ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Ambiental
Autores
Samara da Silva Dias, K. (IF SERTÃO PERNAMBUCANO CAMPUS PETROLINA) ; Rangel de Araújo Medeiros, L. (UFCG) ; Rodrigues da Silva Neta, C. (IF SERTÃO PERNAMBUCANO CAMPUS PETROLINA) ; Jussara Santana Menezes, F. (UNIVASF) ; Tereza de Souza e Silva, P. (EMBRAPA SEMIÁRIDO)
Resumo
O presente trabalho teve por objetivo avaliar a possível contaminação da água subterrânea por 37 agrotóxicos aplicados em áreas de produção de cebola nos municípios de Sento Sé e Casa Nova, utilizando o índice de GUS. Esse índice baseia-se nas propriedades físico-químicas dos princípios ativos de cada agrotóxico, identificando aqueles com potencial risco de lixiviação para águas subterrâneas. Para realizar esse estudo, foi realizado o levantamento dos agrotóxicos que são aplicados nessa cultura e a partir dessa informação por meio das análises de risco, índice de GUS foi indicado o potencial risco de contaminação. Dentre os agrotóxicos utilizados, apenas 12 apresentam risco potencial de contaminação para a água subterrânea .
Palavras chaves
Índice de GUS; cebola; agrotóxicos
Introdução
Os estados da Bahia e Pernambuco juntos são o segundo maior produtor nacional de cebola, cultura produzida em sua maioria por agricultura familiar, merecendo destaque os municípios de Casa Nova e Sento Sé. A cebola é uma olerácea de importância na dieta humana, mas existe preocupação, pois é uma cultura demandante do uso de agrotóxicos. O uso desse insumo na agricultura tem causado preocupação em relação aos danos ambientais, pois podem comprometer principalmente a qualidade dos corpos hídricos (água superficiais e subterrâneas) e do solo. Existem métodos que são capazes de estimar o risco de contaminação pelos agrotóxicos nas matrizes ambientais, antes de se propor um plano de monitoramento. Na literatura, alguns índices são citados para avaliar o risco de contaminação por parte dos agrotóxicos. Os mais citados são: GUS (Groundwater Ubiquity Score) proposto por Gustafson (1989) para água subterrâneas, os critérios da EPA (Guidelineon Ecologicalriskassessment) pela agência ambiental americana (Cohen, 1995) e GOSS proposto por Goss (1992) para águas superficiais. Esses índices são reconhecidos e aceitos internacionalmente no Brasil, vários trabalhos já vem utilizando essas ferramentas para identificar os agrotóxicos com maior potencial de contaminação nas matrizes ambientais (ANDRADE et al., 2011; SPADOTTO, C. A., et. al., 2004). Nesse trabalho, foi utilizado o índice de GUS para avaliar o potencial risco de contaminação das águas subterrâneas pelos agrotóxicos aplicados na cultura da cebola. O Índice GUS (GroundwaterUbiquity Score), é um dos métodos de predição mais utilizados atualmente (LAVORENTI et al., 2003). Ele avalia o potencial de determinado composto ser lixiviado, atingindo águas subterrâneas.
Material e métodos
Por meio de um questionário foram identificados os agrotóxicos mais utilizados na produção de cebola dos municípios de Casa Nova e Sento Sé, em seguida realizado o diagnóstico do risco de contaminação dos recursos hídricos. A partir das informações obtidas, foi possível aplicar o índice de GUS, avaliando assim a possibilidade de contaminação dos recursos naturais. Para essa avaliação foram necessários os dados de solubilidade em água (Sw), constante de adsorção a carbono orgânico (Koc) e meia vida em solo (DT50) dos compostos estudados. Tais informações foram obtidas de bases de dados de agrotóxicos: Pesticide Properties Data Base (PPDB) e no Compêndio de defensivos agrícolas (ANDREI, 2009). Para análise de risco utilizou-se o índice de GUS (GroundWater Ubiquity Score), que permite avaliar a capacidade provável do risco de contaminação das águas subterrâneas. O índice de GUS avalia o potencial de determinado composto ser lixiviado atingindo águas subterrâneas e seu valor serve para identificar pesticidas que devem ser priorizados no monitoramento ambiental e é calculado pela equação (1). GUS = log (DT50 solo) x (4 – Log (Koc)). (1) A faixa de classificação desse índice é de acordo com sua tendência à lixiviação: GUS< 1,8- não sofre lixiviação; 1,8<GUS<2,8- faixa de transição e GUS> 2,8- provável lixiviação.
Resultado e discussão
Diversos agrotóxicos têm sido aplicados na cultura da cebola no Vale do São
Francisco. Por meio dos questionários foram constatados que diversos produtos
são utilizados no controle de pragas e doenças da cebola. O levantamento dos
agrotóxicos usados nas áreas produtoras de cebola resultou em uma lista de 37
princípios ativos de diferentes classes: (inseticidas, acaricida, bactericida,
fungicidas, herbicidas e reguladores vegetais), De acordo com os dados obtidos
no Pesticide Properties Data Base (PPDB) e no Compêndio de defensivos
agrícolas (ANDREI, 2009), verifica-se que, carbofurano, imidacloprido,
metalaxil, fenrimol e o tiametoxan apresentam provável lixiviação.
Azoxistrobina, bentazona, carbendazim, Metamidofós, Metomil, Triazofós, e
ciromazina apresentam faixa de transição. Abamectina, Acefato,
Acetamiprido, Beta Ciflutrina, Cipermetrina, Clorpirifós, Deltametrina,
Difenoconazole, Dimetoato, Endosulfan, Etridiazole, Ioxinil, Lambda cialotrina,
Mancozebe, Oxadiazona, Oxyfluorfen, Pendimetalina, Profenofós, Tebuconazole,
Tefluobenzuron, Tiofanato-metílico e Zetacipermetrina apresentam não sofre
lixiviação. Kasugamicina, Quizalofope-metilíco e Oxicloreto
de cobre não puderam ser avaliados por falta de total/parcial de informações nas
fontes consultadas. Para os agrotóxicos empregados na cultura da cebola,
observa-se baixo a moderado potencial de contaminação das águas subterrâneas por
meio da lixiviação dos agrotóxicos utilizados. Dos compostos utilizados por
estes produtores, 9,09% apresentam potencial de lixiviação, 15,15% são
moderadamente lixiviáveis (faixa de transição) e 57,7% dos compostos apresentam
potencial nulo de lixiviação, como pode ser visto na Figura 1.
NL - Não sofre lixiviação; PL- Provável lixiviação; ND- Não determinado; FT- Faixa de transição.
Conclusões
Portanto, a maioria dos compostos estudados não apresenta risco potencial de contaminação das águas subterrâneas por não serem lixiviáveis, devido as suas características que devem favorecer sua retenção no solo.Os classificados como potencialmente contaminantes das águas subterrâneas foram: carbofurano, imidacloprido, metalaxil, fenrimol e o tiametoxan. Os compostos classificados na faixa de transição de acordo com o índice GUS requerem estudos adicionais usando métodos mais detalhados. No entanto,podem ser considerados como não contaminantes de águas subterrâneas.
Agradecimentos
Projeto Chesf, Embrapa Semiárido
Referências
ANDRADE, A. S.; QUEIROZ, V. T. de. LIMA, D. T. de. DRUMOND, L. C. D. Análise de risco de contaminação de águas superficiais e subterrâneas por pesticidas em municípios do alto Paranaíba – MG. Quim. Nova, Vol. 34, No. 7, 1129-1135, 2011.
ANDREI, E. (Coord.). Compêndio de defensivos agrícolas. 8. ed. São Paulo: Andrei, 2009.
COHEN, S. Z.; WAUCHOPE, R. D.; KLEIN, A. W.; EADSFORTH, C. V.; GRANEY, R.; Pure Appl. Chem. 1995.
GUSTAFSON, D.I. Groundwater ubiquity score: a simple method for assessing pesticide leachability. Environmental Toxicology and Chemistry, v. 8, pp. 339-357. 1989.
PESTICIDE PROPERTIES DATABASE (PPDB). A to Z List of Pesticide Active Ingredients.University of Hertfordshire.Disponível em: http://sitem.herts.ac.uk/aeru/ppdb/en/index.htm. Acesso em: 10 Jun. 2014.
SPADOTTO, C. A., et. al,. Monitoramento do risco ambiental de agrotóxicos: princípios e recomendações -- Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente. -- (Embrapa Meio Ambiente. Documentos, 42). 2004.