ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Ambiental
Autores
Pontes, J.P.S.D. (UFRN) ; Xavier, D.K.S. (UFRN) ; Costa, P.R.F. (UFRN) ; Nóbrega, D.R.S. (UFRN) ; Silva, D.R. (UFRN) ; Huitle, C.A.M. (UFRN)
Resumo
Este trabalho mostra o tratamento eletrolítico na degradação do corante azul de metileno. O experimento foi realizado no reator em fluxo contínuo, com eletrodo de platina suportado em titânio (Ti/Pt), densidade de corrente de 60 mA.cm-2, submetendo o efluente sintético por 6 horas de tratamento, em pH neutro e alcalino. Os resultados indicaram a remoção da cor de quase 100% para ambos os pH. A demanda química de oxigênio (DQO) obteve valores superiores a 70% para os dois tipos de pH investigados, e por fim foi executado o parâmetro de carbono orgânico total (COT), que apresentaram remoções que não chegaram a 20%. Assim a cor e a DQO pode ser utilizado como bons parâmetros, já o COT não. Com isso, a eletroquímica pode ser uma técnica útil como pré-tratamento de efluentes contendo corantes.
Palavras chaves
Eletroquímica; azul de metileno; degradação
Introdução
Indústrias vêm produzindo grandes quantidades de efluentes contaminados com corantes. Assim, torna-se importante a remoção dos corantes do ambiente aquático, pois boa parte deles apresenta em sua composição características como: mutagênicos, cancerígenos, tóxicos, podendo causar também alergias e irritações na pele. A presença de corantes na água reduz a penetração da luz, desta forma impedindo a fotossíntese da flora aquosa (Cardoso, 2010). Dentre os corantes utilizados nas indústrias, tem-se o azul de metileno (AM), pertencente aos compostos orgânicos que apresenta uma estrutura aromática complexa, heterocíclico, corante básico, catiônico, de difícil degradação (Lima et al., 2004). Esse corante é muito utilizado para o tingimento de alguns tecidos como algodão, lã e seda, e é característico por ter uma forte coloração azul (Hameed e Ahmad, 2009). Caso esse corante seja inalado pode causar problemas em animais e humanos como o aumento da frequência cardíaca, náuseas e vômitos (Deng et al., 2011). O tratamento de efluentes contendo corantes é uma preocupação crescente na indústria têxtil devido ao visível impacto estético de um lançamento colorido sobre um corpo hídrico receptor, bem como possíveis problemas de toxicidade. À medida que a legislação ambiental se torna mais exigente, assim a redução do custo dos processos de tratamento se tornam mais importantes (Kammradt, 2004). De acordo com o exposto, esse trabalho tem como objetivo empregar a técnica eletroquímica na degradação do corante azul de metileno, presente em efluentes da indústria têxtil, comparando os parâmetros de tratamento de cor, demanda química de oxigênio (DQO) e carbono orgânico total (COT).
Material e métodos
Para a realização dos experimentos, foi preparada uma solução a partir do corante azul de metileno produzido pela Quimibrás usando água destilada, onde acrescentou a solução 3 g de sulfato de sódio (Na2SO4) e 1 g de cloreto de sódio (NaCl), submetendo o tratamento desta solução através da técnica de eletrooxidação, em escala de bancada, com um reator eletroquímico em fluxo contínuo contendo um par de eletrodos, sendo o anodo constituído de platina suportada em titânio (Ti/Pt) e o catodo foi utilizado um eletrodo de titânio (Ti), ambos com área geométrica de 63,5 cm2, alimentado com uma fonte de corrente contínua (Marca Power Supply, modelo MPL 3305) e acoplado a um reservatório com capacidade de 1 L. A solução foi tratada por 6 horas, e após analisadas pelas técnicas de UV-visível (Espectrofotômetro UV Specord Plus 210 da ANALYTIKJENA), carbono orgânico total (COT, N/C 3100, da marca Analytik Jena) e demanda química de oxigênio (DQO).
Resultado e discussão
Para a determinação do comprimento de onda do corante AM foi realizada a
varredura na faixa espectral de 190 - 1100 nm, por espectrofotometria na região
visível. A Figura 1 representa o percentual de remoção da cor, COT e DQO do
corante AM em meio neutro e alcalino (pH = 10). Segundo Oliveira et al. (2010),
a completa remoção da cor foi obtida decorrente do rompimento da ligação N=N do
grupo cromóforo “azo”, sendo os radicais hidroxilas, advindos da eletrólise da
água, os principais responsáveis pelo rompimento dessa ligação. A remoção da
cor, como percebe-se na figura 1, mostrou-se excelente, pois chegou a quase
100%. A cor é um parâmetro indispensável, pois a presença de corantes na água
reduz a penetração da luz, assim impedindo a fotossíntese da flora aquosa
(Cardoso, 2010). A DQO também ocorreu uma boa remoção, chegando a quase 80%. A
DQO é um parâmetro global utilizado como indicador do conteúdo orgânico de águas
residuárias e superficiais (Aquino et al., 2006). Já o COT foi obtido um
percentual de remoção muito baixo, não chegando sequer a 20% devido a formação
de intermediários bio-refratários de difícil eliminação pelo material
eletrocatalítico de Ti/Pt.
Percentual de remoção para COR, DQO e COT, para pH neutro (N) e alcalino (A).
Conclusões
O tratamento eletroquímico para remoção do corante AM em águas residuais, mostrou- se uma técnica aplicável, pois os resultados experimentais confirmam remoções da cor com quase 100%, DQO com quase 80%, porém o COT obteve uma baixa remoção. Com isso, conclui-se que o processo de oxidação eletroquímica é adequado para descoloração de águas residuais contendo o corante têxtil AM, bem como a matéria orgânica como foi comprovado com a DQO. Assim podendo esta técnica ser usada como pré-tratamento de efluente têxtil, contribuindo desta forma com a legislação ambiental.
Agradecimentos
A Capes pela bolsa Reuni e a indústria De Nora (Milão, Itália) por ter ofertado os eletrodos.
Referências
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LIMA, A.; GRACETTO, A.; BIONDO, C. E. G.; BATISTELA, V.; HIOKA, N.; SEVERINO, D.; MACHADO, A. E. H.; RODRIGUES, M. R.; OLIVEIRA, H. P. M. Efeito do Solvente sobre as Propriedades Espectroscópicas do Azul de Metileno. XI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação - Universidade do Vale do Paraíba, 2007.
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