NOÇÕES DE BRAILLE APLICADO A TABELA PERIÓDICA NO ENSINO À EDUCAÇÃO ESPECIAL

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ensino de Química

Autores

Miranda, A.E.C. (UFPA) ; Silva, T.S. (UFPA) ; Sousa, O.T. (UFPA) ; Fernandes, G.C. (UEPA) ; Amorim, A.E.O. (UFPA) ; Reis, V.T. (UFPA) ; Reis, M.W.R. (UFPA) ; Castro, R.O. (UFPA) ; Morais, A.N. (UFPA) ; Gomes, E.C. (UFPA)

Resumo

Atualmente, tem se verificado os desafios encontrados constantemente na inclusão de Pessoas com Deficiência Visual ao ensino médio, o que, provavelmente, possa ser consequência da falta de recursos didáticos, profissionais qualificados e estruturas adequadas, que permitam uma acessibilidade a todos. Esses problemas têm se estendido por muitas escolas públicas e privadas de nível médio em todo Brasil; realidade essa que pôde ser observada nas escolas situadas na cidade de Paragominas – PA. Diante de tal problemática, esse trabalho se apresenta como uma alternativa na elaboração de aulas de Química, através da Tabela Periódica em Braille, com o intento de abordar a estrutura dessa tabela e seus principais componentes, facilitando desta forma, o ensino do professor e o aprendizado do aluno.

Palavras chaves

braille; tabela periódica; educação especial

Introdução

No dia 05 de Junho de 2007 foi adotada a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, que tem por objetivo incluir as Pessoas com Deficiência nas escolas regulares, porém grandes obstáculos estão sendo enfrentados para consolidá-la. As dificuldades são adversas, sejam elas devido à falta de: materiais adequados, profissionais capacitados e/ou estruturas adaptadas. Já não se pode mais conceber a educação sem que haja inclusão, Marta Gil (2000, pág. 16) diz que "além da família, a escola e a sociedade também podem (e devem) contribuir no sentido de ajudar a enfrentar os obstáculos pela deficiência". E essa contribuição é essencial para que os alunos cheguem ao ensino médio sem grandes dificuldades. Desse modo, também no objetivo de intervir e cooperar com o ensino de Química, busca-se por meio desse trabalho, aproximar os educandos com deficiência visual (DV) à tabela periódica, a qual é considerada segundo Peruzzo e Canto (2006), um instrumento de grande utilidade e aceitação pelos químicos e estudantes de química em todo mundo, mérito este dado a Mendeleev por ter elaborado a ideia inicial que deu origem a tabela periódica atual. Nela, os elementos químicos são dispostos, em ordem crescente de número atômico e distribuídos em sete linhas chamadas “períodos” (sequência horizontal), e em dezoito colunas, onde se encontra os “grupos” ou “famílias” (sequência vertical). Tal organização e estrutura podem ser facilmente compreendidas por meio da proposta de intervenção desse trabalho, que visa integrar os alunos DV ao ensino da química. Sendo assim, é sugerida ao professor a utilização da Tabela Periódica em Braille como recurso didático, propondo uma educação que minimize a exclusão e facilite o ensino-aprendizagem em Química.

Material e métodos

Este trabalho foi realizado na cidade de Paragominas-PA, no mês de junho do ano de 2014, em dois momentos: primeiramente foi realizada uma oficina no polo da Universidade Aberta do Brasil com cinco alunos com deficiência visual e três professores de escola de ensino médio da rede publica estadual. No primeiro dia falou-se sobre acessibilidade, a história do Braille, seus números e alfabeto; no segundo dia foi trabalhada a estrutura da tabela periódica e no terceiro dia foi abordada de forma prática a Tabela Periódica em Braille. Nesta proposta foi utilizada tabela periódica adaptada para a leitura em Braille, para que os alunos conseguissem identificar os elementos químicos, símbolos, números atômicos, propriedades físicas, famílias e grupos, dando ênfase aos elementos mais utilizados no ensino de química, entre eles: metais alcalinos, metais alcalinos-terrosos, metais representativos, semi-metais, não-metais, halogênios e gases nobres. No segundo momento foi realizada uma pesquisa com 64 alunos de escolas de nível médio da rede pública e privada, sobre as necessidades dos alunos deficientes visuais e o conhecimento que eles têm sobre acessibilidade, educação inclusiva e a estrutura da escola para recebê-los. Os materiais utilizados na confecção da Tabela Periódica em Braille foram escolhidos de modo a facilitar o entendimento e compreensão dos conteúdos e para proporcionar a maior durabilidade da tabela para que possa atingir o maior público possível, de modo, a obter resultados qualitativos e quantitativos, contribuindo, portanto, para o ensino-aprendizagem em Química para um grupo de alunos que muitas barreiras ainda precisam transpor na educação brasileira.

Resultado e discussão

Através do questionário de perguntas fechadas, obtiveram-se informações que demostram o quanto a educação especial ainda precisa ser pensada. A partir dos dados, observou-se que 71% dos alunos já ouviram falar em “acessibilidade” e 29% desconhecem o assunto; com relação a estrutura física das instituições 10% dos alunos disseram que a escola está preparada para atender aos alunos com deficiência visual e 90% julgam que as escolas não estão adequadas; quanto à educação inclusiva, 89% dos entrevistados afirmaram que a realidade da escola está longe da educação considerada inclusiva, enquanto 10% entendem que a realidade condiz com a educação inclusiva e 1% não soube responder. Com base nos dados verifica-se que há uma grande necessidade em amparar esses alunos que encontram grandes dificuldades ao chegarem às escolas, devido os suportes que não são ofertados. É de extrema importância à inclusão dos alunos DV no ensino que os integre em um contexto sócio educacional. Ao longo da oficina, ministrada por três dias averiguou-se a grande dificuldade que as Pessoas com Deficiência Visual encontram pela falta de acessibilidade que é escassa em nosso meio, dificultando assim o seu aprendizado. Trabalhar com estes alunos requer uma atenção particular, nesse sentido, não se pode continuar tratando a educação desses alunos como a dos demais. Nesta perspectiva, reside a importância desse trabalho que pretende por meio da Tabela Periódica em Braille apresentar uma alternativa para minimizar as dificuldades e aproximar o aluno do universo da Química.

Conclusões

Portanto, esse trabalho foi elaborado para atender as necessidades de aprendizado dos alunos DV, possibilitando-os uma inclusão ao ensino de química através das noções em Braille aplicado à tabela periódica, fazendo valer, dessa forma, o processo de democratização. A pesquisa mostrou que variedades adversas ainda são grandes obstáculos no ensino-aprendizagem, apesar da utilização de alguns recursos como é o caso da tabela proposta neste trabalho, por meio do qual se alcançou um ótimo resultado de aproveitamento da oficina, levando assim um vasto ensinamento de temas de Química.

Agradecimentos

Agradecemos primeiramente a Deus, UFPA, amigos, familiares e a todos que se propuseram a contribuir na elaboração deste trabalho, em especial aos alunos.

Referências

PERUZZO, F. M.; CANTO, E. L. Química na abordagem do cotidiano. 4ª ed. Edit. Moderna, São Paulo, 2010.
MARTA, G. Deficiência visual: Cadernos da TV Escola/Ministério da Educação, Secretaria de Educação a Distância. 1ª ed. São Paulo, 2000.

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