A contextualização da química no ensino fundamental a partir do estudo das plantas medicinais.

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ensino de Química

Autores

Freitas.a.g, A. (IF SERTÃO-PERNAMBUCO) ; Anjos.c.s, D. (IF SERTÃO-PERNAMBUCO) ; Amorim.g, D. (IF SERTÃO-PERNAMBUCO)

Resumo

O trabalho apresentado nesse documento foi elaborado tendo em vista as dificuldades apresentadas por alunos do ensino fundamental em relação ao ensino da química. Com isso objetivou-se promover a contextualização das propriedades químicas através das ervas medicinais, pois estas fazem parte do cotidiano dos alunos. Participaram do estudo trinta e cinco alunos da Escola Estadual Profª Adelina Almeida, localizada em Petrolina-PE. Foram desenvolvidas atividades, nas quais se avaliou o conhecimento prévio dos alunos mediante uma entrevista, sendo os dados analisados e interpretados quantitativamente; aprofundou-se o tema com discussões em sala de aula. Como produto final construiu-se uma horta vertical e confeccionou-se uma cartilha.

Palavras chaves

Ervas medicinais; ensino-aprendizagem; química.

Introdução

A dificuldade de aprendizagem de conteúdos escolares é uma questão que permeia discussões sobre as práticas de ensino, preocupando professores das diversas áreas do saber. No tocante ao ensino da química, observa-se que esse problema decorre da dificuldade de relacionar conteúdo ensinado ao cotidiano. Este ensino deve centrar-se na inter-relação de componentes básicos: a informação química e o contexto social, pois a formação do cidadão passa não só por compreender a química, como entender a sociedade em que está inserido (Santos e Schnetzler, 2003).O uso de ervas medicinais, comum em nossa sociedade, impulsionou esse projeto com o tema Plantas Medicinais, buscando uma proposta de ensino mais dinâmica e motivadora para auxiliar na abordagem de conteúdos da química. Com ele,procura-se diminuir obstáculos enfrentados no ensino-aprendizagem, visto que as práticas de ensino, com ênfase na memorização e mera operacionalização de conteúdos, não atendem mais às necessidades dos estudantes da atualidade. É necessário, como afirma Freire, “desafiar o educando com quem se comunica a quem se comunica, a produzir sua compreensão do que vêm sendo comunicado”. Valer-se de estratégias que lacem um olhar sobre o meio que nos cerca, a fim de contextualizar e fazer inter-relações com o conhecimento escolar é um caminho para estabelecer esse desafio, neste trabalho trilhado pelo estudo das plantas medicinais. Assim, o projeto objetiva dinamizar o ensino da química, envolvendo alunos em práticas que vão desde a contextualização em sala de aula, até a atividade extraclasse, buscando trabalhar a química, mediante questões ambientais, como a reciclagem, e estudo das plantas medicinais utilizadas por familiares dos alunos. Tornando-se assim um projeto interdisciplinar.

Material e métodos

Participaram desse estudo trinta e cinco alunos do sexto ano do ensino fundamental da Escola Estadual Profª Adelina Almeida, situada em Petrolina-PE. O projeto surgiu a partir das dificuldades encontradas por estes alunos na aprendizagem dos conteúdos relacionados à química. Inicialmente os alunos foram submetidos a uma entrevista por meio de um questionário previamente elaborado, abrangendo questões sobre as ervas medicinais utilizadas pelos pais e o seu modo de uso. A intervenção proposta após está pesquisa foi à construção de uma horta vertical. Aproveitou-se o ensejo para trabalhar as questões ambientais, por isso foram utilizadas garrafas PET ornamentadas pelos próprios alunos, ressaltando a reutilização de materiais. Foi utilizado como substrato para produção das plantas, o húmus de minhoca, um adubo natural que aumenta a atividade microbiana do solo, contribui para o equilíbrio do seu pH e corrige a sua acidez, muitas vezes provocada pelo abuso da adubação química, assim produz-se ervas medicinais orgânicas e de boa qualidade. Foram cultivadas nove variedades de ervas medicinais, todas citadas no questionário inicial, dentre elas estão: hortelã (Mentha Piperita L.), camomila (Matricária Recutita), erva-cidreira (Melissa officinalis), marcela (Achyrocline satureoides), boldo (Peumus boldus Molin), erva-doce (Pimpinella anissum),gengibre (Zingiber officionale), capim santo(Cymbopogon citratus) e coentro(Coriandrum sativum). Após a horta montada e as pesquisas terem sido realizadas pelos alunos, foi elaborado uma cartilha,contendo a classificação, ação terapêutica e modo de usar das ervas citadas pelos alunos. Por fim, foi realizada uma exposição dos trabalhos para a comunidade escolar no pátio da escola, na qual o projeto foi desenvolvido.

Resultado e discussão

O uso das ervas medicinais para fins fitoterápicos, muito comum em nosso país, é uma prática que remota há várias gerações na história das civilizações humanas (ALMEIDA, 1993), por isso a viabilização desse projeto para estudar propriedades químicas com alunos do Ensino Fundamental, o qual tem o resultado discutido a seguir. Participaram do projeto trinta e cinco alunos com idade entre 11 e 12 anos, dos quais 100% responderam na entrevista que seus familiares fazem uso de plantas medicinais com fins terapêuticos, sobretudo em forma de chás, encontrando-se em consonância com a Organização Mundial da Saúde (OMS) que vem estimulando o uso da medicina complementar alternativa nos Sistemas de Saúde de forma integrada às técnicas de medicina ocidental moderna. Os dados obtidos mostram que, das nove plantas citadas pelos alunos, a camomila (Matricaria Recutita), o capim santo (Cymbopogon citratus) e a cidreira (Melissa officinalis) são as mais utilizadas pelos pais, as menos utilizadas são marcela (Achyrocline satureioides) e gengibre (Zingiber officinalis), conforme apresentado na figura 1. Os conteúdos relacionados à química foram abordados ao longo do projeto, que, após realização da entrevista, seguiu com a discussão do tema em sala de aula, que resultaram em elaboração de cartazes informativos e confecção de uma cartilha com imagens, propriedades, nomes científicos, modos de uso, utilidades e efeitos colaterais das ervas citadas na entrevista. O projeto contou ainda com a construção de uma horta vertical suspensa (fig. 2), pela qual se vivenciou uma reflexão sobre a adubação orgânica com o uso de húmus de minhoca e também acerca da necessidade ambiental de reutilização de materiais, considerando que uma educação completa versa sobre essa prática (CORTEZ e ORTIGOZA, 2007).

Figura 1

Ervas medinais mais conhecidas pelos pais dos alunos.

Figura 2

Construção da horta vertical.

Conclusões

Conclui-se que a realização desse projeto envolvendo conteúdos relacionados à química, a partir do tema ervas medicinais, foi de grande importância, visto que os alunos saíram da rotina da sala de aula para adentrar em pesquisas que englobaram a sua realidade. Notou-se que com a construção da horta os alunos puderam relacionar os conceitos discutidos com a aplicação prática dos mesmos. A contextualização da Química com ervas medicinais tornou o ensino-aprendizagem mais interessante e proveitoso, instigando mais aos alunos, os quais obtiveram melhor rendimento no componente curricular.

Agradecimentos

A CAPES e ao PIBID/IF Sertão-PE. A Escola Estadual Adelina Almeida por viabilizarem realização desse projeto.

Referências

ALMEIDA,E.R. As plantas medicinais brasileiras. São Paulo: Hemus, 1993. 339p.
CORTEZ, A. T.C.; ORTIGOZA,SAG.(Orgs). Consumo sustentável:conflitos entre necessidades e desperdício. São Paulo: Unesp, 2007.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 2011.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. O Papel da Medicina Natural e Práticas complementares de Saúde na Consolidação dos Princípios e Diretrizes da Reforma Sanitária. Ministério da Saúde: Brasília, 2003.
SANTOS,W.L.P, SCHNESTZLER,R.P. Educação em química: compromisso com a cidadania.3 ªed. Ijuí: Ed. Unijuí, 2003.

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