Indicadores naturais ácido-base no ensino de química a partir de extração alcoólica do açaí (Euterpe Oleracea) e Rosa (Hibiscus rosa-sinensis)

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ensino de Química

Autores

Melo, C.C. (IFPA) ; Neves, R.J.A. (IFPA) ; Alves, S.S.S. (IFPA)

Resumo

Este trabalho aborda a utilização de indicadores naturais ácido-base como extensão aos conteúdos trabalhados em sala de aula. Na natureza, existem diversas fontes de corantes naturais, dentre elas frutas e flores típicas do Brasil, que apresentam coloração característica devido a alguns compostos orgânicos como as antocianinas (ACiS). As espécies utilizadas nos experimentos em sala de aula foram açaí (Euterpe Oleracea) e a Rosa (Hibiscus rosa-sinensis). O método proposto neste trabalho contou com a aplicação de um questionário de sondagem e um segundo após o termino da prática para avaliar o processo de ensino-aprendizagem. Percebeu-se que através dessa atividade, os objetivos foram alcançados com êxito, pelos resultados expressivos apresentados ao longo do trabalho.

Palavras chaves

Ensino de química; Indicadores naturais; Açaí e Rosa

Introdução

As propriedades mais notáveis dos ácidos e das bases, sem dúvidas, são as habilidades que eles têm de mudar a coloração de certos vegetais, flores, frutos e plantas que podem funcionar como indicadores ácido-base, desta forma, indicando quanto ácido (grupo H+) ou básica (grupo OH-), é uma substância. Estas substâncias sofrem uma variação de cor dentro de uma estreita faixa, usualmente, cerca de 1 ou 2 unidades de pH. “Usando-se dois ou mais dos indicadores, você pode estimar bem acuradamente o pH de uma solução” (MASTERTON, 2009). O experimento proposto na sala de aula permitiu introduzir, ilustrar e demonstrar conceitos como acidez, basicidade, indicadores de pH, dentre outros. Além disso, o uso de extratos obtidos a partir de frutas permite abordar outros aspectos relacionados com a composição e a disponibilidade de espécies vegetais, sua ocorrência e uso popular, além de expandir a discussão para questões interdisciplinares, possibilitando abordar aspectos relacionados com a biodiversidade e a ecologia. Isto contribui para articular estratégias interdisciplinares, contextualizadas, que favorecem o desenvolvimento de habilidades e competências importantes para a formação do cidadão. A partir desta abordagem, a conceituação de ácidos, bases e pH é favorecida, sendo associada aos sistemas reais e acessíveis, como a importância do pH para a vida humana na simples degustação de uma fruta, podendo indicar acidez ou basicidade desta, como no suco de limão, nos produtos de limpeza, as faixas adequadas de pH dos solos para crescimento das plantas e etc. para isso os indicadores servem para muitos afazeres do dia a dia.

Material e métodos

A extração dos pigmentos consistiu-se inicialmente na separação por coleta e catação. Com o auxílio de um almofariz com pistilo, maceraram-se as pétalas das flores em álcool etílico para obtenção mais eficiente dos pigmentos. O volume de solvente (álcool etílico) atribuído para produção de cada extrato foi quantificado em proporção à massa das pétalas das flores e do açaí, sendo que a medição utilizada foi de 20 gramas de pétalas e 25mL de açaí em liquido, para 100 mL em volume de álcool. Após a maceração, separou-se a parte sólida do extrato em si, em um sistema de filtração, montado com um suporte universal, uma argola, um funil analítico e papel filtro. Após a filtração, obtiveram-se dos extratos de açaí e da rosa uma substância roxa e limpa. Em seguida, as soluções foram divididas em vários tubos de ensaio. Em cada extrato, atestou-se a aplicabilidade dos indicadores utilizando-se soluções de caráteres ácidos e básicos, sendo elas: vinagre, leite, sabão líquido, água sanitária, amoníaco, água oxigenada e suco de limão. Estas soluções foram adicionadas com um contra gotas ao tubo de ensaio contendo o indicador, observando-se a mudança de coloração ocorrida no meio.

Resultado e discussão

Foram obtidos resultados satisfatórios trabalhando com os indicadores naturais ácido-base com frutos e flores regionais de fácil acesso, por ser um recurso didático pedagógico de grande valia. O conteúdo trabalhado foi escolhido junto com o professor e seguindo o roteiro de prática de química geral adotado pelo mesmo para ser trabalhado em uma turma do colégio Temístocles de Araújo, no bairro periférico de Belém. Os experimentos realizados nas aulas foram executados com o auxílio do professor e dos bolsistas, depois da aula teórica. Posteriormente foi acrescentado um questionário de sondagem, no intuito de saber o nível de conhecimento inicial dos alunos; e outro ao final, contendo quatro questões sobre o experimento (Indicadores naturais de ácido-base). A coleta e análise das informações sobre os resultados foram realizadas ao final dos experimentos e utilizado pelo professor como parte a nota final da disciplina.

Figura 01

Figura 01– Coloração obtida a partir da rosa Hibiscus rosa-sinensis. Da direita para a esquerda: Amoniaco; Vinagre; Suco de Limão; Água Sanitária.

Figura 02

Figura 02 – Coloração obtida a partir do fruto Euterpe Oleracea. Da direita para a esquerda: Vinagre; Detergente; Leite; Água Oxigenada.

Conclusões

Os extratos preparados a partir das espécies de fruto Euterpe Oleracea e da rosa Hibiscus rosa-sinensis, mostraram ser bons recursos didáticos no ensino de química para determinar a condição ácida, básica ou neutra de soluções. Com a realização dos experimentos os alunos puderam compreender que assuntos trabalhados no laboratório podem auxiliá-los de maneira significativa no tocante ao aprendizado. No momento teórico foi possível discutir os diferentes indicadores naturais ácido- base existentes no nosso cotidiano apresentando-lhes uma Química muito próxima da nossa vivência.

Agradecimentos

Agradecemos a Escola Temístocles Araújo que nos possibilitou realizar este trabalho e o Projeto Institucional de Iniciação à Docência (PIBID/IFPA).

Referências

MASTERTON, W. L., et al. Princípios de Química. 6ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. 412 – 413p.
http://www.infoescola.com/quimica/indicadores-quimicos-naturais/ . acesso em, 25/06/2014.

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