Proteína do leite: uma ferramenta Bioquímica de ensino.

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ensino de Química

Autores

Vieira Neto, A.E. (UFC) ; Oliveira, W.F.S. (UECE) ; Gondim, N.C. (UECE) ; Félix, J.E.M. (UECE)

Resumo

Proteínas são polímeros naturais formadas a partir da condensação de monômeros, os aminoácidos, que estão presentes em todas as células vivas. Experimentalmente, foi possível observar o comportamento de uma proteína do leite, a caseína, na presença de ácido acético. Esta observação permitiu o uso desta proteína como ferramenta experimental de ensino sobre polímeros e biomoléculas. Leites de diferentes fontes (bovino, caprino e de soja) foram utilizados na aula prática da turma de 9º ano de uma escola particular, em Fortaleza - CE. Após a utilizaçao deste experimento, a nota média da sala, nos relatórios de Aula prática, aumentou de 7,5 a 9,0. Pode-se sugerir que a experimentação contextualizada é uma ferramenta fundamental no ensino de Química e Bioquímica.

Palavras chaves

leite; ensino; polimeros

Introdução

Proteínas são polímeros naturais formadas a partir da condensação de monômeros, os aminoácidos, que estão presentes em todas as células vivas fazendo parte da estrutura do organismo, como as fibras musculares ou funcionando como catalisadores nas reações, as enzimas. A partir daí foi possível observar o comportamento de uma proteína do leite, a caseína, na presença de ácido acético. Com tal diversidade funcional, não seria surpreendente descobrir que as proteínas tem vários tamanhos, formas e aplicações. Após a criação do náilon (1935), iniciou-se a indústria do plástico, e este nome foi dado no sentido de “o que pode ser moldado”. Visando despertar o interesse e ampliar os conhecimentos dos alunos sobre as diversas formas de produzir plástico, foi proposta a pesquisa envolvendo leite bovino, de cabra e de soja. Estabelecendo um estudo comparativo entre proteínas de origem animal e de origem vegetal, e a utilização destas proteínas na produção do bioplástico formol-caseína.

Material e métodos

Placa de aquecimento, Filtro de papel, Funil, Proveta, Copo de precipitação, Leite bovino, Leite de cabra, Leite de soja, Vinagre (ácido acético) e Formol (Solução 40% de formaldeído). Aquecer meio litro de leite numa panela, sem o levar à fervura (a quantidade de leite pode ser medida com uma proveta, ou com um copo graduado de cozinha). Adicionar, no leite, 50 ml de vinagre e mexer bem a solução. Verificar a formação de flocos de uma substância branca no leite (uma proteína chamada caseína). Filtrar a mistura heterogénea para outro recipiente, de maneira a obteres a caseína o mais pura possível (a filtração deverá ser feita com a ajuda de um funil e um filtro de papel ou então um pano). Deixar filtrar bem a solução. Depois recuperar o sólido (caseína) depositado no papel de filtro, raspar o papel com a ajuda de uma espátula ou de uma simples colher de cozinha. Comprimir a caseína num molde à tua escolha e deixar endurecer, mergulhada em formol. O tempo de endurecimento pode chegar a uma semana.

Resultado e discussão

A aula experimental começou com um debate sobre a diferença entre os leites, e a quantificação da caseína em cada um mostrou-se bem esclarecedora. Com 500mL de cada leite, os alunos notaram uma quantidade diferente de caseína, que foi pesada pelos alunos (BEHMER, 1984). Na sequencia, o formol foi adicionado e os alunos acompanharam, no decorrer da semana, sua polimerização, formando o bioplástico formol-caseína. O interesse dos alunos foi notório, não somente durante a aula, mas durante toda a semana, onde diariamente iam tirar foto e fazer anotações sobre a formação do bioplástico (ALFREY, 1971). Os relatórios de aula prática foram bem mais extensos que os anteriores, e o interesse por biomoléculas aumentou consideravelmente, o que sugere que esta é uma ferramenta válida de ensino.

Conclusões

A utilização do leite na aula experimental, despertou o interesse do aluno em áreas diferentes: aspectos nutricionais do leite, diferenciação dos leites de origem animal e vegetal, produção de bioplásticos e até mesmo sobre os polímeros modernos, e foi essencial no esclarecimento de muitas dúvidas. O resultado a nível de aprendizado sugere que é uma alternativa de aula prática eficiente no ensino de Química e Bioquímica.

Agradecimentos

Referências

BEHMER, M. L. A.; Tecnologia do leite. 15ª Ed. São Paulo: Livraria Nobel, 1984.
ALFREY, T. e GURNEE, E. F. Polímeros Orgânicos. São Paulo: Edgar Blücher, 134p, 1971.

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