ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Ensino de Química
Autores
Pimentel, H.O. (UFBA) ; Carvalho, J.R.M. (UFBA) ; Moradillo, E.F. (UFBA) ; Anunciação, B.C.P. (UFBA) ; Cortes Jr, L.P. (UFBA) ; Messeder Neto, H.S. (UFBA) ; Sá, L.V. (UFRB)
Resumo
A segurança química é estudada nos cursos de química industrial, de licenciatura e bacharelado em química da UFBA por alguns componentes curriculares como “A química dos materiais perigosos”. A inclusão desse componente nos projetos pedagógicos deveu-se a necessidade de atender às atribuições legais dos profissionais da química e, principalmente, ao uso cotidiano e permanente de produtos perigosos e suas consequências para o meio ambiente. No plano de curso, são previstas atividades com objetivos de discutir todos os aspectos que envolvem esses materiais, de acordo com a classificação da ONU e diversos documentos oficiais que diagnosticam a situação brasileira sobre as substâncias químicas, com o propósito da redução dos riscos ambientais, inclusive para a saúde humana.
Palavras chaves
segurança química; materiais perigosos ; meio ambiente
Introdução
As atividades dos químicos atualmente são mais complexas do que as definidas pela OIT (Genebra, 1958), na “clasificación internacional uniforme de ocupaciónes”, principalmente pelos novos temas de Segurança Química (SQ). A OMS define a SQ como “a prevenção dos efeitos adversos, em pequena ou grande escala, aos seres humanos e ao ambiente causados pela produção, armazenamento, transporte, uso e descarte de produtos químicos” (CHAGAS, 2001). O Dec. n. 85877 (07/04/1981), que regulamenta a Lei n. 2800, dispõe sobre as diversas atividades dos químicos: produção e tratamento de produtos e resíduos químicos; comercialização e estocagem de produtos tóxicos, corrosivos, inflamáveis ou explosivos; segurança do trabalho em estabelecimentos (CFQ,1970). As NR’s tratam de diversos temas se relacionam com o profissional da química como: programa de prevenção de riscos ambientais, transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais; atividades e operações perigosas e insalubres; explosivos; líquidos combustíveis e inflamáveis; resíduos industriais; sinalização de segurança e a norma que trata dos produtos químicos na atividade rural (BRASIL,1978). A partir de 2004, foi atendida a atualização e a exigência legal no projeto pedagógico dos cursos de química com a implantação do componente curricular “Química dos Materiais Perigosos” (ABIQUIM, 1990). Na ementa de “Química dos Materiais Perigosos”, constam temas de Segurança Química abrangendo diversos aspectos: nomenclatura, simbologia e reações químicas; avaliação dos riscos associados às substâncias químicas de uso comum; identificação e estudo das categorias das substâncias perigosas e dos seus danos à saúde e ao ambiente; gestão das substâncias químicas e gerenciamento ambiental (CONASQ, 2003).
Material e métodos
No estudo de SQ, são contemplados conteúdos programáticos como: riscos químicos; materiais perigosos: nomenclatura e simbologia; reações químicas perigosas; combustão e explosão; riscos de substâncias químicas comuns; substâncias químicas de uso domiciliar; características e manuseio das substâncias: corrosivas, oxidantes e redutoras, aquo-reativas, tóxicas, combustíveis, explosivas, radiativas; legislação e atribuições sobre os produtos químicos em relação ao ambiente; gestão de resíduos; agrotóxicos; armazenamento e transporte de produtos químicos; emergência para substâncias químicas. Na análise sobre as substâncias químicas, em relação às características e reações perigosas, são empregadas técnicas variadas como discussões de situação problema, seminários, estudos de caso, pesquisas de campo e outras. Durante a aula semanal, com duração de duas horas, são analisados temas de interesse e fatos que favoreçam a análise crítica; discutidos textos da bibliografia; e apresentados relatos com a utilização de vídeos e de outros recursos audiovisuais. Nas avaliações, são utilizados instrumentos como relatórios, resenhas, resumos, testes, apresentações orais, além da frequência, assiduidade e participação. No final do curso, espera-se, de acordo com os objetivos, que os alunos sejam capazes de reconhecer as substâncias e reações químicas potencialmente perigosas; compreender as propriedades físico-químicas dos materiais perigosos; avaliar os riscos com produtos perigosos para a prevenção de acidentes; caracterizar os riscos envolvidos no armazenamento e no transporte de substâncias; e aplicar o conhecimento sobre substâncias perigosas nas ações de emergência.
Resultado e discussão
Nos últimos dez anos de oferecimento, em semestres alternados, do componente optativo “Química dos materiais perigosos”, foram feitas avaliações sobre a aprendizagem e as atividades durante o curso. Constata-se sempre um grande entusiasmo por parte dos alunos como uma novidade que amplia seu campo de conhecimento e atuação futura como químicos. São ressaltadas também a responsabilidade social que os alunos estarão imbuídos e a aplicação prática dos conhecimentos químicos obtidos ao longo do curso. Os alunos sempre atribuíram o conceito máximo nas atividades desenvolvidas e sugerem a obrigatoriedade desse componente para todos os cursos e a criação de uma linha de pesquisa ao nível de pós-graduação.
Conclusões
Os componentes optativos QUI A55 – Química dos materiais perigosos, QUI 039 – Ética e segurança no trabalho em química, QUI B51 – Saúde, segurança e meio ambiente, e QUI B72 (Tópicos especiais) – O trabalho do químico e suas interfaces com a economia política, procuram sistematizar e articular: segurança química; segurança no trabalho; ética profissional e social; problemática socioambiental e economia política, buscando a consciência teórica e prática dos discentes, atendendo não só a legislação, mas formar profissionais comprometidos com o desenvolvimento social e a emancipação humana.
Agradecimentos
Ao Programa de Formação de Professores – Parfor/Capes/UFBA; ao CRQ – 7a. Região/Bahia; e a ABQ – Regional Bahia.
Referências
ABIQUIM - Associação Brasileira da Indústria Química. Manual de emergências: para atendimento com produtos perigosos. São Paulo: Abiquim, 1990.
BRASIL. Ministério do Trabalho. Portaria no. 3214 de 08 de junho de 1978. Aprova as Normas Regulamentadoras (NR’s), Brasília, DF, Diário Oficial da União, 06 de julho de 1978 – Suplemento.
CFQ - CONSELHO FEDERAL DE QUÍMICA. Legislação dos profissionais da química. Rio de Janeiro: CFQ, 1970.
CHAGAS, Aécio P. Como se faz química: uma reflexão sobre a química e a atividade do químico. 3.ed. rev. Campinas, SP: Unicamp, 2001.
CONASQ - Comissão nacional de segurança química. Perfil nacional da gestão de substâncias químicas. Brasília, 2003. (www.mma.gov.br/conasq).