ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Ensino de Química
Autores
Cerqueira de Souza, B.T. (IF SERTÃO-PE) ; de Araújo, D.F. (IF SERTÃO-PE) ; Freires de Vasconcelos, L. (IF SERTÃO-PE) ; Castro da Cruz, J. (IF SERTÃO-PE) ; Castro da Cruz, J. (IF SERTÃO-PE) ; Gomes Lima, C.A. (IF SERTÃO-PE)
Resumo
Pretende-se com este trabalho incentivar os alunos na prática da reciclagem e a compreender a importância dos processos físicos e químicos envolvidos nessas etapas. Para isso foi realizado debates e oficinas, onde foi possível entender a importância de economizar e evitar desperdícios e a correlacionar o reaproveitamento dos materiais com o bom desenvolvimento socioambiental. Além de ser trabalhado a educação ambiental, a interdisciplinaridade se fez presente em todo o percurso da aula. Percebe-se através da intensa participação dos alunos nas atividades propostas, o quanto pode ser importante uma aula diferente e completa, trazendo criticidade e criatividade em sala de aula.
Palavras chaves
Química Ambiental; Interdisciplinaridade; Sustentabilidade
Introdução
É de extrema importância que os conteúdos de química sejam contemplados pelos alunos com temas geradores e/ou transversais, sendo possível ser trabalhado outras ciências, como a física ou a informática e que os alunos participem de forma crítica e ativa. Embora saibamos que a química está intensamente presente na educação ambiental e que a sustentabilidade ganhou seu espaço com grande importância e valor nas escolas, ela tem sido popularizada de forma errônea, onde não se discute valores éticos, onde o ambiental não se inter-relaciona com o social, onde sequer é possível ressaltar a importância dos conhecimentos químicos envolvidos no processo sustentável. Já afirmava Carvalho (2006) que lamentavelmente, o termo desenvolvimento sustentável vem sendo apropriado por alguns setores privados e públicos como forma de propaganda de seus produtos e serviços. Esvaziado de seu real sentido ideológico, que é a ruptura de um modelo que privatiza os lucros para uma minoria e socializa os prejuízos para uma maioria, o termo desenvolvimento sustentável torna-se uma letra morta. Nesse sentido, uma educação ambiental que seja realmente capaz de encarnar os dilemas societários, éticos e estéticos da atual civilização, pode muito contribuir para a efetivação de um desenvolvimento que seja realmente sustentável. De acordo com Canal et al (1986), a educação ambiental pode ser conceituada como o processo pelo qual o indivíduo consegue assimilar os conceitos e interiorizar as atitudes mediante as quais adquire as capacidades e comportamentos que lhe permitem compreender e julgar as relações de interdependência estabelecidas entre a sociedade, com seu modo de produção, sua ideologia e sua estrutura de poder dominante, e seu meio biofísico(p.104).
Material e métodos
A proposta foi aplicada numa escola estadual do município de petrolina-PE, em uma turma com 32 alunos do Ensino Médio. A equipe envolvida na proposta pedagógica, compõe-se de licenciandas nas áreas de Química, Física e Informática. De início, foi aplicado um pré-teste com questionamentos básicos sobre a Educação ambiental. Em seguida, foi discutido com os alunos temas como: As multimídias e o consumismo; Educação Ambiental e as Novas Tecnologias. Com esses temas, foi possível realizar discussões em sala de aula através de debates e Júri Simulado (atividade em que se forma dois grupos e que cada grupo defende uma linha de pensamento sobre determinado assunto), no júri simulado vence o grupo que melhor persuadir nas ideias e mais fundamentadas forem as opiniões. Foi proposto também aos alunos, tirarem fotos ou anotarem frases de propagandas que eles visualizassem durante o percurso para chegar a escola ou até mesmo em algum passeio. Na química se trabalhou o período de decomposição dos materiais mais descartado no consumismo (plástico, vidro e papelão) juntamente com suas propriedades químicas e densidade. Foi discutido também os procedimentos que se pode realizar em casa e no cotidiano a respeito da reciclagem. Na física trabalhou-se os pontos de fusão e pontos de ebulição dos materiais recicláveis e na informática, as propagandas e suas influências, usando temas de impacto para debates como 'você é o que você tem?'. No segundo momento, lançamos um desafio para os alunos que consistia no reaproveitamento de uma minigarrafa PET. A partir das sugestões dos alunos, realizou-se oficinas de reciclagem. Foi aplicado um pós-teste com os mesmos questionamentos do pré-teste.
Resultado e discussão
Foram notados através do pré-teste, conceitos vagos a respeito da educação ambiental. Na pergunta: -Para você, qual a relação entre preservação ambiental e sustentabilidade?, como resposta foi obtido do aluno A: "Sustentabilidade é quando se conserva o meio ambiente" e do aluno B "A sustentabilidade é que sustenta o meio ambiente poluído pelos humanos". Ao ser discutido economia e sustentabilidade, os alunos perceberam que reciclar pode ser muito simples. Através dos debates e as propagandas observadas pelos alunos, foi correlacionado os gastos excessivos do cotidiano com o acúmulo de lixo, juntamente com seus impactos no meio ambiente. Ao ser lançado o desafio de reaproveitar uma minigarrafa pet, se espera desse momento não levar ideias prontas; o único critério é que deveria ser sustentável e econômico. Surgiram ideias como confeccionar porta-joias, lixeiras de mesa, vasos para plantas e cofres. Realizou-se uma oficina no qual os alunos confeccionaram com a minigarrafa PET, suas ideias expostas em sala. Dentre as sugestões, cerca de 60% dos alunos citaram a transformação da garrafa num cofre para poupar dinheiro. No pós-teste, os alunos se engajaram nas respostas, mostrando maior conhecimento dos termos envolvidos na pergunta, por exemplo, a do aluno A "Quando se pensa em sustentabilidade temos como resultado a preservação ambiental, pois ao realizar coletas de lixo, fechar a torneira, pensar bem antes de comprar um produto que realmente venha a ser necessário, estamos realizando a preservação ambiental e sendo cidadãos conscientes" e do aluno B, "A preservação ambiental é o reflexo da sustentabilidade, pois a partir do momento em que praticamos hábitos de reciclar, economizar e poupar recursos naturais, estamos contribuindo para o bem-estar de todos".
Alunos organizando o estande para exposição dos objetos reciclados.
Sugestões dos alunos para reaproveitamento de minigarrafas PET.
Conclusões
Através da proposta, conclui-se a necessidade de inserir no ensino outros recursos que enriqueçam o trabalho do professor e traga mais informações e oportunidades de participação dos alunos. Isso possibilitará não só a participação deles em sala de aula, como também em sociedade. Com entusiasmo e criatividade, os alunos compreenderam a importância de preservar recursos naturais e a poupar materiais usados constantemente pela humanidade.
Agradecimentos
À Capes pelo apoio concedido através do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) e a confiança da direção da Escola.
Referências
CANAL, P. et al. Ecologia y escuela Teoria e prática de la educación ambiental. Barcelona, Editorial Laia, 1986.
CARVALHO, Isabel Cristina Moura. As transformações na esfera pública e a ação ecológica: educação e política em tempos de crise da modernidade. Revista brasileira de Educação. v.11 nº. 32. Rio de Janeiro Maio/Agosto. 2006.