ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Ensino de Química
Autores
Chagas, P. (IFRJ)
Resumo
Qualquer processo avaliativo é uma forma de verificação de conhecimentos. No entanto, por diversos motivos, os alunos tentam burlar esse processo, usando um subterfúgio conhecido tradicionalmente como ‘cola’. A proposta do presente trabalho é apresentar um estímulo ao estudo e à preparação para uma verificação de conhecimentos. A Colaboração com Leitura Alternativa (CoLA) é sugerida como uma forma de minimizar (ou eliminar) a tradicional cola, considerando sempre o educar como primordial na vida do aluno.
Palavras chaves
Avaliação; Cola; Educacão
Introdução
De acordo com a LDB (Lei 9.394/96, art. 24, V), a verificação do rendimento escolar preconiza que os critérios de avaliação sejam contínuos e cumulativos, em relação ao desempenho do aluno. É interessante observar que a nota é uma referência de verificação, isto é, nota não avalia, verifica. É um erro comum entre docentes considerar a nota como um julgamento do ensino. No entanto, o termo avaliação vem do grego ad valorem, que significa dar valor a. Mas dar valor a que? De acordo com LUCKESI (2002), "a avaliação é uma apreciação qualitativa sobre dados relevantes do processo de ensino e aprendizagem que auxilia o professor a tomar decisões sobre o seu trabalho." . Percebe-se que a avaliação, na verdade, avalia o trabalho do professor, uma vez que a mesma é parte do processo de aprendizagem, devendo ser encarado como um meio desse processo e não um fim em si mesmo. Assim, a formação deve ser o objetivo, sendo a avaliação um diagnóstico do processo. Devemos considerar que o que pretendemos é uma formação de atitudes e valores e não ‘alunos com boas notas’. Isso é educar: modificar, formar, capacitar. Os alunos, em geral, têm uma percepção de curto prazo, de que uma boa nota vale qualquer coisa, esquecendo-se do primordial: o aprendizado. A cultura da ‘esperteza’ tornou-se a motivação principal. Assim, meios ilícitos acabam sendo utilizados na hora de uma prova. O velho mote ‘quem não cola não sai da escola’ parece se tornar um padrão. Cabe ao educador mostrar que o caminho não é ser esperto colando, mas aprendendo e se destacando com seu aprendizado. A cola se torna um problema sério, como apontam BARREIROS e GODOY (2011), pois “alguns alunos se utilizam de meios mais ‘fáceis e rápidos’ para conseguir seus objetivos (boas notas).
Material e métodos
Minha experiência docente de quase trinta anos me mostrou que a rigidez e diversas estratégias para inibir a cola se mostraram inócuas. Tentar conscientizar o aluno para um comprometimento com a sua formação é uma das formas possíveis. No entanto, o desejo de estimular o estudo é sempre bem vindo. Como professor, ministro a disciplina Química Geral, para os períodos iniciais de alguns Cursos Técnicos, no IFRJ. Como parte de minha estratégia de ensino/aprendizagem, tenho quatro avaliações semestrais. Propus aos alunos que utilizassem, em cada avaliação, a CoLA (Colaboração com Leitura Alternativa), que consistia em metade de uma folha A4, devidamente identificada por um carimbo e rubrica. Nessa folha, o aluno tinha liberdade de escrever o que quisesse. O que se observou foi uma evolução da utilização desse instrumento e, por conseguinte, do aprendizado. Na primeira utilização, a maioria dos alunos (impressionantemente, alguns alunos dispensaram o uso da CoLA) procuravam diminuir o tamanho da letra e inserir o máximo do conteúdo naquela folha de papel. Na segunda utilização, o interesse era em registrar o que tinham maior dificuldade. Em sua última utilização, os alunos tinham aquilo que julgavam o essencial e, muitas vezes, não usavam nem metade da folha da CoLA. De tanto estudarem, lerem, relerem e resumirem, os alunos acabavam aprendendo o que realmente era importante e, melhor, sem usar subterfúgios para uma avaliação. Embora houvesse aqueles que tentavam burlar a proposta (fazendo fotocópia da CoLA de outros discentes, uso de duas folhas ao invés de uma, tentativa de repasse das folhas), a transparência da proposta foi aceita pela maioria e encarada na maior seriedade.
Resultado e discussão
Uma postura para combater a cola tradicional deve ser utilizada; a melhor forma
é a conscientização do aluno para o fato de que ele deve aprender para a vida e
não apenas para ser avaliado.
Por fim, a avaliação não pode ser uma finalidade em si mesma. Ela deve ser parte
de um processo contínuo e cumulativo, de forma que o conhecimento adquirido pelo
aluno possa ser mensurado e verificado. A CoLA aqui apresentada serve como
incentivador do aprendizado do aluno, mediante o interesse do aluno de buscar o
que realmente pode lhe ser útil durante uma verificação de conhecimentos. Essa
busca leva o aluno a ler e reler o conteúdo e se preparar, mesmo que
inconscientemente, para uma avaliação. De forma alguma, a ideia da CoLA pretende
ser definitiva ou conclusiva. Na verdade, é uma preocupação sincera de um
professor envolvido com a aprendizagem de seus alunos.
Conclusões
Uma postura para combater a cola tradicional deve ser utilizada; a melhor forma é a conscientização do aluno para o fato de que ele deve aprender para a vida e não apenas para ser avaliado. Por fim, a avaliação não pode ser uma finalidade em si mesma. Ela deve ser parte de um processo contínuo e cumulativo, de forma que o conhecimento adquirido pelo aluno possa ser mensurado e verificado. A CoLA aqui apresentada serve como incentivador do aprendizado do aluno, mediante o interesse do aluno de buscar o que realmente pode lhe ser útil durante uma verificação de conhecimentos.
Agradecimentos
Agradeço o apoio da Direção Geral e dos servidores envolvidos no Ensino e à Coordenação do Curso Técnico de Química do CSG-IFRJ.
Referências
BRASIL. Lei 9.3949, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
BARREIROS, Marat Guedes ; GODOY, Valdir Alves de. A ilicitude no processo de avaliação de desempenho dos estudantes. Disponível em: http://www.faculdadedoguaruja.edu.br/revista/downloads/edicao32011/ensaio3_Ilicitude.pdf. Acesso em 15/05/2014.
LUCKESI, C.C. Avaliação da aprendizagem escolar. Ed. Cortez. 14ª Ed. São Paulo, 2002.
MARTINS, Vicente. Como acabar com a cola na educação escolar. In.: BELLO, José Luiz de Paiva. Pedagogia em Foco, Fortaleza, 2001.
Disponível em: <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/filos17.htm>. Acesso em: 12/05/2014.