Aplicação de Jogos Didáticos para o Ensino da Tabela Periódica no Ensino Médio.

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ensino de Química

Autores

Caraballo Melatti, G. (UTFPR) ; Luzia Charnevski Del Monego, M. (UTFPR) ; Gonçalves e Silva Hussein, F. (UTFPR)

Resumo

A dificuldade que muitos alunos do Ensino Médio tem com relação ao conteúdo de Tabela Periódica vem, muitas vezes, atrelada à falta de interesse e pode interferir não somente na prova escolar correspondente ao assunto, como também no ingresso ao ensino superior, nas avaliações em disciplinas correlatas e até mesmo na resolução de problemas do cotidiano. Como forma de tornar o conteúdo mais interessante, eficaz e prazeroso pode-se recorrer aos jogos didáticos para oportunizar a interlocução de saberes, a socialização e o desenvolvimento pessoal, social e cognitivo. O objetivo foi avaliar os benefícios do uso de jogos didáticos para o ensino da Tabela Periódica em duas escolas de Curitiba. Concluiu-se que os jogos podem contribuir de maneira significativa no processo de ensino-aprendizagem.

Palavras chaves

Tabela Periódica; Jogos didáticos; Ensino-aprendizagem

Introdução

A Tabela Periódica é um esquema que permite classificar e organizar os elementos químicos em função das suas propriedades e características e sua origem é considerada uma das maiores evoluções relacionadas ao estudo da Química, uma vez que várias tentativas foram realizadas no sentido de se organizar os elementos químicos até que se chegasse na disposição atual (LEACH, 2009). Para muitos alunos do Ensino Médio, o ensino da Tabela Periódica privilegia aspectos teóricos de forma tão complexa que se torna abstrato (TROMBLEY E TRASSI 2001). Isso acaba gerando muitas dúvidas, por exemplo, com relação às propriedades periódicas e não periódicas, ou até mesmo sobre como essas propriedades se relacionam para a formação das substâncias e como os elementos foram dispostos na tabela, dentre outras. Em muitos casos, não se tem conhecimento de como utilizar a tabela e acaba optando-se por decorar as informações mais importantes. A procura por estratégias para a motivação da aprendizagem, acessíveis, de baixo custo, modernas, é sempre um desafio para os professores (ROSA E ROSSI, 2008), porém é dever do docente motivar os alunos e buscar estratégias que sejam capazes de incentivar o desenvolvimento de saberes. Nesse contexto, esse estudo teve como objetivo avaliar os benefícios obtidos pelo uso de dois jogos didáticos para o ensino da Tabela Periódica em turmas de duas escolas de Curitiba para que, no futuro, se avaliem as possibilidades de fazer uso desses jogos e também se possam desenvolver novas atividades lúdicas voltadas para o ensino da Química. Os jogos escolhidos chamam-se RPG (Role- Playing Game) da Tabela Periódica (computador) e Tabe (cartas). Ambos foram desenvolvidos por alunos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e disponibilizados pelos autores.

Material e métodos

Para a execução do trabalho baseou-se nas análises de Bardin, que basicamente consistem na divisão de análise de conteúdo em quatro partes distintas: i) história e teoria; ii) parte prática; iii) métodos de análise e iv) técnicas de análise (SANTOS, 2012). Em um primeiro momento foi realizada uma análise de como o conteúdo relacionado à Tabela Periódica vem sendo apresentado nas questões das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e nas provas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Para isso foram avaliadas as provas dos anos de 2011, 2012 e 2013. Paralelamente a essa etapa, foram selecionadas duas turmas compostas por alunos do Ensino Médio Técnico da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (Campus Curitiba) e duas turmas formadas por alunos do Colégio Estadual Padre Silvestre Kandora (Curitiba), para a aplicação da metodologia de trabalho proposta. A realização do projeto, em cada turma, necessitou de 4 momentos. Um primeiro momento foi destinado a uma avaliação investigativa para analisar o grau de conhecimento dos alunos sobre o conteúdo e também ao preparo de todo o material didático necessário para as aulas a serem ministradas na etapa seguinte, em horários e datas previamente estabelecidos. Num segundo momento, foi realizada a apresentação do conteúdo às turmas. Num terceiro momento foram aplicados dois jogos didáticos distintos em apenas uma das duas turmas de cada escola selecionadas e, em uma última etapa, foi realizada uma avaliação final com cada uma das quatro turmas e solicitado aos alunos que respondessem a um questionário, ambos produzidos também durante o projeto, para posterior comparação entre os resultados.

Resultado e discussão

Nas provas de primeira fase (conhecimentos gerais) dos processos seletivos da UFPR, de 2011, 2012 e 2013 havia 9 questões objetivas de química e nas avaliações de segunda fase (conhecimentos específicos),10 questões subjetivas de química. Nas provas de primeira fase dos anos de 2011 e 2012 havia, respectivamente, 2 questões e 1 questão relacionadas à Tabela Periódica. Nas segundas fases dos processos seletivos desses anos não foi cobrado nem mencionado o conteúdo, porém em 2013 ocorreu o contrário: não foi observada qualquer menção ao conteúdo de Tabela Periódica na avaliação de primeira fase, mas foi exigida uma questão na prova de segunda fase. Nas provas do ENEM de 2011, 2012 e 2013, das 180 questões de cada ano, foram encontradas respectivamente 15, 13 e 16 questões envolvendo química, mas nenhuma fez menção direta ao conteúdo, porém para a resolução da avaliação era necessário que o aluno compreendesse a Tabela Periódica para que o raciocínio e a lógica fossem desenvolvidos e as questões pudessem ser respondidas. Isso sugere que o conhecimento do conteúdo é fundamental. A Figura 1 mostra os resultados antes e após a aplicação da estratégia, sendo as turmas T11 e T51 compostas por alunos da UTFPR e as turmas 1ºC e 1ºADM formadas por alunos do Colégio Estadual Padre Silvestre Kandora. Houve progresso em todas as turmas após as atividades, como era previsto, mas esse foi maior nas turmas T11 e 1ºADM, ou seja, nas quais os jogos foram aplicados. Na Figura 2 encontra-se a opinião dos alunos que fizeram uso dos jogos. Os alunos da UTFPR dedicam mais tempo ao estudo da disciplina de Química e a compreendem melhor. Os jogos influenciaram de forma significativa no processo de ensino-aprendizagem, porém os alunos das turmas 1ºC e 1ºADM devem se dedicar mais aos estudos.

Figura 1

Gráfico de comparação entre percentuais de acertos na avaliação investigativa e na avaliação final nas 4 turmas selecionadas.

Figura 2

Opinião dos alunos sobre o uso de jogos didáticos na disciplina de Química, após a aplicação do trabalho.

Conclusões

O conteúdo de Tabela Periódica é bastante exigido em provas conceituadas e, é fundamental para o desenvolvimento do raciocínio. Os jogos foram capazes de influenciar de forma positiva no aprendizado dos alunos das turmas selecionadas. O jogo RPG da Tabela Periódica se mostrou mais atrativo aos alunos em comparação ao Tabe, mas ambos os jogos foram aceitos e elogiados pelos alunos. Acredita-se que mais dedicação dos alunos aos estudos, acompanhada do uso complementar de outras estratégias didáticas, seriam importantes e necessárias, para despertar o gosto e auxiliar no aprendizado da química.

Agradecimentos

Ao Colégio Estadual Padre Silvestre Kandora, UTFPR e todas as pessoas envolvidas no trabalho.

Referências

LEACH, Mark R. The Chemogenesis Web Book. 2009. Disponível em:
<http://www.metasynthesis.com/webbook/01_intro/intro.html>. Acesso em: 03. Jul. 2014.

ROSA, M.I.P. e ROSSI, A.V. Educação Química no Brasil: memórias, políticas e tendências. Campinas: Átomo, 2008.

SANTOS. Análise de conteúdo: a visão de Laurence Bardin Revista Eletrônica de Educação, v.6, n. 1, mai. 2012. Resenhas. ISSN 1982-7199. Programa de Pós-Graduação em Educação.

TROMBLEY, Linda. Mastering The Periodic Table. Maine: Walch, 2000.

TRASSI, R.C.M.; CASTELLANI, A.M.; GONÇALVES, J.E. e TOLEDO, E.A. Tabela periódica interactiva: um estímulo à compreensão. Acta Scientiarum, v. 23, n. 6, p. 1335-1339, 2001.

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