ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Ambiental
Autores
Lobo, V. (UTFPR - TOLEDO) ; Frohlich, P.C. (UTFPR) ; Costa, S.I.G. (UTFPR) ; Bortolini, B.L. (UTFPR - TOLEDO)
Resumo
O gerenciamento de resíduos laboratoriais deve ser feito de maneira ambientalmente correta, pois envolve qualidade de trabalho e consciência ambiental. Assim sendo, este trabalho teve por objetivo diagnosticar e analisar as questões relacionadas aos resíduos laboratoriais, específicos de uma empresa de água para abastecimento público, propondo a gestão dos mesmos, para minimizar os impactos ambientais causados pelo descarte inadequado. Os resultados da implementação do PGR permitiu concluir que os procedimentos adotados podem ser viáveis para a empresa, desde que se tenha disponível espaço físico adequado para o tratamento dos resíduos e também uma equipe técnica especializada.
Palavras chaves
análise de água; gestão laboratorial; resíduos químicos
Introdução
O uso de produtos químicos é fundamental no desenvolvimento econômico global. Ao mesmo tempo, estes podem representar risco à saúde humana e ao meio ambiente se não forem manejados de maneira responsável (ABNT, 2009). Técnicas estão sendo desenvolvidas com os programas de gerenciamento, sendo possível tratar ou destruir esses resíduos de forma a minimizar os impactos ambientais (BARBOSA; GUADAGNIN, 2010). Porém, sabe-se que os atuantes desse segmento muitas vezes não receberam a formação adequada, visto que os PGR (Programas de Gerenciamento de Resíduos) começaram a ser implantados há pouco tempo. Os PGR devem existir em todo e qualquer laboratório gerador de resíduos, seja de pequeno ou grande porte, visto que qualquer atividade causa impactos (BENDASSOLLI, 2005a). O seu sucesso depende da atuação de todos colaboradores, devendo haver mudança de atitudes, atuação perene e metas reais. Este precisa ser bem equacionado, discutido e assimilado por todos envolvidos, adotando a regra de responsabilidade objetiva (JARDIM, 1998). Um gerenciamento de resíduos proporciona a uma empresa minimização de gastos com reagentes, preservando o meio ambiente; e também adequação da rotulagem de resíduos e reagentes, evitando-se acidentes e protegendo a saúde dos trabalhadores e de toda população (BARBOSA; GUADAGNIN, 2010). Assim sendo, o objetivo geral deste trabalho é desenvolver um programa de gestão de resíduos líquidos, gerados em análises de água, para empresas de abastecimento público, as quais fazem uso de kits comerciais em suas análises. Uma empresa de abastecimento de água para consumo humano trata recurso natural e distribuí-lo em condições saudáveis. Assim, espera-se que empresas desse ramo tenham o dever e a obrigação de tratar seus resíduos ou destiná-los a um tratamento
Material e métodos
O local de estudo foi um laboratório de controle de qualidade de água para consumo humano de porte pequeno, que é responsável pelo abastecimento de água municipal. A quantificação dos resíduos laboratoriais da unidade geradora (UG) foi feito através de pesquisas em relatórios mensais e para a qualificação foram observados os Manuais de Procedimentos e Fichas de Informação e Segurança de Produtos Químicos (FISPQ). A partir das FISPQ dos produtos, observou-se os constituintes perigosos presentes em cada kit, bem como as características principais, como: tóxico, corrosivo, inflamável, carcinógeno, mutagênico, etc. A segregação seguiu a proposta de Tavares e Bendassolli (2005) para o CENA/USP. Porém, adaptações foram realizadas, uma vez que o presente estudo foi focado a um laboratório de água e, portanto, os resíduos gerados serão sempre os mesmos, diferentemente de uma universidade que gera inúmeras correntes residuais. Os resíduos perigosos, antes de serem encaminhados a incineração, devem passar por um tratamento interno com a finalidade de diminuir sua periculosidade. Após esse tratamento primário, o rejeito é encaminhado à incineração ou a outro tratamento externo, e por fim, destinado ao aterro industrial ou outra disposição final adequada. Os resíduos foram armazenados em galões de polietileno de 5 a 20 litros, com o cuidado de não ultrapassar 75% do volume máximo. Para a rotulagem dos frascos contendo os resíduos, seguiu-se a Norma NBR 14.725-3 (ABNT, 2009). Esse rótulo foi totalmente preenchido para cada resíduos gerado, contendo o máximo de informações que possam auxiliar em caso de acidentes ou dúvidas.
Resultado e discussão
O laboratório em estudo realizava o descarte de resíduos na pia, encaminhado a uma fossa comum, podendo acarretar em danos ambientais. Por não dispor de espaço físico adequado para tratar seus resíduos, todas as etapas do PGR foram bem planejadas para permitir que o seu gerenciamento fosse viável para esta empresa.
Inicialmente foi realizado o controle de estoque mais rigoroso e prático, pois não existia, resultando em um grande estoque de produtos vencidos e inutilizáveis, os quais já tiveram um encaminhamento adequado. Novo controle contribuiu para a redução de gastos com a compra de reagentes desnecessários, além de prever medidas na estocagem de matéria-prima perigosa, incluindo: identificação adequada dos produtos, registro de comprar e perdas; controle do uso e validade dos produtos, armazenamento em instalações apropriadas e a disposição dos produtos no depósito, em função de suas incompatibilidades químicas. Os grupos de segregação são: soluções sem metais pesados, soluções contendo metais pesados, soluções ácidas e alcalinas, aminas e oxidantes (Quadro 1). Logo após a geração, o resíduo é segregado, acondicionado e rotulado, aguardando a coleta e incineração. O procedimento é seguido para todos os resíduos. Outro passo dado pela UG foi a aceitação, entendimento e implantação de um controle de saída dos resíduos, iniciado em maio de 2014, tornando os dados de volume de resíduos gerados mensal mais confiável e preciso. Mensalmente recolhe-se 21,5 L de resíduos (classificados em 6 grupos), o que é considerado baixo, os quais são recolhidos por uma prestadora de serviços, que coleta e incinera os mesmos.
O PGR implantado procurou obedecer a hierarquia da geração: prevenir ou minimizar a geração de resíduos, reaproveitá-los, tratá-los e dispô-los adequadamente.
Fluxograma de implantação do PGR em um laboratório municipal de abastecimento de água nas análises de água.
Classificação dos resíduos gerados na análise de água utilizando kits de reagentes.
Conclusões
Com um gerenciamento de resíduo bem planejado e executado, pode-se reduzir gastos com matéria-prima, minimizar impactos ambientais e à saúde dos trabalhadores. Contudo é necessário o comprometimento de todos os colaboradores para que o PGR tenha sucesso. O laboratório em estudo apenas destinava seus resíduos biológicos à coleta, e os líquidos não passavam por nenhum tipo de tratamento. Isso indicou a necessidade de realizar um PGR. Com a contratação de uma empresa certificada incineradora de resíduos, juntamente com a segregação implantada, conclui-se que o PGR pode ser uma realidade fácil.
Agradecimentos
à UTFPR.
Referências
ABNT. NBR 14.725: Ficha de informação de segurança de produtos químicos (FISPQ) – Conteúdo e ordem das seções. Rio de Janeiro, 2009.
_____. NBR 11.175: Incineração de resíduos perigosos – Padrões de desempenho. Rio de Janeiro, 1990.
BARBOSA, V. C., GUADAGNIN, M. R. Auditoria de prevenção e gerenciamento de resíduos químicos em laboratório de análise de água. VII Simpósio Internacional de Qualidade Ambiental, Porto Alegre, 2010.
BENDASSOLLI, J. A. Normas e Procedimentos para Implementação de um Programa de Gerenciamento de Resíduos Químicos. USP – CENA. Piracicaba – SP. 2005a.
HACH - FISPQ. Disponível em:<http://app.hach.com/msdsweb/customer_msds_request.asp>. Loveland, Colorado, 2014.
JARDIM, W. F. Gerenciamento de Resíduos Químicos em Laboratórios de Ensino e Pesquisa. Química Nova, Vol. 21, No 5, p 671-673, 1998.
MERCK MSDS. Disponível em:< http://www.merckmillipore.com.br/chemicals/msds-search/c_r_ab.s1O_d4AAAEl7otx3CaA>. Alemanha, 2014.