geralmente definidas como exaustivas e monótonas. A proposta busca definir novas maneiras de compreensão da Química através de métodos alternativos, atrelando ao aprendizado a diversão e o prazer. Uma possibilidade é a utilização de atividades lúdicas, que ainda é recente (Lima e cols., 2011). Segundo Kishimoto (1994), o jogo, considerado um tipo de atividade lúdica, possui duas funções: a lúdica e a educativa. Elas devem estar em equilíbrio, pois se a função lúdica prevalecer, não passará de um jogo e se a função educativa for predominante será apenas um material didático. O lúdico deve ser inserido como impulsor nos trabalhos escolares, sendo indicados em diversos momentos, como na apresentação de um conteúdo, ilustração de aspectos relevantes, como revisão etc (Cunha; 2004). Levando isso em conta, teve-se como objetivo adaptar e reproduzir diferentes atividades lúdicas para turmas do IFRS – Câmpus Caxias do Sul e avaliar o desempenho, a participação e o comportamento dos alunos nessas atividades para verificar o papel das atividades lúdicas no desempenho dos estudantes

Material e métodos

Primeiramente, foi realizada uma minuciosa revisão bibliográfica sobre a situação do ensino de Química no Brasil e o papel do lúdico no aprendizado dessa ciência, suas vantagens e características. Logo após, foi efetuado um levantamento de atividades lúdicas que poderiam ser adaptadas às salas de aula convencionais e cujos kits poderiam ser confeccionados utilizando materiais alternativos de baixo custo, fácil acesso e, se possível, recicláveis. Posteriormente, foi executada, com a participação de uma turma de 30 alunos do 1º ano do Curso Técnico Integrado em Química do IFRS – Câmpus Caxias do Sul, uma oficina na qual os estudantes jogaram um jogo de cartas que abrangia o conteúdo de tabela periódica. Após a aplicação da atividade, os alunos assinaram uma ficha respondendo aos questionamentos: “Gostaste do jogo?” e “Gostarias que mais jogos fossem aplicados?”. Em seguida, foi aplicada nesta mesma turma e em outra turma do primeiro ano uma nova atividade, desta vez um jogo de memória relacionado ao conteúdo de ligações químicas. Mais uma vez os estudantes responderam às questões anteriormente citadas. A posteriori, foi executado em uma turma de nove alunos do 2º ano do Curso Técnico Integrado em Química do IFRS – Câmpus Caxias do Sul, um jogo de dados que abordou toda a parte de grupos funcionais orgânicos, incluindo sua nomenclatura. A última atividade realizada até então foi um jogo adaptado do "Perfil Júnior", que trouxe características e curiosidades cotidianas dos elementos da tabela periódica, assim como conhecimentos de localização na tebela. O mesmo foi aplicado para turmas de 1º e 2º anos do Curso Técnico Integrado em Química e 1º ano do Curso Técnico Integrado em Fabricação Mecânica do IFRS - Câmpus Caxias do Sul.

Resultado e discussão

No início das atividades, alguns alunos tiveram dúvidas, então chamavam os bolsistas que serviram como tutores. Depois que os jogos ficaram claros para os participantes, os mesmos tiveram um bom andamento. Os alunos demonstraram interesse em participar de todas as atividades, agindo de forma coletiva, auxiliando os próprios colegas, mas também individualista, levando em conta que só uma pessoa ou grupo podia ganhar o jogo. Ao final os alunos responderam aos questionários de forma positiva e mostraram interesse na realização de possíveis novos encontros. Os professores também relataram que houve além de um notável aumento do interesse por determinados assuntos, melhoria no desempenho em avaliações realizadas nos dias subsequentes, identificadas por um leve aumento nas médias de alguns alunos com mais dificuldade. Em relação às fichas de feedback que os estudantes preencheram ao final das oficinas, todas as respostas, sem exceção, foram positivas. O interesse e a curiosidade de alunos não participativos também aumentou durante as aulas. Isso tudo ajuda a sustentar as teorias estabelecidas por diversos autores que defendem o uso de atividades lúdicas no ensino de Química como elemento motivador.

Jogo de ligações químicas

Alunos do IFRS aprimorando seus conhecimentos sobre ligações químicas

Jogo sobre tabela periódica

Alunos do IFRS aplicando e tirando dúvidas com o jogo sobre tabela periódica.

Conclusões

Concluiu-se previamente que, mesmo na falta de estrutura ideal, os conceitos básicos da Química podem ser trabalhados através de métodos alternativos que permitem fazer uma relação entre a teoria vista em aula e os jogos que tornam a aprendizagem mais prazerosa, além de demandar um espaço menor para a execução das mesmas. Os resultados foram avaliados de forma positiva, em que se pôde observar um aprendizado significativo sobre os assuntos abordados com os jogos. Assim continuamos buscando novas formas de entretenimento no ensino para que possamos aplicá-las em outras turmas do IFRS.

Agradecimentos

A instituição de ensino e ao CNPq pela oportunidade de participar deste projeto e aos orientadores Eduardo Silva e Marla Vieira pela orientação.

Referências

SCHNETZLER, R.P. e ARAGÃO, R.M. Importância, sentido e contribuições de pesquisas para o ensino de Química. Química Nova na Escola, n. 1, p. 27-31, 1995.
KRASILCHIK, M. Prática de ensino de biologia. 4. ed. São Paulo: Edusp, 2004. p. 197.
GIL-PEREZ, Daniel; CARVALHO, Anna Maria Pessoa de. Formação de professores de ciências. São Paulo: Cortez, 1993.
LIMA, J.F.L.; PINA, M.S.L.; BARBOSA, R.M.N. e JÓFILI, Z.M.S. A contextualização no ensino de cinética química. Química Nova na Escola, n. 11, p. 26-29, 2000.
KISHIMOTO, T. M. (Org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2008.

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